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Meio Ambiente
Quinta - 31 de Março de 2005 às 21:47

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Pedaços de folhas, de pólens e até da caspa de seres humanos e animais representam uma porção considerável da poeira que existe na atmosfera, mas são ignorados pelos especialistas em clima, revelam pesquisadores alemães em um estudo publicado na edição de sexta-feira da revista Science.

Quinze anos de exaustivas medições feitas por eles resultaram em uma coleção de partículas de pêlos e pele de humanos e animais, fragmentos de plantas, pólen, esporos, bactérias, algas, fungos e vírus. Essas partículas têm o tamanho e o formato ideais para se transformarem no núcleo de cristais de gelo, que por sua vez formam as nuvens e a chuva, o que pode afetar o clima.

Ao todo, este tipo de poeira pode representar até 25% dos chamados aerossóis, partículas na atmosfera que afetam a poluição e a formação de nuvens e que podem refletir ou absorver a radiação solar, de acordo com o cientista Ruprecht Jaenicke, da Universidade de Mogúncia. "Recolhemos as partículas, todas as partículas do ar", disse Jaenicke em entrevista. Sua equipe colheu amostras em campi universitários, no remoto lago Baikal (Rússia), na Amazônia, na Antártida, nos Alpes suíços e nos núcleos de gelo da Groenlândia. "Olhamos dentro da chuva. Realizamos medições a partir de aviões", explicou ele.

A próxima etapa foi usar microscópios e reações químicas para identificar material biológico morto. "Contamos todas as partículas e determinamos seu tamanho", disse o cientista.

A equipe descobriu que, em média, entre 20% e 25% do material particulado recolhido era de origem biológica, era 15% nos Alpes e até 80% na Amazônia e no lago Baikal durante o outono. Trata-se de um número significativo, porque especialistas em clima admitem que até 40% de todos os aerossóis não são identificados, e os modelos para estudar o clima não levam em conta totalmente o efeito dos aerossóis, segundo Jaenicke.

Outras fontes conhecidas de aerossóis são a poluição por enxofre, gases e poeira das indústrias, fumaça de incêndios e partículas expelidas por vulcões.

Embora não esteja afirmando que a caspa afeta o aquecimento global, Jaenicke disse que também fez testes que demonstraram que tais partículas podem facilmente afetar a formação de nuvens. "Para formar nuvens é necessário haver água e partículas", disse ele. "Cada partícula é um núcleo. Para formar chuva, é preciso certos núcleos de gelo que transformam uma gotícula em um cristal de gelo", explicou ele. Esses cristais, quando se chocam, formam as gotas de chuva.

A equipe de Janicke não conseguiu definir quanto da poeira biológica é formado por pólen e quanto é caspa de verdade. "Este material é relativamente baixo em densidade," afirmou ele, acrescentando que, mesmo sendo tão pequenas, as partículas podem viajar muito longe, são mais leves que a poeira do deserto, capaz de ser levada pelo vento através de oceanos. "Elas se distribuem facilmente pelo mundo."

Jaenicke disse que outros especialistas deveriam estudar também os componentes dos aerossóis, para que a ciência possa criar modelos mais precisos para prever mudanças do clima e das temperaturas.




Fonte: Reuters

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