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Politica Brasil
Terça - 29 de Março de 2005 às 18:31
Por: João Carlos Caldeira

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São 13:00 horas de Quarta-feira, dia 24 de Março. Logo após o almoço, reviso minha agenda para o período vespertino.

Dentre os compromissos, o mais importante é o das 17:30. Minha mulher está grávida e faremos o primeiro exame de ultra-sonografia, para ver como está o bebê.

Resolvo algumas pendências financeiras e vamos ao médico. São 17 horas! Após o exame, ficamos mais aliviados sabendo que o embrião está em boa posição e crescendo saudável e que dentre em breve, realizarei meu sonho de ser pai.

Fomos então à missa das 19 horas, na Igreja Mães dos Homens, no centro de Cuiabá, para agradecer a graça e a benção de uma nova vida que se aproxima em sua plenitude.

Por volta das 20 horas, resolvemos ir ao cinema, ver um filme infantil. Saímos as 22:30 em direção à nossa residência. Desativo o alarme, abro o portão eletrônico e minha mulher entra rapidamente em casa (como nunca fizera antes).

Antes que o portão se fechasse, vi pelo retrovisor da minha pick-up, que uma pessoa entrou agachada dentro da garagem. Senti um arrepio de medo e já sabia o que me aguardava: um assalto à mão armada.

Rapidamente, outro marginal entrou pelo outro lado, me domina e me joga para o banco traseiro. Um ao volante e o outro com a arma apontada para minha cabeça.

Minha mulher, apavorada, viu a cena da janela depois que eu acionei a buzina do carro (reação espontânea perigosa), correu para trancar a porta do quarto e acionar a polícia.

Pediram para que eu ficasse abaixado atrás do banco, abrisse o portão da garagem e ficasse quieto, com as ameaças de praxe: ¨quieto se não estouro seus miolos¨; ¨não olhe pra mim¨; ¨se você facilitar você vive, só queremos fugir¨, etc... Imaginei, num primeiro momento, que fosse um assalto relâmpago, daqueles que correm os caixas eletrônicos para sacar dinheiro, mas não era o caso. As 23:10, após uns 10 minutos sob a mira de um 38 cano longo, fui solto numa rua de terra abandonada, próxima a Avenida dos Trabalhadores.

Tive que pular a janela traseira do veículo, pois não conseguiram destravar as portas. Levaram a pick-up (alvo central do assalto), um celular, um relógio, dez reais e o mais importante, a paz e a segurança, minha e de minha mulher.

Por volta das 23:30 já estava de volta a casa, com minha mulher aos prantos, achando que tinham me assassinado, com a solidariedade dos amigos e vizinhos e com uma viatura da polícia em frente à residência.

A ocorrência policial foi feita as 00:20, na Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos, em frente ao Detran.

Tomadas todas as providências práticas e racionais, já são 1:30 da madrugada. Resta-nos apenas a sensação de impotência diante da violência, o medo de ter sua residência violada e a sensação de que a paz e a segurança que tanto precisamos para viver não é duradoura, nem permanente.

Já são mais de 2:00 horas da madrugada e depois de várias orações, agradecendo a Deus pela vida e pelo bem estar, estamos eu e minha mulher, com insônia, abraçados, um protegendo o outro, esperando que o dia seguinte apareça com toda sua força, que o sol brilhe mais forte e que o novo dia nos traga esperança de qualidade de vida, de paz e tranqüilidade na cidade que nos acolheu e que escolhemos para viver.

João Carlos Caldeira Empresário, jornalista, professor. E-mail: joaocmc@terra.com.br





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