A conclusão deles é que, desde 1992, o derretimento nessas regiões elevou os oceanos em cerca de 11,1 milímetros. Segundo os autores, dois terços da água vieram da Groenlândia, e o restante, da Antártica.
A pesquisa será publicada na próxima edição da revista “Science”, nesta sexta-feira (30). Os dados se enquadram na da previsão do relatório do o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), de 2007, mas esta era tão ampla que sequer permitia saber com certeza se a Antártica estava perdendo ou ganhando gelo.
Segundo os autores, o novo levantamento é duas vezes mais preciso do que a informação de que se dispunha antes. “Nossas estimativas de perda de geleiras são as mais confiáveis até agora. Elas encerram 20 anos de incerteza em relação às mudanças na massa das camadas de gelo da Antártica e da Groenlândia, e sua intenção é virarem os dados de referência para os cientistas do clima a partir de agora”, afirmou a jornalistas o professor da Universidade de Leeds, na Inglaterra, Andrew Shepherd.
O estudo ainda aponta que a taxa combinada de derretimento da camada de gelo aumentou com o tempo e, juntas, Groenlândia e Antártica agora perdem mais de três vezes a quantidade de gelo que perdiam na década de 1990.
O professor Erik Ivins, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês), um dos coordenadores do levantamento, aponta que “a taxa de perda de gelo na Groenlândia aumentou quase cinco vezes desde meados dos anos 1990. Em contraste, enquanto as mudanças regionais no gelo antártico ao longo do tempo são surpreendentes, o balanço geral permaneceu relativamente constante – ao menos dentro da certeza proporcionada pelas medidas de satélite que temos à mão”.
Imagem divulgada por um dos pesquisadores mostra corredeira no meio de calota polar na Groenlândia em 4 de julho deste ano (Foto: Ian Joughin/AP)
Padronização
De acordo como glaciologista brasileiro Jefferson Simões, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera, que não participou do trabalho, mas acompanha as pesquisas na área, a metodologia desenvolvida pelos cientistas ajuda a reestruturar e padronizar as medidas referentes ao degelo global.
“Nós temos claramente sinais de degelo acelerado no sul da Groenlândia, norte da Península antártica e nas montanhas pelo mundo. O serviço de monitoramento das geleiras funciona há 160 anos e percebemos um processo de derretimento acelerado nos últimos 20 anos”, explica.
Segundo ele, a grande questão a partir de agora é descobrir se o limite máximo de elevação do nível do mar até 2100 é mesmo de um metro, conforme previsão feita pelo IPCC, ou se pode superar essa medida.
Desde a última segunda-feira (26), representantes de mais de 190 países estão reunidos no Qatar para a Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP 18), para discutir como será possível reduzir as emissões de gases-estufa que elevam as temperaturas do planeta.
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