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Meio Ambiente
Quinta - 24 de Março de 2005 às 23:59

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O relatório de uma comissão parlamentar britânica, que propõe deixar os candidatos a fertilização in vitro escolher o sexo de seus filhos, gerou uma grande polêmica na Grã-Bretanha, provocando críticas de parlamentares e das igrejas Anglicana e Católica. O documento foi publicado na quinta-feira pelo Comitê da Ciência e Tecnologia da Câmara dos Comuns e apelidado de "Frankestein" por alguns deputados.

A proposta gerou uma polêmica tal que cinco dos dez membros que compõem o comitê, que debateu o tema durante um ano, se recusaram a assinar o documento.

Segundo o relatório, não há argumentos conclusivos para proibir que os casais elejam se querem ter um menino ou uma menina, caso considerem necessário "para que haja um equilíbrio" na família.

O deputado conservador Bob Spink e os trabalhistas Paul Farrelly, Kate Hoey, Tony McWalter e Geraldine Smith, membros da comissão parlamentar, afirmaram que o relatório é "desequilibrado" e que "ignora a dignidade da vida humana".

O "relatório Frankenstein" abre o caminho "para uma seleção de sexo" similar à existente na China e na Índia, afirmou Geraldine Smith. Mas o secretário da comissão, o doutor Ian Gibson, afirmou que não há motivos para proibir que os pais possam escolher o sexo dos bebês e que não há argumentos que indiquem que esse processo teria impacto social na Grã-Bretanha.

Ele argumentou que a prática poderia ser um risco em países como a China, onde o aborto seletivo de meninas é uma prática freqüente, mas na Grã-Bretanha não há indícios de que pudesse ocorrer uma situação semelhante.

O texto, que se insere nos planos do governo de Tony Blair de reforma da lei de reprodução assistida, que data de 1990, recomenda que médicos e pacientes possam tomar mais decisões sobre tratamentos de fertilidade.

Cerca de 2% dos bebês nascidos na Grã-Bretanha são concebidos com a ajuda de técnicas de reprodução assistida. O comitê se declarou, ainda, a favor da supressão da atual Autoridade sobre Embriologia e Fertilização humana.

O departamento de Saúde declarou que até agora não tem planos para mudar suas regulamentações sobre a escolha do sexo dos bebês, exceto por razões médicas.

A Igreja Anglicana afirmou que "a seleção do sexo por razões sociais teria sérias conseqüências para a sociedade e para as famílias" e avisou que se oporá fortemente a "qualquer proposta que tenda a considerar a criança como um artigo de consumo".

A Igreja Católica, por sua vez, se declarou "seriamente alarmada" com o relatório da comissão parlamentar, afirmando que apóia os comentários dos membros da comissão que expressaram seu repúdio ao documento.

Em uma declaração, o cardeal Cormac Murphy-OConnor, arcebispo de Westminster, disse que o relatório revela uma "falta de consciência de que se está tratando do respeito à vida humana" e convocou o "debate e a reflexão nacional" sobre o caráter sagrado da vida humana.





Fonte: AFP

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