Chuva faz desabrigados e estragos

Um princípio de caos foi instalado ontem em Cuiabá, banhada com a maior chuva do ano. A precipitação evidenciou defeitos estruturais da cidade, impactou quase toda a sua população e levou o Corpo e Bombeiros a atender 70 ocorrências de inundações, em vários bairros, até o início da tarde. Cerca de 60 pessoas ficaram desabrigadas, diques foram arrebentados e, em alguns bairros, todas as as ruas tiveram rachaduras de mais de metro.

Para avaliar a extensão do dano e apontar alternativas para minimizar o problema o prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, se reuniu no início da tarde com parte de seu secretariado. A equipe entende, porém, que a situação está sob controle e que não será necessário decretar situação de emergência. Mas, a Defesa Civil da Capital ficará em alerta até o final da semana.

De manhã, o prefeito visitou oito bairros e determinou que os 60 desabrigados do São Mateus fossem transferidos provisoriamente para o ginásio da Lixeira. As famílias tiveram seus barracos destruídos e agora a prefeitura checará com o Estado se há possibilidade deste fazer a cessão de 11 casas populares.

"No São Mateus foi o único lugar que interferimos. Lá tinha três situações adversas juntas: proximidade do esgoto, área de risco de inundação e estrutura de moradia frágil. Tinha idoso, criança e grávida. A possibilidade de alguém se ferir era maior", informou o coordenador da Defesa Civil municipal, Oscar dos Santos.

Santos afirma que o grande impacto causado pela chuva de ontem está diretamente relacionado com a estrutura precária de escoamento de água da cidade.

A precipitação não teria afetado apenas os ribeirinhos e moradores de áreas de risco de inundação, que somam cerca de três mil pessoas, mas, a cidade inteira.

O secretário adjunto de infra-estrutura, Francisco Silvério, lembra de um ponto crítico, onde não há estrutura de escoamento e que ficou intransitável por algumas horas de manhã. "A Beira Rio, numa extensão de 800 metros, não tem manilhamento e nem bocas de lobo. A água não tem para onde correr e tudo alaga. Ali cresceu muito e a obra, que é de cerca de 15 anos, não foi projetada para tanto", afirma.

Silvério informa que duas obras de alto impacto foram construídas na região, a Universidade de Cuiabá (Unic) e a Cândido Rondon. A secretaria, no entanto, já tem projeto, de R$ 500 mil, aprovado para reformar o lugar.