Torben Grael pede lei pelo fim do continuísmo

O principal atleta olímpico brasileiro quer concentrar esforços para mudar a legislação esportiva do país. O velejador Torben Grael, dono de cinco medalhas olímpicas, sendo duas de ouro, defende que presidentes de federações e confederações só possam se reeleger uma vez, assim como nos cargos do Poder Executivo do Brasil.

"Nós, os atletas, precisamos nos unir para evitar "presidentes eternos". Se para o presidente da República é assim, por que no esporte seria diferente?", declarou Torben, que há meses vem criticando a direção da Federação Brasileira de Vela e Motor (FBVM), há 14 anos no poder.

Segundo Torben, a limitação a uma reeleição traria benefícios e transparência ao esporte brasileiro. "Se a administração for boa, o candidato impedido de disputar conseguiria facilmente eleger alguém de sua base", disse ele.

O velejador não teme uma punição pelas críticas. Na terça-feira, o presidente da entidade, Walcles Osório, afirmou que todos os atletas que acusaram a federação prestarão esclarecimentos a um comitê disciplinar.

"Só disse que falta transparência e critiquei os 14 anos no poder. Vai ser bom ir ao comitê, pois não estou acostumado a ser ouvido pela FBVM", encerrou Torben.

Perda de patrocínio

Torben Grael rebateu à acusação da FBVM de que a Petrobras retirou o patrocínio à equipe permanente de vela porque os atletas pediram um aumento muito grande para a renovação. O velejador, representante dos atletas ao lado de Robert Scheidt, culpou a própria federação.

"Pedimos um reajuste, que não era grande como se falou. O aumento é justo, pois tivemos bons resultados e a Petrobras teve um ótimo retorno. O negócio não foi à frente porque a FBVM pediu para receber uma parte do valor, algo que não acontecia", disse Torben.

Pelo antigo acordo, a estatal patrocinava apenas a equipe permanente e não a FBVM. O dinheiro ia diretamente para os atletas. O presidente da entidade, Walcles Osório, não foi encontrado para comentar o caso.