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Economia
Quinta - 17 de Março de 2005 às 08:11

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O setor industrial criticou a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de elevar pela sétima vez o juro básico da economia e mostrou preocupação com a disseminação de um "falso consenso" no mercado sobre a eficácia das altas dos juros.

O Copom anunciou hoje aumento de 0,5 ponto percentual no o juro, de 18,75% para 19,25% ao ano.

A CNI [Confederação Nacional da Indústria] está preocupada com a disseminação de um falso consenso: o de que o aperto monetário seja a única e necessária reação a eventuais pressões inflacionárias", divulgou a confederação em nota.

Para a CNI, a questão fiscal deve somar-se, imediatamente, à política de combate à inflação, com a adequação dos gastos públicos.

"É esse o caminho a seguir de modo a não se reverter a rota de crescimento da economia delineada em 2004."

Segundo a confederação, "os juros elevados por um longo período, como tem sido sinalizado pelo Banco Central, em um ambiente de inflação estável, ainda que superior à meta, irá ocasionar um aumento do custo do dinheiro com implicações negativas para a atividade produtiva".

"A política restritiva, com certeza, irá provocar efeitos redutores sobre o ritmo de crescimento da economia em geral e, em especial, da atividade industrial, segmento bastante sensível às oscilações da política macroeconômica."

Segundo a confederação, a demanda interna, principalmente o investimento e os bens de consumo duráveis, segmentos mais dependentes das condições de custo do capital, já se ressentem da "contínua" elevação dos juros.

"É imprescindível compreender que há limites à política monetária em seu combate à inflação. Como uma parcela significativa dos preços segue regras de reajustes que independem do ritmo da atividade, caso dos contratos indexados, cerca de 40% da taxa de inflação não é afetada diretamente pela política monetária."

Ciesp

Na avaliação do diretor-adjunto do Departamento de Economia do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), "a questão da taxa de juros no Brasil tornou-se uma profecia auto-realizável".

"Na verdade, o mercado prevê a sua tendência e prontamente ela se torna um falso consenso", afirmou Lacerda.

Para ele, o novo aumento na taxa "coloca o juro real brasileiro próximo ao patamar de 13% ao ano, o que apenas reforça a posição de país campeão em juros, longe do segundo colocado".

"No cenário internacional, que contempla taxas de juros reais extremamente baixas e em alguns casos negativas, os juros não são um obstáculo ao crescimento como no Brasil", divulgou.

O diretor do Fiesp ressalta ainda que a elevação continuada da taxa tem impactos negativos sobre a atividade produtiva, os investimentos e o custo de financiamento da dívida pública, além de provocar uma valorização artificial da taxa de câmbio.

"O resultado disso é a desaceleração do crescimento econômico num país que precisa crescer pelo menos 5% ao ano de forma continuada para gerar emprego e renda."





Fonte: 24Horas News

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