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Cultura
Terça - 15 de Março de 2005 às 18:10

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Uma editora de Munique anunciou o fim de "um dos maiores mistérios do Terceiro Reich" com um livro do historiador Rainer Karlsch que chegou às livrarias alemãs ontem, segunda-feira, com a promessa de revelar que Adolf Hitler esteve perto de desenvolver a bomba atômica.

Ou pelo menos muito mais próximo do que se acreditava até agora, já que, depois que a guerra terminou, os aliados ocuparam os laboratórios dos físicos nazistas e interrogaram os mais importantes deles, Werner Heisenberg e Carl Friedrich von Weizsaecker, que pareceram deixar claro que Hitler estava muito longe de poder usar uma bomba atômica.

Em 6 de agosto de 1945, quando uma bomba atômica americana destruiu a cidade japonesa de Hiroxima, Heisenberg e von Weizsaecker garantiram que nunca tinham construído algo semelhante para Hitler e que, desde 1942, atrasaram os projetos existentes.

Se o que é contado por Karlsch em "Hitlers Bombe" for correto, seria preciso reescrever a história dos nazistas e da "superbomba", pois o historiador garante que foram feitos três testes nucleares com "granadas atômicas", que teriam matado cerca de 500 pessoas entre prisioneiros de guerra e de campos de concentração.

Um dos testes teria acontecido no final da guerra, no outono de 1944, na ilha báltica de Rügen, enquanto os outros teriam sido realizados em março de 1945, na Turíngia, perto do campo de concentração de Buchenwald.

Em quatro anos de pesquisa, Karlsch entrevistou testemunhas, estudou imagens aéreas e mandou analisar mostras de solo dos locais "suspeitos", para provar que os experimentos foram realizados.

Os testes nucleares citados por Karlsch não teriam sido dirigidos pelos célebres Heisenberg e von Weizsaecker. Outros cientistas - Erich Schumann, Kurt Diebner e Walther Gerlach, hoje praticamente desconhecidos -, teriam seguido seu próprio caminho para desenvolver uma "mini-bomba" termonuclear.

Além disso, Karlsch sustenta que o primeiro reator nuclear nazista estava pronto no início de 1945, nos arredores de Berlim.

Segundo ele, já em 1941 físicos do Terceiro Reich teriam formulado uma patente para uma bomba de plutônio.

O que chama a atenção é o fato de a editora Deutsche Verlags-Anstalt ter abandonado sua habitual discrição para anunciar a publicação do livro, que teria "resultados sensacionais da mais recente pesquisa histórica".

No entanto, levando em consideração as primeiras resenhas do livro, o tiro pode ter saído pela culatra.

O jornal Der Spiegel, por exemplo, chegou a dizer em seu último exemplar semanal que o único problema do livro é que o historiador "não pode demonstrar suas teses espetaculares".

Segundo o Der Spiegel, as testemunhas citadas por Karlsch não são críveis ou não presenciaram o que contam. Além disso, os "supostos documentos chave" apresentados podem ser interpretados de diferentes formas e as medições feitas pelo historiador nos locais dos testes não são concludentes.

No entanto, Karlsch insiste que seguramente não houve um plano mestre para desenvolver uma bomba atômica alemã. "No entanto, é certo que os alemães foram os primeiros a produzir energia atômica e, depois dos testes bem-sucedidos, tiveram um arma nuclear tática".

"Não entendo as acusações de que tudo isso já era conhecido", disse hoje Karlsch, na apresentação do livro, defendendo como novidade absoluta as afirmações de sua publicação de que os nazistas chegaram a desenvolver uma bomba de hidrogênio.

Um dos documentos mais interessantes descobertos por Karlsch em arquivos russos é o manuscrito de um discurso que estava perdido e que foi feito pelo ministro de Armamento de Hitler, o arquiteto Albert Speer, em junho de 1942.

Speer discursou em uma conferência na qual participaram Heisenberg e outros físicos. "Não parece que possamos descartar que um dia puderam ser produzidos explosivos cuja efetividade superará em milhões de vezes os que conhecemos", disse.

O livro de Karlsch é escrito em um estilo informativo, apresenta várias explicações científicas e não se aprofunda em um elemento essencial da história da "superbomba" de Hitler, seu caráter de mito de propaganda para manter a moral em uma guerra perdida desde a batalha de Stalingrado, em 1943.

O autor abre seu trabalho com uma citação a von Weizsaecker: "A História é algo que, no fundo, talvez só possa ser escrita muito tempo depois dos fatos e quando todos os que possam ter um interesse atual nela já morreram".





Fonte: EFE

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