Polícia impede nova fuga na Febem do Tatuapé

Niza Souza - O Complexo da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem) do Tatuapé, na zona leste de São Paulo, não suspendeu as visitas neste domingo, mesmo depois da fuga ocorrida nesta madrugada. Porém, o clima só foi tranqüilo durante o período em que as famílias estavam no local. Às 17 horas, um grupo de adolescentes da unidade 16 tentou novamente fugir. Eles correram pelo pátio e conseguiram chegar até o portão principal. O grupo ameaçou pular, mas foi rapidamente cercado pela Polícia Militar. Em menos de 15 minutos, a situação foi controlada e os adolescentes, levados de volta para a unidade.

A dona de casa Cleuza de Jesus Catarina saiu aliviada na tarde de hoje (13) da unidade 12, onde o filho de 18 anos está internado há sete meses. Foi a primeira vez que ela o viu desde a fuga de quinta-feira. "O clima lá dentro está calmo, os funcionários e os meninos estão bem tranqüilos", disse a dona de casa.

Mas não é a mesma impressão que têm os vizinhos. O maior desejo de quem mora na região é que o complexo seja desativado. "Já tentamos vender nossa casa e, mesmo desvalorizada, não conseguimos", conta o casal Joaquim Augusto e Maria Lúcia Janela. A casa é cercada por grades, como a maioria da Rua Engenheiro Andrade Júnior. A rua fica a 100 metros do portão 2 do Complexo e é usada como rota de fuga dos adolescentes que conseguem escapar.

Mas o clima nem sempre foi de medo. "Antigamente, não era assim. A situação piorou nos últimos anos e ficou insuportável no ano passado", desabafou Joaquim Augusto. Eles moram no local há 18 anos. "Acordamos freqüentemente de madrugada com o barulho dos garotos fugindo, dos helicópteros e carros da polícia", afirmou Maria Augusta.

Difícil também tem sido a rotina da dona de casa Delma Souza da Silva. Ela mora na Avenida Celso Garcia, na frente do portão 2 do complexo. Sempre em estado de alerta, precisa ensinar os dois filhos de 8 e 11 anos a conviver com o risco. "Mudei há um mês e já vi várias fugas", comenta.