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Cultura
Quarta - 09 de Março de 2005 às 22:55
Por: Fernão Silveira

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O diretor britânico Bob Smeaton descreve o documentário musical Festival Express, que abre o Vivo Open Air 2005 em São Paulo, nesta sexta-feira, como um registro fiel da transição cultural vivida pela geração que vibrou em Woodstock.

Em entrevista por telefone ao Terra, de Londres, Smeaton contou o trabalhoso processo de montagem do documentário e deu sua visão do resultado final. "O filme mostra como as coisas mudaram. A música não seria mais o que as bandas e os fãs daquela época sonhavam."

Trem do rock

O filme retrata a inusitada turnê pelo Canadá feita no verão de 1970 por artistas do calibre de Janis Joplin, The Grateful Dead, The Band e Buddy Guy. Os astros viajaram de trem por cinco dias, cruzando o país, de Toronto a Winnipeg, para promover grandes shows nas maiores cidades do trajeto.

Além de boa música, o documentário mostra os percalços enfrentados para tornar possível a realização dos festivais e vários aspectos de bastidores aos quais o público não teve acesso àquela época - inclusive tocantes aos artistas.

Para Smeaton, que se tornou um especialista em filmes sobre música, Festival Express mostra muito da visão dos artistas envolvidos na viagem. Diferente do clássico Woodstock, de acordo com o diretor, que percebe neste registro uma ênfase maior na visão do público.

Bob Smeaton destaca que Festival Express carrega consigo marcas profundas das mudanças que a "geração paz e amor" estava enfrentado na época. "Os sonhos já não funcionavam e as drogas surgiam como solução", aponta o diretor. "E mais: Woodstock tinha entrada gratuita, enquanto os shows do Festival Express tinham ingressos pagos. O público não queria pagar para ver aqueles artistas", acrescenta.

Quebra-cabeça

Montar o documentário foi como desbravar um verdadeiro quebra-cabeça, segundo descrição de Smeaton. O processo de edição das imagens e finalização do filme durou cerca de 18 meses e exigiu um vasto trabalho de pesquisas e entrevistas.

As fitas de vídeo e áudio gravadas na turnê estavam abandonadas num armazém no Canadá. Até que o canadense G.Douglas encontrou-as, em meados de 2000 - 30 anos após o registro original. A falta de dinheiro e o desinteresse dos produtores da época acabaram por relegar as gravações ao esquecimento quase completo.

Graças a seus trabalhos sobre bandas como The Beatles, The Who, Jimi Hendrix Experience e Pink Floyd, Bob Smeaton logo foi lembrado para tocar o projeto e transformar as cenas e áudios desconexos em Festival Express.

"Foi como montar um quebra-cabeça sem ter o exemplo de como seria o jogo montado", explica Smeaton, que teve de mergulhar na época do festival para poder finalizar o projeto.

O diretor foi atrás de músicos das bandas, jornalistas da época e espectadores que compareceram aos shows para poder terminar seu "quebra-cabeça" e, finalmente, dar vida a Festival Express.

"Por exemplo, havia cenas de Janis Joplin cantando uma determinada música e dois ou três registros de áudio da mesma canção, mas feitas em locais diferentes. Daí nós tivemos de combinar a imagem certa com o áudio certo", descreve Smeaton, que afirma ter chegado a levar três ou quatro dias para finalizar apenas uma música.

Fã dos grandes ícones musicais dos anos de 1960 e 1970, Smeaton também procurou inspiração em clássicos como Monterey Pop, Gimme Shelter e Woodstock para conseguir montar Festival Express. "Eu queria ver como os filmes sobre rock eram feitos naquela época."

Em cartaz

O público de São Paulo terá a oportunidade de conferir Festival Express na abertura do Vivo Open Air 2005, nesta sexta-feira, a partir das 21h, no Jockey Clube.

Os ingressos para o evento custam R$ 36. Estudantes e maiores de 60 anos pagam metade.





Fonte: Terra

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