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Façam o que eu digo...
Vai uma espécie de compensação para quem continua apontando o Brasil como exemplo de dicotomia entre ética e prática, pois aqui é costume dizer uma coisa e fazer outra. Semana passada, o mundo inteiro fez coro com os Estados Unidos, na exigência de que a Síria retire suas tropas do Líbano. Rússia, França, Inglaterra, Alemanha e até Arábia Saudita pronunciaram-se pela imediata saída dos soldados sírios do território libanês. Nada mais justo. É execrável essa história de uma nação ocupar militarmente e permanecer oprimindo outra.
A farsa, porém, revela-se a seguir. Se é para retirar tropas invasoras, deveriam esses países acrescentar um adendo: que os Estados Unidos retirem imediatamente seus soldados do Iraque. E do Afeganistão, do Japão, da Coréia do Sul, da Turquia, da Alemanha, de Songa-Monga... Por que seria cômico se não fosse trágico assistir a vetustos ministros e altos funcionários de todos os governos, até presidentes e primeiros-ministros, solidarizando-se com a imposição do governo de Washington sem atentar para o fato de que as armas americanas ocupam meio mundo sem outros protestos que aqueles dos povos ocupados. E, mesmo assim, nem todos, já que o perigo de represálias é grande. Podemos concluir que a farsa é universal.
Nem em 30 anos Denúncia contundente foi feita pelo líder do PSDB no Senado, Artur Virgílio. Da tribuna ele anunciou estar enviando requerimento de informações ao Palácio do Planalto para saber quantos grupos de trabalho, comitês, câmaras especiais e forças-tarefa o governo criou desde a posse de Lula, envolvendo temas de toda ordem e reunindo representantes de oito, nove ou mais ministérios.
Para o líder tucano, só subordinados à Casa Civil são 210 esses instrumentos excepcionais. À exceção dos sábados, domingos e feriados, se o ministro José Dirceu fosse reunir todos, isoladamente, não poderia dar a cada um mais do que um dia por ano. Nem em trinta anos chegar-se-ia a lugar algum.
Fora da alçada da Casa Civil funcionam pelo menos 210... Existem grupos de trabalho para tudo: desde a ocupação ilegal de terras na Amazônia ao aumento da violência nas grandes cidades, às dificuldades para a exportação do aço e do suco de laranja, mas também para investigar por que o número de bolachas diminuiu por pacote ou por que as sardinhas vendidas em lata não são verdadeiras.
Artur Virgílio pergunta quanto custam aos cofres públicos essas ações. E que resultados fluíram delas, que propostas foram feitas e que decisões o governo tomou?
Capital doente Brasília faz 45 anos em 21 de abril. O senador Cristovam Buarque aproveitou a oportunidade para um diagnóstico atemorizante, porque, para ele, Brasília é uma capital doente. Epidemias de toda ordem assolam a capital federal, a começar pela antavirose, que se supunha extinta no continente americano.
Outro mal que nos assola, para ele, é o crescimento desordenado de Brasília, que uma política negligente vem criando. Hoje, a cidade é habitada por três milhões, é a terceira maior região metropolitana e está eivada de favelas. Os transportes públicos são geridos em conivência com a contravenção e o programa "Paz no Trânsito" foi substituído pelo caos no trânsito. A educação também se encontra doente, tendo em vista a necessidade de filas que se formam pela madrugada, ocupadas por familiares sequiosos de matricular seus filhos nas escolas públicas.
Mais do que uma doença, a segurança pública é uma tragédia, a ponto de o Departamento de Estado, nos Estados Unidos, recomendar que turistas americanos evitem a capital brasileira. A cada 14 horas acontece um seqüestro. A grilagem de terras públicas também choca, para não falar no desemprego, conclui Cristovam, para quem teremos poucos motivos de comemoração, no próximo aniversário.
A reforma, enfim Se Lula não tiver mudado de idéia, a reforma do ministério começa nas próximas horas. Alguns ministros do PT devem sair, mas quais? Marina Silva, do Meio Ambiente, que discorda de quase tudo o que o governo sustenta? Miguel Rosseto, da Reforma Agrária, que protestou publicamente contra os cortes orçamentários destinados à desapropriação de terras? Gilberto Gil, da Cultura, que mesmo desmentindo também não se conformou com os cortes? Olívio Dutra, das Cidades, impossibilitado de atuar por falta de recursos? Ricardo Berzoini, do Trabalho, adversário feroz da reforma trabalhista que a equipe econômica insiste em impor? Tarso Genro, da Educação, cuja revolucionária reforma do ensino desperta a ira das universidades privadas?
Carlos Chagas é jornalista.
A farsa, porém, revela-se a seguir. Se é para retirar tropas invasoras, deveriam esses países acrescentar um adendo: que os Estados Unidos retirem imediatamente seus soldados do Iraque. E do Afeganistão, do Japão, da Coréia do Sul, da Turquia, da Alemanha, de Songa-Monga... Por que seria cômico se não fosse trágico assistir a vetustos ministros e altos funcionários de todos os governos, até presidentes e primeiros-ministros, solidarizando-se com a imposição do governo de Washington sem atentar para o fato de que as armas americanas ocupam meio mundo sem outros protestos que aqueles dos povos ocupados. E, mesmo assim, nem todos, já que o perigo de represálias é grande. Podemos concluir que a farsa é universal.
Nem em 30 anos Denúncia contundente foi feita pelo líder do PSDB no Senado, Artur Virgílio. Da tribuna ele anunciou estar enviando requerimento de informações ao Palácio do Planalto para saber quantos grupos de trabalho, comitês, câmaras especiais e forças-tarefa o governo criou desde a posse de Lula, envolvendo temas de toda ordem e reunindo representantes de oito, nove ou mais ministérios.
Para o líder tucano, só subordinados à Casa Civil são 210 esses instrumentos excepcionais. À exceção dos sábados, domingos e feriados, se o ministro José Dirceu fosse reunir todos, isoladamente, não poderia dar a cada um mais do que um dia por ano. Nem em trinta anos chegar-se-ia a lugar algum.
Fora da alçada da Casa Civil funcionam pelo menos 210... Existem grupos de trabalho para tudo: desde a ocupação ilegal de terras na Amazônia ao aumento da violência nas grandes cidades, às dificuldades para a exportação do aço e do suco de laranja, mas também para investigar por que o número de bolachas diminuiu por pacote ou por que as sardinhas vendidas em lata não são verdadeiras.
Artur Virgílio pergunta quanto custam aos cofres públicos essas ações. E que resultados fluíram delas, que propostas foram feitas e que decisões o governo tomou?
Capital doente Brasília faz 45 anos em 21 de abril. O senador Cristovam Buarque aproveitou a oportunidade para um diagnóstico atemorizante, porque, para ele, Brasília é uma capital doente. Epidemias de toda ordem assolam a capital federal, a começar pela antavirose, que se supunha extinta no continente americano.
Outro mal que nos assola, para ele, é o crescimento desordenado de Brasília, que uma política negligente vem criando. Hoje, a cidade é habitada por três milhões, é a terceira maior região metropolitana e está eivada de favelas. Os transportes públicos são geridos em conivência com a contravenção e o programa "Paz no Trânsito" foi substituído pelo caos no trânsito. A educação também se encontra doente, tendo em vista a necessidade de filas que se formam pela madrugada, ocupadas por familiares sequiosos de matricular seus filhos nas escolas públicas.
Mais do que uma doença, a segurança pública é uma tragédia, a ponto de o Departamento de Estado, nos Estados Unidos, recomendar que turistas americanos evitem a capital brasileira. A cada 14 horas acontece um seqüestro. A grilagem de terras públicas também choca, para não falar no desemprego, conclui Cristovam, para quem teremos poucos motivos de comemoração, no próximo aniversário.
A reforma, enfim Se Lula não tiver mudado de idéia, a reforma do ministério começa nas próximas horas. Alguns ministros do PT devem sair, mas quais? Marina Silva, do Meio Ambiente, que discorda de quase tudo o que o governo sustenta? Miguel Rosseto, da Reforma Agrária, que protestou publicamente contra os cortes orçamentários destinados à desapropriação de terras? Gilberto Gil, da Cultura, que mesmo desmentindo também não se conformou com os cortes? Olívio Dutra, das Cidades, impossibilitado de atuar por falta de recursos? Ricardo Berzoini, do Trabalho, adversário feroz da reforma trabalhista que a equipe econômica insiste em impor? Tarso Genro, da Educação, cuja revolucionária reforma do ensino desperta a ira das universidades privadas?
Carlos Chagas é jornalista.
Fonte:
(Artigo extraído do Jornal A Gazeta)
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/354333/visualizar/
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