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Politica Brasil
Segunda - 07 de Março de 2005 às 19:25
Por: Onofre Ribeiro

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Do Palácio Paiaguás começam a sair sinais pragmáticos sobre as eleições de 2006. O governador Blairo Maggi tem elogiado muito a postura ética da vice-governadora Iraci França durante as viagens em que ela o substitui. Ela tem sido discreta, atém-se à rotina administrativa e não cria arestas políticas ou estabelece compromissos que possam extrapolar à interinidade. Sua atitude tem sido considerada como sinal de responsabilidade pessoal e pública.

Mas a sucessão do governador, a se julgar pelos sinais emitidos, deverá ter na sua chapa um vice-governador técnico e político. A idéia é que ele possa assumir o governo em 2009 quando o governador desincompatibilizar-se, sem comprometer o projeto de gestão. Com isso, fica claro que a escolha do futuro vice na chapa de Blairo Maggi será uma longa discussão, certamente com muitos descontentes pelo caminho. Hoje pleiteiam a função, por exemplo, o ex-prefeito de Várzea Grande, Jaime Campos.

A se confirmar o critério, Jaime certamente se movimentará politicamente em outras direções, tanto em relação ao PPS, como em conversas que vem mantendo com o PSDB. É do jogo político. Neste momento o PPS ainda não tem nomes para a vice do governador que é candidato à reeleição. Terá que ser objeto de composições políticas futuras.

Outra questão antecipa-se às questões eleitorais, embora conexas: o interlocutor político do governo, para conversar com partidos, com prefeitos, com vereadores e ajudar a montar a engenharia política de 2006. Na semana que passou surgiu o nome do ex-prefeito Roberto França como candidato preferencial a interlocutor do governo, provavelmente ocupando a secretaria de Articulação Política.

A nomeação de França seria um risco político mortal para o governo e para o governador, na medida em que ele pretende ser candidato a deputado estadual. De saída, ocupando um cargo de articulação política no governo, França despertaria ciúmes e raiva em todos os atuais deputados estaduais aliados e nos candidatos a candidatos. Ver-se-ia nele o uso da máquina política do governo na construção de sua própria candidatura. Basta citar um dos nomes contra quem arranharia imediatamente: o ex-prefeito Percival Muniz, também candidato anunciado a deputado estadual. Dois bicudos não se beijam, ensina a filosofia popular.

Até porque, França é político de larga experiência e está num momento de baixa depois das duas derrotas dos seus candidatos à prefeitura de Cuiabá no primeiro e no segundo turnos. Logo, uma função nesse nível seria um trampolim muito conveniente.

Porém, como presidente regional do PPS, ele pode atuar numa outra ponta muito mais significativa, que é o fortalecimento do partido em todo o estado, já que o governador Blairo Maggi não pretende desfiliar-se. Nas eleições de 2006 o PPS vai enfrentar uma oposição muito mais articulada e escaldada pela experiência de 2002. Logo, o partido e o governador não podem correr riscos desnecessários de curto prazo e, ao mesmo tempo, precisarão de consistência política mais forte, que o PPS hoje não possui.

Numa outra ponta do raciocínio, França teria a chance de tornar-se conhecido no interior para, eventualmente, armar seus projetos políticos futuros. Depois desse período atual em que os partidos políticos perderam significação e sentido popular, é mais do que hora de começar a arrumar-lhes a cara para que abriguem candidaturas já em 2006, com alguma representatividade social.

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM onofreribeiro@terra.com.br




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