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Pedro Henry já não quer mais ser ministro
Com um discurso aparentemente sem muita motivação quanto à possibilidade de assumir um ministério no governo Lula, o deputado federal por Mato Grosso, Pedro Henry Neto, 48 anos, explica nesta entrevista exclusiva à Folha do Estado, por que não estaria mais disposto a ser ministro.
Mas, ao mesmo tempo, e embora tendo votado contrário à eleição do atual presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcante (PP), Henry acredita ter o apoio do novo presidente, caso seja necessária e possível a ocupação de um posto na Esplanada dos Ministérios, aposta na queda da verticalização; “considera muito cedo” para se vislumbrar candidaturas sólidas para 2006, tanto no Estado como no país.
Agradecendo a defesa que Maggi fez em torno do nome dele para o Senado, Pedro Henry se diz com “os pés no chão” e articula o crescimento do PP no Estado, com filiações de alguns deputados da Assembléia.
Se dizendo parceiro de todas as horas do governador Blairo, o parlamentar se diz empenhado em aglutinar forças políticas em torno da atual gestão. Henry também aposta na queda da verticalização e pede cautela ao governador quanto ao apoio incondicional já declarado do chefe do Executivo Estadual à reeleição do presidente Lula.
Folha - Como está a sua expectativa quanto a uma possível nomeação para ocupar um ministério no governo federal?
Henry – Eu não posso lhe assegurar neste momento se isso ajuda ou atrapalha os meus projetos pessoais. Eu tinha um compromisso com o governo e eu preservei o compromisso que havia feito e isso dificulta um pouco o cenário político lá em Brasília. O governo tem se manifestado que quer o PP dentro da sua base, mas eu acho que o tempo está passando. Qualquer ministro que entrar agora, na prática, se ele (Lula) for candidato na próxima eleição, terá apenas nove meses para trabalhar, ou seja de março a dezembro. Depois disso, não tem mais trabalho que possa ser feito e aí vem a desincompatibilização.
Folha – Na sua opinião, que tipo de tratamento o partido do senhor recebeu até agora do governo Lula?
Henry - Acho que o governo cometeu alguns equívocos, principalmente com o PP, porque se essa definição tivesse sido tomada em dezembro passado, com certeza não estaria passando pelo constrangimento que passa agora, com a perda da eleição para a presidência da Câmara. Esse é o preço de não ter tido a vontade política de resolver no ano passado e o pior é que eu acho que agora já está um pouquinho fora de tempo.
Folha – Mas pelo que estamos vendo o governo insiste em afirmar que quer o PP por perto e há algumas correntes que apontam o seu nome para ocupar um ministério...
Henry - Mas, assumir um ministério para não cumprir com as expectativas que se tem a nível de bancada, a nível parlamentar, a nível de prefeitos e de governo do Estado, torna-se muito difícil, quando não se tem mais flexibilidade, não tem mais potencial efetivo de fazer algum trabalho que possa ter uma amplitude nacional e também aqui dentro do Estado.
Folha – Bem, na eleição para presidência da Câmara o senhor não votou na chapa do deputado Severino Cavalcanti, do seu partido e sim no candidato do PT. O senhor não teme que agora com a vitória, o Severino não indique o nome do senhor para ocupar esse ministério que está sendo esperado?
Henry – Olha, eu passei um momento de dificuldade interna no PP, por causa da minha opção, mas na semana passada, o deputado Severino Cavalcanti me convidou para ir almoçar na casa dele. À noite ele foi jantar na minha casa e conversamos muito e ele entendeu a minha posição e eu espero sinceramente que esse não seja o fator impeditivo.
Folha – E o senhor aponta, então, um outro fator impeditivo a uma assunção sua ao ministério?
Henry – Nesse momento o fator é outro. É, como eu disse, uma questão temporal, da falta de possibilidade de resposta e principalmente clima de instabilidade política que estamos vivendo. E essa instabilidade vai refletir de forma negativa no desempenho das funções do Executivo. Acho que posso ajudar Mato Grosso muito mais como deputado, do que como ministro de uma pasta que não tenha tanta relevância.
Folha – Por que o senhor desconsidera o valor político que um ministério possa ter nesse momento da sua vida pública?
Henry – Não é isso. Eu tenho muitos outros compromissos políticos que eu tenho que dar resposta. E, talvez se eu estiver numa pasta de menor relevância, que não tenha uma possibilidade orçamentária, é melhor eu ficar como deputado e ficar com essa dívida do governo federal para mim e poder retribuir essa dívida que o governo contraiu comigo, através da ajuda aos municípios que eu represento lá em Brasília.
Folha – O governador Blairo Maggi (PPS) declarou apoio absoluto ao nome do senhor para o Senado caso o PP continue na base aliada do governo do Estado. Como o senhor vê essa declaração?
Henry – Eu sempre defendi a reeleição do governador Blairo Maggi. Eu entendo que no conjunto as ações que estão sendo executadas no Estado têm sido muito positivas. Entretanto eu acho que ainda é um pouco cedo para enfrentarmos essa questão eleitoral de frente. Penso que a sociedade ainda não está vivendo este momento. Eu fui o deputado federal mais votado da história de Mato Grosso, na última eleição, e nesse momento estou mais preocupado em retribuir esses votos que recebi, estou ainda no meio do meu mandato.
Folha – Mas o seu atual momento político não lhe dá segurança para já pensar na eleição do ano que vem?
Henry – É evidente que o resultado da eleição municipal deste ano, o trabalho que a gente vem fazendo, o fato de eu ter sido cotado para um ministério, independente de assumir ou não, isso já dá uma visibilidade política que nos credencia a uma disputa majoritária, mas eu vou deixar essa definição mais lá para frente.
Folha – Já que o senhor falou em disputa majoritária, a costura de uma candidatura dessas não tem que começar com uma certa antecedência?
Henry – A eleição de um senador é conjuntural. Eu assisti aqui no Mato Grosso diversos eventos em que se tentou construir candidaturas majoritárias, principalmente ao Senado, com muita antecedência e chegaram inviabilizados lá na frente, na conjuntura política. Então eu preferi agora trabalhar, fazer todo o pano de fundo suficiente, e se eu estiver em boas condições políticas lá na frente, aí então eu tomo a definição da participação numa candidatura majoritária.
Folha – E quanto ao fato de o presidente da Câmara Federal, Severino Cavalcanti (PP), já ter lançado o nome do senhor para o governo do Estado em 2006?
Henry – O Partido Progressista está vivendo um momento de muita euforia, que tem tomado conta de todos os parlamentares, porque conseguiu conquistar o terceiro posto mais importante da República, então é natural que haja todo esse entusiasmo. No entanto, aqui nós estamos caminhando com os pés no chão. Demoramos muito para construir um grupo político que levou o governador Blairo Maggi ao poder e isso exigiu um esforço muito grande de todos nós e eu espero que essas coisas possam ter continuidade.
Folha – O senhor quer dizer então que uma disputa sua ao governo do Estado no ano que vem, aqui em Mato Grosso, nem pensar. É isso?
Henry – Veja bem, se o governador Blairo disser que não vai mais ser candidato, aí acho que a gente pode até discutir essa questão. Agora, ele mantendo a candidatura dele, é óbvio que eu vou tentar fazer todo o esforço político para estar junto construindo a continuidade deste governo.
Folha – E a situação do PFL, que é o terceiro principal partido daquela aliança que elegeu o governador em 2002. Ainda há espaço para negociação, no seu entendimento?
Henry - O governador me disse em Brasília, numa quinta-feira, durante um almoço e uma reunião de quase três horas, que no máximo até 7 ou 8 de março ele estaria fazendo uma reunião em Cuiabá com as lideranças políticas dos três principais partidos que contribuíram para a eleição dele ( PP, PFL e PPS) para tentarmos unificar o discurso e fazermos um grande entendimento de continuidade desta coligação.
Folha – Só que, no meio do caminho, ainda tem a incógnita da verticalização partidária a ser apreciada pelo Congresso...
Henry – A minha avaliação pessoal é de que, ao menos na Câmara dos Deputados, a verticalização vai ser derrotada. Esse assunto começa a ser discutido no Congresso agora, e eu sinto que a maioria dos deputados não quer a permanência da verticalização. E aí, uma vez caindo, as coisas ficam bem mais fáceis em termos de coligações nos estados.
Folha – Tendo como base o atual cenário, o senhor acha que o governador Blairo Maggi se reelegeria, se a eleição fosse hoje?
Henry – Administrativamente eu acho que sim.
Folha – E politicamente?
Henry – Bem aí eu acho que há alguns problemas que precisam ser resolvidos e disse isso pessoalmente a ele. Acho que há uma turbulência política, fomentada principalmente pela inexperiência política de alguns assessores do governador, que têm gerado essa instabilidade política. Mas não é nada que não seja passível de solução, inclusive até entendo que já está havendo um sensível realinhamento político dentro do quadro administrativo.
Folha – E o senhor deu algum conselho ou sugestão ao governador nesse sentido?
Henry – Eu disse que ele tem que ter uma figura política mais perto dele dentro do palácio e ele está pensando em mexer alguma coisa lá.
Folha – Quem seria essa figura política, hoje? O ex-prefeito Roberto França?
Henry - Ele [ Maggi] não me afirmou categoricamente, mas me disse que pode ser o França sim.
Folha – Qual a dimensão dessas falhas políticas, na sua avaliação, que o governo do Estado estaria cometendo? Henry - Não é possível mais ter ações de governo que não tenham ressonância no cenário político. Outro dia, o prefeito de Cáceres [ Ricardo Henry – irmão do deputado], aliado do governador Blairo Maggi, não foi avisado pelo governo da passagem da comitiva do Estradeiro por Cáceres. Esse é um sintoma claro de o governo está desalinhado. E isso tem conseqüências políticas graves.
Folha – Como o senhor, como principal liderança do PP em Mato Grosso, tem avaliado a participação do seu partido na atual administração estadual?
Henry – Acho que estamos participando, somos co-responsáveis em algumas áreas. Em momento algum eu pedi ampliação deste cenário ao governador. Obviamente que os companheiros que já estão lá dentro, fazendo parte, contribuindo, só estão porque cumprem com seu papel. Então acho que isso é natural, assim como uma ou outra mudança que vier a acontecer faz parte do processo administrativo. Eu estou bastante maduro e vacinado nesse assunto para ter uma capacidade de interpretação desses fatos, sem afoiteza e ansiedade.
Folha – E as suas divergências com o secretário de Infra-estrutura, Luiz Antônio Pagot. Estão superadas?
Henry – O governador me falou que conversou com o secretário, pediu para ele se dedicar às questões administrativas e deixar as questões políticas para serem tratadas com ele, governador. E eu também vou continuar tratando as minhas questões políticas com o governador.
Folha – E, em Cuiabá, deputado, como está o seu relacionamento com o prefeito Wilson Santos (PSDB), com quem o senhor também sempre teve divergências políticas?
Henry - Bem, eu não o apoiei na eleição à prefeitura de Cuiabá. No primeiro turno apoiei o Sérgio Ricardo e no segundo o Alexandre César, ficando portanto contra ele. Mas eu não tenho o direito de questionar a decisão que a sociedade cuiabana tomou para dirigir a prefeitura. Então eu tenho que respeitar e, como um parlamentar que teve aqui mais de 20 mil votos, a minha obrigação é ajudar a administração municipal, independente de quem esteja lá.
Folha – O senhor já se reuniu com o prefeito Wilson Santos depois da posse dele?
Henry – Já fui procurá-lo e me coloquei a inteira disposição da administração dele e já estamos fazendo alguns trabalhos juntos. Inclusive vamos construir aqui uma unidade do Programa Saúde da Família [PSF], que já está conveniado com recurso que a gente obteve no Orçamento da União e vamos já começar a construção, já está em fase de licitação.
Folha – Deputado, o Senado Federal acenou recentemente com a possibilidade de acabar com as emendas parlamentares e também com a Comissão de Orçamento e Finanças. O senhor concorda com essa idéia?
Henry - No modelo político-administrativo que o Brasil tem, não permite isso, nesse momento na minha opinião. Acho que essa interpretação de que essas alterações possam ser introduzidas na prática parlamentar em Brasília não traduzem a realidade. Isso que estão querendo só funciona num país parlamentarista. A emenda é um instrumento importante de desenvolvimento regional. A comissão de Orçamento é o fórum onde se discute e se elabora o orçamento. Eu não sei como você manter o modelo que tem hoje no país e extinguir uma comissão que discute isso.
Folha – A Câmara quer dar um aumento de quase 70% nos salários dos deputados. Qual será a postura do senhor diante dessa questão?
Henry – Eu não gosto de hipocrisia. Eu tenho certeza absoluta que a maioria dos deputados vai votar favoravelmente à aprovação dessa proposta. Eu, pessoalmente vou votar favorável à aprovação deste projeto de lei, se ele vier a plenário, não só para o Legislativo mas também para o Judiciário e Ministério Público, porque parece que será tudo junto.
Folha – Como o PP, considerando esse bom momento político na esfera nacional, tem articulado o fortalecimento da legenda aqui em Mato Grosso, visando às eleições de 2006?
Henry – Bem , de agora em diante nós vamos estar dando uma assessoria bem próxima e direta a todos aqueles que têm mandato eletivo no partido, ou seja, prefeitos, vices, vereadores vão ser capacitados em encontros regionais para cada vez mais subsidiar a representação política que cada um deles exerce na sociedade.
Folha – O PP prevê novas adesões neste momento?
Henry – Nesse sentido, a gente deve aumentar a nossa bancada na Assembléia Legislativa em breve, porque estamos fazendo uma série de conversas com diversos parlamentares estaduais para que eles venham somar junto com a gente. Folha – Que deputados, por exemplo?
Henry – Por exemplo o deputado José Riva, ex-presidente da Assembléia, que é um que eu tenho conversado pessoalmente todas as semanas.
Folha – Quem mais?
Henry – De parlamentares ainda poderemos contar com as adesões do Alencar [ Soares – PTB] e do Eliene [ Lima – PSB]. Mas há também alguns prefeitos e vereadores do interior que tem manifestado intenção de sentarmos para virem aderir ao Partido Progressista.
Mas, ao mesmo tempo, e embora tendo votado contrário à eleição do atual presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcante (PP), Henry acredita ter o apoio do novo presidente, caso seja necessária e possível a ocupação de um posto na Esplanada dos Ministérios, aposta na queda da verticalização; “considera muito cedo” para se vislumbrar candidaturas sólidas para 2006, tanto no Estado como no país.
Agradecendo a defesa que Maggi fez em torno do nome dele para o Senado, Pedro Henry se diz com “os pés no chão” e articula o crescimento do PP no Estado, com filiações de alguns deputados da Assembléia.
Se dizendo parceiro de todas as horas do governador Blairo, o parlamentar se diz empenhado em aglutinar forças políticas em torno da atual gestão. Henry também aposta na queda da verticalização e pede cautela ao governador quanto ao apoio incondicional já declarado do chefe do Executivo Estadual à reeleição do presidente Lula.
Folha - Como está a sua expectativa quanto a uma possível nomeação para ocupar um ministério no governo federal?
Henry – Eu não posso lhe assegurar neste momento se isso ajuda ou atrapalha os meus projetos pessoais. Eu tinha um compromisso com o governo e eu preservei o compromisso que havia feito e isso dificulta um pouco o cenário político lá em Brasília. O governo tem se manifestado que quer o PP dentro da sua base, mas eu acho que o tempo está passando. Qualquer ministro que entrar agora, na prática, se ele (Lula) for candidato na próxima eleição, terá apenas nove meses para trabalhar, ou seja de março a dezembro. Depois disso, não tem mais trabalho que possa ser feito e aí vem a desincompatibilização.
Folha – Na sua opinião, que tipo de tratamento o partido do senhor recebeu até agora do governo Lula?
Henry - Acho que o governo cometeu alguns equívocos, principalmente com o PP, porque se essa definição tivesse sido tomada em dezembro passado, com certeza não estaria passando pelo constrangimento que passa agora, com a perda da eleição para a presidência da Câmara. Esse é o preço de não ter tido a vontade política de resolver no ano passado e o pior é que eu acho que agora já está um pouquinho fora de tempo.
Folha – Mas pelo que estamos vendo o governo insiste em afirmar que quer o PP por perto e há algumas correntes que apontam o seu nome para ocupar um ministério...
Henry - Mas, assumir um ministério para não cumprir com as expectativas que se tem a nível de bancada, a nível parlamentar, a nível de prefeitos e de governo do Estado, torna-se muito difícil, quando não se tem mais flexibilidade, não tem mais potencial efetivo de fazer algum trabalho que possa ter uma amplitude nacional e também aqui dentro do Estado.
Folha – Bem, na eleição para presidência da Câmara o senhor não votou na chapa do deputado Severino Cavalcanti, do seu partido e sim no candidato do PT. O senhor não teme que agora com a vitória, o Severino não indique o nome do senhor para ocupar esse ministério que está sendo esperado?
Henry – Olha, eu passei um momento de dificuldade interna no PP, por causa da minha opção, mas na semana passada, o deputado Severino Cavalcanti me convidou para ir almoçar na casa dele. À noite ele foi jantar na minha casa e conversamos muito e ele entendeu a minha posição e eu espero sinceramente que esse não seja o fator impeditivo.
Folha – E o senhor aponta, então, um outro fator impeditivo a uma assunção sua ao ministério?
Henry – Nesse momento o fator é outro. É, como eu disse, uma questão temporal, da falta de possibilidade de resposta e principalmente clima de instabilidade política que estamos vivendo. E essa instabilidade vai refletir de forma negativa no desempenho das funções do Executivo. Acho que posso ajudar Mato Grosso muito mais como deputado, do que como ministro de uma pasta que não tenha tanta relevância.
Folha – Por que o senhor desconsidera o valor político que um ministério possa ter nesse momento da sua vida pública?
Henry – Não é isso. Eu tenho muitos outros compromissos políticos que eu tenho que dar resposta. E, talvez se eu estiver numa pasta de menor relevância, que não tenha uma possibilidade orçamentária, é melhor eu ficar como deputado e ficar com essa dívida do governo federal para mim e poder retribuir essa dívida que o governo contraiu comigo, através da ajuda aos municípios que eu represento lá em Brasília.
Folha – O governador Blairo Maggi (PPS) declarou apoio absoluto ao nome do senhor para o Senado caso o PP continue na base aliada do governo do Estado. Como o senhor vê essa declaração?
Henry – Eu sempre defendi a reeleição do governador Blairo Maggi. Eu entendo que no conjunto as ações que estão sendo executadas no Estado têm sido muito positivas. Entretanto eu acho que ainda é um pouco cedo para enfrentarmos essa questão eleitoral de frente. Penso que a sociedade ainda não está vivendo este momento. Eu fui o deputado federal mais votado da história de Mato Grosso, na última eleição, e nesse momento estou mais preocupado em retribuir esses votos que recebi, estou ainda no meio do meu mandato.
Folha – Mas o seu atual momento político não lhe dá segurança para já pensar na eleição do ano que vem?
Henry – É evidente que o resultado da eleição municipal deste ano, o trabalho que a gente vem fazendo, o fato de eu ter sido cotado para um ministério, independente de assumir ou não, isso já dá uma visibilidade política que nos credencia a uma disputa majoritária, mas eu vou deixar essa definição mais lá para frente.
Folha – Já que o senhor falou em disputa majoritária, a costura de uma candidatura dessas não tem que começar com uma certa antecedência?
Henry – A eleição de um senador é conjuntural. Eu assisti aqui no Mato Grosso diversos eventos em que se tentou construir candidaturas majoritárias, principalmente ao Senado, com muita antecedência e chegaram inviabilizados lá na frente, na conjuntura política. Então eu preferi agora trabalhar, fazer todo o pano de fundo suficiente, e se eu estiver em boas condições políticas lá na frente, aí então eu tomo a definição da participação numa candidatura majoritária.
Folha – E quanto ao fato de o presidente da Câmara Federal, Severino Cavalcanti (PP), já ter lançado o nome do senhor para o governo do Estado em 2006?
Henry – O Partido Progressista está vivendo um momento de muita euforia, que tem tomado conta de todos os parlamentares, porque conseguiu conquistar o terceiro posto mais importante da República, então é natural que haja todo esse entusiasmo. No entanto, aqui nós estamos caminhando com os pés no chão. Demoramos muito para construir um grupo político que levou o governador Blairo Maggi ao poder e isso exigiu um esforço muito grande de todos nós e eu espero que essas coisas possam ter continuidade.
Folha – O senhor quer dizer então que uma disputa sua ao governo do Estado no ano que vem, aqui em Mato Grosso, nem pensar. É isso?
Henry – Veja bem, se o governador Blairo disser que não vai mais ser candidato, aí acho que a gente pode até discutir essa questão. Agora, ele mantendo a candidatura dele, é óbvio que eu vou tentar fazer todo o esforço político para estar junto construindo a continuidade deste governo.
Folha – E a situação do PFL, que é o terceiro principal partido daquela aliança que elegeu o governador em 2002. Ainda há espaço para negociação, no seu entendimento?
Henry - O governador me disse em Brasília, numa quinta-feira, durante um almoço e uma reunião de quase três horas, que no máximo até 7 ou 8 de março ele estaria fazendo uma reunião em Cuiabá com as lideranças políticas dos três principais partidos que contribuíram para a eleição dele ( PP, PFL e PPS) para tentarmos unificar o discurso e fazermos um grande entendimento de continuidade desta coligação.
Folha – Só que, no meio do caminho, ainda tem a incógnita da verticalização partidária a ser apreciada pelo Congresso...
Henry – A minha avaliação pessoal é de que, ao menos na Câmara dos Deputados, a verticalização vai ser derrotada. Esse assunto começa a ser discutido no Congresso agora, e eu sinto que a maioria dos deputados não quer a permanência da verticalização. E aí, uma vez caindo, as coisas ficam bem mais fáceis em termos de coligações nos estados.
Folha – Tendo como base o atual cenário, o senhor acha que o governador Blairo Maggi se reelegeria, se a eleição fosse hoje?
Henry – Administrativamente eu acho que sim.
Folha – E politicamente?
Henry – Bem aí eu acho que há alguns problemas que precisam ser resolvidos e disse isso pessoalmente a ele. Acho que há uma turbulência política, fomentada principalmente pela inexperiência política de alguns assessores do governador, que têm gerado essa instabilidade política. Mas não é nada que não seja passível de solução, inclusive até entendo que já está havendo um sensível realinhamento político dentro do quadro administrativo.
Folha – E o senhor deu algum conselho ou sugestão ao governador nesse sentido?
Henry – Eu disse que ele tem que ter uma figura política mais perto dele dentro do palácio e ele está pensando em mexer alguma coisa lá.
Folha – Quem seria essa figura política, hoje? O ex-prefeito Roberto França?
Henry - Ele [ Maggi] não me afirmou categoricamente, mas me disse que pode ser o França sim.
Folha – Qual a dimensão dessas falhas políticas, na sua avaliação, que o governo do Estado estaria cometendo? Henry - Não é possível mais ter ações de governo que não tenham ressonância no cenário político. Outro dia, o prefeito de Cáceres [ Ricardo Henry – irmão do deputado], aliado do governador Blairo Maggi, não foi avisado pelo governo da passagem da comitiva do Estradeiro por Cáceres. Esse é um sintoma claro de o governo está desalinhado. E isso tem conseqüências políticas graves.
Folha – Como o senhor, como principal liderança do PP em Mato Grosso, tem avaliado a participação do seu partido na atual administração estadual?
Henry – Acho que estamos participando, somos co-responsáveis em algumas áreas. Em momento algum eu pedi ampliação deste cenário ao governador. Obviamente que os companheiros que já estão lá dentro, fazendo parte, contribuindo, só estão porque cumprem com seu papel. Então acho que isso é natural, assim como uma ou outra mudança que vier a acontecer faz parte do processo administrativo. Eu estou bastante maduro e vacinado nesse assunto para ter uma capacidade de interpretação desses fatos, sem afoiteza e ansiedade.
Folha – E as suas divergências com o secretário de Infra-estrutura, Luiz Antônio Pagot. Estão superadas?
Henry – O governador me falou que conversou com o secretário, pediu para ele se dedicar às questões administrativas e deixar as questões políticas para serem tratadas com ele, governador. E eu também vou continuar tratando as minhas questões políticas com o governador.
Folha – E, em Cuiabá, deputado, como está o seu relacionamento com o prefeito Wilson Santos (PSDB), com quem o senhor também sempre teve divergências políticas?
Henry - Bem, eu não o apoiei na eleição à prefeitura de Cuiabá. No primeiro turno apoiei o Sérgio Ricardo e no segundo o Alexandre César, ficando portanto contra ele. Mas eu não tenho o direito de questionar a decisão que a sociedade cuiabana tomou para dirigir a prefeitura. Então eu tenho que respeitar e, como um parlamentar que teve aqui mais de 20 mil votos, a minha obrigação é ajudar a administração municipal, independente de quem esteja lá.
Folha – O senhor já se reuniu com o prefeito Wilson Santos depois da posse dele?
Henry – Já fui procurá-lo e me coloquei a inteira disposição da administração dele e já estamos fazendo alguns trabalhos juntos. Inclusive vamos construir aqui uma unidade do Programa Saúde da Família [PSF], que já está conveniado com recurso que a gente obteve no Orçamento da União e vamos já começar a construção, já está em fase de licitação.
Folha – Deputado, o Senado Federal acenou recentemente com a possibilidade de acabar com as emendas parlamentares e também com a Comissão de Orçamento e Finanças. O senhor concorda com essa idéia?
Henry - No modelo político-administrativo que o Brasil tem, não permite isso, nesse momento na minha opinião. Acho que essa interpretação de que essas alterações possam ser introduzidas na prática parlamentar em Brasília não traduzem a realidade. Isso que estão querendo só funciona num país parlamentarista. A emenda é um instrumento importante de desenvolvimento regional. A comissão de Orçamento é o fórum onde se discute e se elabora o orçamento. Eu não sei como você manter o modelo que tem hoje no país e extinguir uma comissão que discute isso.
Folha – A Câmara quer dar um aumento de quase 70% nos salários dos deputados. Qual será a postura do senhor diante dessa questão?
Henry – Eu não gosto de hipocrisia. Eu tenho certeza absoluta que a maioria dos deputados vai votar favoravelmente à aprovação dessa proposta. Eu, pessoalmente vou votar favorável à aprovação deste projeto de lei, se ele vier a plenário, não só para o Legislativo mas também para o Judiciário e Ministério Público, porque parece que será tudo junto.
Folha – Como o PP, considerando esse bom momento político na esfera nacional, tem articulado o fortalecimento da legenda aqui em Mato Grosso, visando às eleições de 2006?
Henry – Bem , de agora em diante nós vamos estar dando uma assessoria bem próxima e direta a todos aqueles que têm mandato eletivo no partido, ou seja, prefeitos, vices, vereadores vão ser capacitados em encontros regionais para cada vez mais subsidiar a representação política que cada um deles exerce na sociedade.
Folha – O PP prevê novas adesões neste momento?
Henry – Nesse sentido, a gente deve aumentar a nossa bancada na Assembléia Legislativa em breve, porque estamos fazendo uma série de conversas com diversos parlamentares estaduais para que eles venham somar junto com a gente. Folha – Que deputados, por exemplo?
Henry – Por exemplo o deputado José Riva, ex-presidente da Assembléia, que é um que eu tenho conversado pessoalmente todas as semanas.
Folha – Quem mais?
Henry – De parlamentares ainda poderemos contar com as adesões do Alencar [ Soares – PTB] e do Eliene [ Lima – PSB]. Mas há também alguns prefeitos e vereadores do interior que tem manifestado intenção de sentarmos para virem aderir ao Partido Progressista.
Fonte:
Folha do Estado
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