Ciúme interrompeu vida de jovem de 19 anos

Alegre, extrovertida e talentosa, Fabiana Mendes, 19, destacou-se entre as alunas do curso de cabeleireira e conseguiu trabalho no salão da Marly, centro de Cuiabá. Mas a felicidade dela durou pouco, pois foi morta com um tiro na cabeça pelo ex-marido, Carlos Roberto dos Santos, 40 dias depois da sua contratação, em junho do ano passado. Motivo? Ciúme. O casal havia se separado há cerca de 15 dias e Fabiana não queria mais reatar o relacionamento.

Segundo a proprietária do salão, Maria Genice Contte, ninguém imaginava que Santos era violento. No dia da tragédia, ninguém escutou discussão entre eles. "Ela estava alegre, recebeu ele sorrindo inclusive". Como era um homem pacato, quieto, ninguém notou que Santos já tinha um plano de morte para a ex-mulher.

A dona de casa Lurdes Mendes, 56, teve uma crise nervosa quando soube da morte da filha Fabiana. Ela achava que apesar das brigas, a moça acabaria se reconciliando com o ex-marido. Disse que não sabia das agressões que ela vinha sofrendo há cerca de um ano, quando se casou. "Considerava ele como um próprio filho. Pedi para ele ter paciência que o casamento deles ainda podia certo e se não desse ele era jovem poderia se acertar com outra pessoa".

Inconformada, Lurdes afirma que se soubesse a dimensão das brigas, talvez pudesse ter evitado a tragédia. Fabiana dividia o problema conjugal com poucas amigas que também silenciaram diante das agressões. A exemplo do caso da jovem, grande parte dos processos analisados pela estudante de Serviço Social Ester Takamori também foram arquivados porque depois de matar a mulher ou namorada o homem se matou.

"É comum o crime passional ser seguido de suicídio".

Na avaliação da delegada Carla Patrícia, da Delegacia Especializada na Defesa da Mulher, não existem sinais de que o homem pode matar. Mas esse tipo de crime geralmente é precedido por violência e ameaças.

Só no ano passado, foram registradas cerca de 800 ocorrências de ameaça envolvendo casais na Capital.(RD)