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Politica Brasil
Domingo - 06 de Março de 2005 às 07:28
Por: Adriana Vandoni Curvo

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No domingo passado fui cobrada por um amigo a escrever algo sobre o dia internacional da mulher. Não gosto muito de escrever algo insosso e básico, mas o “lobby” foi tão forte que, sob encomenda, resolvi escrever.

Lá se vão 148 anos desde o dia em que 130 mulheres foram queimadas dentro de uma fábrica em Nova Iorque por reivindicarem condições dignas de trabalho. Em homenagem a essas mulheres, desde 1910 o dia 8 de março passou a ser o dia internacional da mulher, regulamentado pela ONU em 1975.

De lá pra cá a mulher já queimou soutien em praça pública, conquistou o direito de votar e ser votada, travou ferrenhos embates contra os homens, exigiu igualdade entre os gêneros, sendo que algumas sentiram a necessidade de, na luta, atropelar a feminilidade se masculinizando, desprezando a vaidade, característica que nos é peculiar e graças a Deus, nos diferencia dos homens. Nesses anos todos muitas se descaracterizaram na tentativa da conquista da igualdade. Besteira, nunca vamos ser iguais e não acredito que esse seja o desejo das mulheres de hoje.

A mulher de hoje já encontrou o caminho aberto para a redescoberta da sua feminilidade. A caminhada até aqui só terá sido válida se realmente compreendermos o nosso próprio universo, se percebermos que somos capazes, mesmo com nossas diferenças. Essa é a grande conquista da mulher neste século: ter conquistado o poder de escolher. Ser o quiser, da forma que bem entender. A busca hoje não é mais pela igualdade, mas pela felicidade. Não precisamos mais provar para os homens que somos capazes, precisamos provar para nós mesmas.

Não quero ser igual ao homem, quero ser diferente em toda a plenitude que me possibilita ser diferente. Somos complexas, não complicadas. Somos várias dentro de uma só.

Queremos chorar com um filme, queremos acompanhar a moda e os “modelitos” da Marisa Letícia, preocupar com os cabelos, com os discursos do Presidente (se é que isso vale a pena), com as decisões do Paloffi (sic). Queremos e podemos, se assim desejarmos, participar da vida política do país e nos tornarmos parte integrante nas tomadas de decisões. Quereremos escolher nossos representantes e deles cobrar as atitudes que julgamos corretas. Queremos estar ao lado dos filhos em todas as suas vitórias ou decepções e claro, às vezes esganá-los. Prezamos nossa independência financeira e zelamos pela carreira profissional, mas para isso, não precisamos brigar com os homens. Não temos necessidade de mensurar QI (apesar do nosso ser maior) ou força bruta (muito útil para carregar nossas compras), cada um com sua genética e cada um com sua capacidade biológica.

Ser mulher é isso. É não ser uma só, é deixar fluir os vários seres que existem dentro dela. Nós mulheres, escutamos, falamos, pensamos, decidimos, tudo ao mesmo tempo. Somos capazes de administrar uma casa, o trabalho, o estudo e as emoções dos filhos e do marido, um estado, uma cidade, uma TPM e ainda repartirmos as aflições dos amigos. Isso não é fantástico? Não. Isso é ser mulher e poder decidir o que quer. Isso é ter soberania sob sua própria vida.

Exemplos não nos faltam, em Cuiabá vivemos um momento em que a competência sobrepujou a condição do gênero. Temos uma vice-governadora, uma vice-prefeita, duas primeiras-damas atuantes e outras tantas mulheres em cargos de chefia. Esta semana emplacamos uma presidente da Agência Reguladora do Estado, que por sinal é minha irmã, e uma Desembargadora no Tribunal de Justiça. Todas merecedoras e de reconhecida capacidade profissional, mas que nem por isso, deixaram de ser mulher.

Não poderia terminar sem dar um viva aos homens, pois sem eles, a quem demonstraríamos a nossa superioridade?

Adriana Vandoni Curvo é professora de economia, consultora, especialista em Administração Pública pela FGV/RJ. E-mail: avandoni@uol.com.br




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