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Cultura
Quarta - 02 de Março de 2005 às 23:54
Por: Flávia Guerra

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São Paulo - Fundada pelo mesmo grupo responsável pela criação do TBC e do Masp, a Vera Cruz produziu 18 filmes em quatro anos, importou de equipe técnica e equipamentos altamente qualificados, elevou o nível profissional do mercado nacional, foi praticamente a primeira escola de cinema do Brasil, lançou subgêneros como o Filme de Cangaço e os Filmes de Caipira, além de formar atores que se tornaram ícones do cinema e da TV, como Tônia Carrero, Anselmo Duarte, Cleyde Yáconis, Paulo Autran e Ruth de Souza.

Esta é a história de uma empresa de sucesso, certo? Errado. Ou não? Apesar desse legado deixado pela companhia fundada pelo engenheiro italiano Franco Zampari em 1949, a primeira tentativa de se fazer cinema industrial no Brasil é folclorizado como exemplo de fracasso. "Convencionou-se falar mal da Vera Cruz. E isso não foi só pela tentativa do Cinema Novo em se opor a conceitos preestabelecidos para afirmar seu novo movimento", comenta Sérgio Martinelli, organizador do livro Vera Cruz - Imagens e História do Cinema Brasileiro (ABooks).

Para repensar essa história e preservar a memória da Vera Cruz, o Sesc Ipiranga abre hoje a exposição Vera Cruz - Imagens e Histórias do Cinema Brasileiro, idealizada pela Ânima Cultural. São 40 imagens, muitas inéditas, e vários cartazes originais das produções, que refazem os caminhos traçados por Zampari e seus companheiros. Além da memória iconográfica, a controversa história do fracasso da Vera Cruz merece ser revista.

O público poderá fazer sua parte a partir do dia 10. Além das fotos, serão exibidos seis clássicos da Vera Cruz: Caiçara (1950), primeira produção da companhia; Sai da Frente (1951/52), primeiro papel principal de Mazzaropi; O Cangaceiro (1952), longa de Lima Barreto, único filme na história do cinema brasileiro a ganhar a Palma de Ouro em Cannes; A Família Lero Lero (1953); Na Senda do Crime, film noir de 1953; e a comédia É Proibido Beijar (1953/1954), penúltimo filme produzido pela Vera Cruz, com Tônia Carrero.

Amanhã, o ator e produtor Renato Consorte, que trabalhou em 12 dos 18 filmes da Vera Cruz, vai contar casos memoráveis que permearam as filmagens de vários clássicos. Consorte entremeia a conversa com canções dos filmes, como Muiê Renderâ; Luar, Luar e Sôdade, de O Cangaceiro.

Os sucessos e a falência da Vera Cruz são fruto de um contexto complexo. Entendê-los ainda é essencial em uma época em que se tenta encontrar um modelo cinematográfico ideal para o mercado brasileiro. Para aprofundar esta discussão, Martinelli realiza no dia 12 a palestra Vera Cruz - Uma Revisão Histórica. E a Vera Cruz vai voltar a produzir. Martinelli e Galileu Garcia anunciam para o segundo semestre as filmagens de um documentário, sobre a vida e a obra de Lima Barreto.

Vera Cruz - Imagens e Histórias do Cinema Brasileiro. Sesc Ipiranga. R. Bom Pastor, Ipiranga, 3340-2000. Grátis. Filmes: Hoje, 20h; dias 10, 11, 12, 24, às 15h, 18h e 20h; dia 25, 11h, 14h e 16h. Mostra: 9h/21h30 (sáb., dom. e fer., até 17h30; fecha 2.ª). Grátis. Até 3/4. Palestra: Dia 12, às 16h30, com Sérgio Martinelli. Show: Amanhã, 21h. Com Renato Consorte. R$ 4.





Fonte: Agência Estado

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