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Politica Brasil
Terça - 01 de Março de 2005 às 11:57
Por: Onofre Ribeiro

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Nereu Pasini, presidente da Federação das Indústrias em Mato Grosso, contou-me na última sexta-feira sobre o clima de grande pessimismo dos empresários industriais, na reunião mensal ordinária da Confederação Nacional da Indústria – CNI realizada em Brasília.

Segundo ele, foi a maior chiadeira que já assistiu numa reunião da CNI. Os industriais, cujas empresas também se estendem pelo comércio, pelos serviços e pela agricultura, está desanimado com alguns pontos fundamentais na economia brasileira: a histórica carga tributária, os juros altos e crescentes, a questão cambial com a redução induzida do dólar em prejuízo das exportações.

Grande número de grandes empresas está sofrendo uma intensificação de fiscalização tributária, já que a máquina arrecadadora do governo é ineficiente e prefere concentrar-se nas empresas reconhecidamente pagadoras. Mas o pior mesmo, na visão do presidente da Fiemt, é que a renda das indústrias está caindo e já ameaça com quebradeira. “Eles temem uma recessão”, diz Nereu Pasini. No segundo semestre do ano passado a economia começou a reagir, mas em 2005 o governo já detonou o processo de crescimento alegando risco de inflação.

As grandes indústrias hoje são exportadoras e a queda induzida do dólar prejudica diretamente as exportações. “O clima é de desânimo em todos os segmentos”, segundo Nereu.. Ele lembrou também que Mato Grosso foi citado na reunião como um dos estados mais prejudicados tanto com a queda do dólar, quanto pelo aumento da safra americana de soja que resulta em queda dos preços internacionais. A perda de rentabilidade do agronegócio é inevitável.

O agronegócio é a vítima mais imediata. Os produtores compraram insumos para o plantio no segundo semestre de 2004 com o dólar alto. De lá para cá o preço internacional caiu e o dólar baixou. Como a soja é um produto de exportação, o produtor teve uma perda muito grande.

A previsão discutida na CNI é a de que o período de vacas magras será de dois anos para a soja e para o algodão. Nesse prazo o agronegócio enfrentará um período recessivo de redução de áreas plantadas, de produtividade e de queda na renda.

Por outro lado, na mesma reunião, o estado de Pará, através do presidente da federação das indústrias estadual, foi muito mais pessimista. Tomado por crise na questão fundiária e madeireira há muito tempo, a economia paraense vem sofrendo redução de vitalidade. Agora depois da morte da freira norte-americana Dorothy Lang, o governo federal distribuiu culpas generalizadamente e, segundo o presidente da Fiepa, o estado se transformou num caos. “O Pará não sabe o que fazer”, diz Nereu Pasini a propósito da situação paraense.

É sério quando a principal entidade representativa de um setor como o da indústria acena com pessimismo. E ainda mais quando o cenário pode ser recessivo pelos próximos dois anos. Como pano de fundo da cena, a crescente carga tributária, juros altos, e um governo de rumos completamente indefinidos perdido no emaranhado da incompetência.

EM TEMPO: sobre o artigo “Sobre mato-grossenses ilustres”, publicado neste espaço na última sexta-feira, foi impressionante a quantidade de e-mails e de telefonemas recebidos. A maioria, elogiando o ministro Gilmar Ferreira Mendes, objeto do artigo.

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e de RDM

onofreribeiro@terra.com.br




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