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Politica Brasil
Terça - 01 de Março de 2005 às 11:55
Por: Fausto Faria

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Os fatos políticos recentes, aqui e alhures, estão provocando uma grande agitação entre pretendentes a espaços na cena eleitoral do próximo ano, na planície e também no planalto.

Em Brasília, a eletricidade que navega pelas salas e corredores do Executivo e Legislativo deixará muita gente eletrocutada e completamente alijada dos embates futuros. O próprio presidente Lula deverá fazer uma judiciosa reavaliação de todo o seu projeto. A engenharia política com vista à sua reeleição sofreu abalos importantes na estrutura e, como todos sabem, uma construção com alicerce podre tem toda chance de ruir, de vir abaixo.

O que não se sabe no momento é a que custo o governo conseguirá tornar seu projeto viável. Pelos primeiros cálculos dos projetistas o desembolso será enorme, mesmo sem o conhecimento completo das falhas no projeto original.

O PMDB, um dos pilares importantes do projeto, continua apresentando novas rachaduras, sem que as antigas tenham sido resolvidas. Pelo contrário, a cada dia que passa, tornam-se mais evidentes e ameaçadoras. A bancada federal acaba de escolher um líder não muito amigo do Planalto. Saraiva Felipe (PMDB-MG) já avisou que não haverá alinhamento automático com o governo. Acreditando-se nessa ameaça, é possível supor que o presidente Lula terá dificuldade, na Câmara, para ver seus desejos atendidos.

O PTB, que sempre foi visto como uma viga mestra desse edifício, mostrou que o concreto de que é feito apresenta muitas falhas na sua composição. Os testes de resistência têm mostrado que essa viga não suportará a carga que se espera, a menos que seja feito um "reforço" substancial.

O PP, que até 14 de fevereiro era tido como aliado importante, parece estar tomando caminho diverso daquele que o governo espera. Agora, pelo que se ouve e se lê, decidiu dinamitar as fundações do edifício da reeleição.

Pelo que é possível vislumbrar, até o momento, a reforma ministerial que vem sendo adiada desde outubro do ano passado continuará indefinida por muito mais tempo.

Aqui na planície algumas agitações já apareceram. Mal o governador Blairo começou a falar em mudança de partido e os atuais aliados passaram a fazer intermináveis reuniões de avaliação. É todo mundo conversando com todo mundo. Até o PT tem-se mostrado disposto a abandonar o projeto próprio de candidatura ao governo, sinalizando claramente com o desejo de reforçar o time da reeleição. A senadora Serys e a deputada Verinha certamente estão horrorizadas com a "boa vontade" de boa parte dos seus companheiros.

Tal como lá no planalto, aqui na planície o PTB, que foi facilmente engordado, começou a emagrecer. Fez, inicialmente, uma transfusão para o PP e pelo que se comenta, na imprensa do Estado, está recuperando o sangue transfundido e preparando nova transfusão no PFL.

Há poucos dias o governador saiu em viagem para países latino-americanos e deixou, em tese, a arquitetura da reeleição bem organizada. Ao voltar encontrou o edifício razoavelmente danificado, podendo necessitar de novo projeto estrutural e recomeçar do chão uma nova construção.

No entanto, a revoado que está ocorrendo por aqui, como lá, pode tratar-se de mais uma estratégia de valorização dos parceiros. Toda essa lambança de lá e daqui pode servir apenas, e tão somente, para que os atuais condôminos do poder recebam um quinhão maior do botim já conquistado e do que eventualmente venham a conquistar.

Fausto Faria é médico e ex-secretário de Estado de Educação, Administração e Fazenda.




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