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Cultura
Segunda - 28 de Fevereiro de 2005 às 21:24
Por: Rocío Ayuso

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Los Angeles, 28 fev - Com a elegância da idade, Clint Eastwood conquistou um dos principais prêmios da última edição do Oscar, deixando Martin Scorsese para trás e levando a estatueta por "Menina de Ouro".

A produção de Eastwood conquistou ontem quatro dos "grandes" prêmios do Oscar: melhor filme, melhor diretor, melhor atriz (Hilary Swank) e melhor ator coadjuvante (Morgan Freeman).

Aos 74 anos, o veterano ator, diretor e produtor, que também é compositor, bateu muitos outros recordes.

Eastwood é o mais velho ganhador do Oscar de melhor diretor, numa uma indústria obsessiva pela juventude.

"Nós, aposentados, estamos tomando Hollywood", brincou Eastwood, tendo de se apoiar numa cadeira e deixar o peso das duas estatuetas no chão.

Além disso, ele é o primeiro ator na história a ganhar duas vezes os Oscar de diretor e produtor de um filme, que havia levado antes por "Os Imperdoáveis". Os resultados de ontem ressaltaram ainda mais as palavras dos que trabalharam com Eastwood.

"É algo indescritível, impossível de definir", tentou explicar Hilary Swank, ao comentar o trabalho do diretor, que a levou a seu segundo Oscar como melhor atriz, no papel da pugilista protagonista de "Menina de Ouro".

Quando tentou buscar palavras para explicar o segredo de Eastwood, Swank só conseguiu falar sobre um homem com os pés no chão, que sabe o que quer, mas que não é arrogante.

"Ele dirige e você atua", disse Morgan Freeman, ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante, por sua interpretação em "Menina de Ouro".

Eastwood devolveu os elogios com humildade, brilho e um sorriso com sabor de uma pequena vingança.

Com uma longa carreira de aproximadamente 50 produções (das quais ele dirigiu cerca de trinta), este herói de ação dos filmes de "velho-oeste" e de sagas violentas, como "Harry, o Sujo", não parecia ter entrado de vez para o time dos mestres do cinema.

Apesar de ter superado os estereótipos graças a "Os Imperdoáveis" e a sua longa carreira, até agora não havia conseguido fazer os filmes como ele gosta: com história, sem efeitos especiais, com bons atores e sem esbanjamentos.

Mas como sua própria trama, "Menina de Ouro" é hoje a história de um triunfo no qual ninguém apostava.

Eastwood acabou levando a vitória, e recebeu o prêmio com um detalhe verde na roupa, em homenagem à heroína de seu produção, que se veste com a cor durante o filme.

Como todas as vitórias, o êxito de Eastwood veio acompanhado de uma gota amarga, inclusive para o próprio vencedor.

"Fiquei um pouco frustrado quando começaram a construir esta competição entre Marty e eu", declarou em referência a outro dos grandes cineastas de Hollywood, Martin Scorsese.

O triunfo de "Menina de Ouro" deixou "O Aviador" de Scorsese sem os Oscar mais importantes da noite, reduzindo suas estatuetas, um total de cinco, a prêmios técnicos e à de Cate Blanchett, como melhor atriz coadjuvante.

Mas Eastwood pronunciou palavras de carinho a seu adversário, dizendo que sente "um grande respeito" por Scorsese.

No entanto, mais uma vez Scorsese foi embora sem sua estatueta, na sua sétima indicação ao Oscar, a quinta como diretor.

Considerado por todos como o diretor dos diretores, Scorsese segue no caminho de ficar na lista de mestres do cinema que nunca receberam um Oscar, como Stanley Kubrick ou Alfred Hitchcock.

Scorsese voltou a perder a estatueta para um ator-diretor, como aconteceu quando competiu com Robert Redford ("Gente como a gente") e Kevin Costner ("Dança com os lobos").

"Ninguém nunca merece nada", acrescentou Eastwood, com sabedoria de ganhador. "Há grandes filmes que ganharam (o Oscar) e outros tão grandes quanto que não receberam o prêmio. Nunca se sabe", resumiu.





Fonte: EFE

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