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Cultura
Segunda - 28 de Fevereiro de 2005 às 20:50
Por: Teresa Ribeiro

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São Paulo - A carta-manifesto contra a exclusão de Jorge Drexler, autor e interprete de Al Otro Lado del Río, música premiada ontem com o Oscar de melhor canção pelo filme Diários de Motocicleta, será entregue pessoalmente hoje pelo produtor do filme, o ator e diretor Robert Redford, ao presidente da Academia, Frank Pierson, segundo informou a assessoria do diretor do filme, Walter Salles. O presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, Pierson, roteirista de filmes como Uma Tarde de Cão, foi conselheiro do Instituto Sundance, fundado por Redford.

Mais de 400 pessoas assinam a carta. Entre elas, o ator Javier Bardem, os diretores Alejandro Iñarritu, Alfonso Cuáron, Nelson Pereira dos Santos, o cantor Lenine, a atriz Catalina Sandino Moreno e Joshua Marston (diretor de Maria Cheia de Graça).

O cantor e compositor uruguaio protagonizou uma das cenas mais emocionantes da cerimônia sem graça desta 77.ª edição do Oscar. O produtor do show, Gil Cates, vetou sua participação na festa pelo fato de ele não ser conhecido, e escalou o músico Carlos Santana e o ator Antônio Banderas para apresentar a canção de Drexler. Quando recebeu o troféu das mãos de Prince, premiado com o Oscar em 1984, em vez dos agradecimentos de praxe, Drexler cantou a sua canção.

O diretor do filme, o cineasta brasileiro Walter Salles, comentou a premiação de Drexler. Leia carta de Walter Salles: "Não poderíamos estar mais felizes, pelo autor maravilhoso que Jorge Drexler é, pelo fato de que uma canção que traduz de forma tão sensível a essência do filme ter sido reconhecida, e, finalmente, pela maneira tão digna com que Drexler recebeu o prêmio. A letra linda que Jorge escreveu para a canção fala das eleiçoes éticas, morais, que devemos fazer na vida. Pois bem, também fiquei feliz pela forma solidária com que toda a equipe que fez o filme se comportou quando os produtores do show que transmitiram a cerimônia não permitiram que Jorge cantasse. Gael Garcia Bernal, que havia sido convidado para apresentar a canção na cerimônia, se recusou a fazê-lo. A força de Diários de Motocicleta está no fato de que esse foi um filme feito de forma coletiva, em família. A alma do filme reside nesse todo onde as peças não são intercambiáveis.

Fizemos esse filme com total liberdade, e não havia por que aceitar ou compactuar com qualquer tipo de imposição agora, depois de cinco anos de trabalho. Se aprendemos algo com aqueles dois jovens que elegeram uma margem do rio, é que é preciso lutar por aquilo em que a gente acredita. Era necessário manter a coerência e a integridade do trabalho realizado ao longo de cinco anos por uma equipe que veio de todas as partes da América Latina, e foi essa coerência que Drexler personificou no domingo à noite. Quanto à versão da canção que se ouviu, não tem qualquer semelhança com a versão original que está no filme, tanto na forma quanto no conteúdo. Estava equivocada até no cenário e no figurino. Se nos convidam para essa festa, que nos aceitem como somos, e não como acham que devemos ser".





Fonte: Agência Estado

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