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Cultura
Sábado - 26 de Fevereiro de 2005 às 13:04

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O ex-ditador romeno Nicolae Ceaucescu, fuzilado há 15 anos em plena revolução, é motivo de riso em uma peça encenada em Bucareste, que ridiculariza aquele que por 25 anos teve o poder absoluto do país.

"Um dia na vida de Ceaucescu", peça do dramaturgo Denis Dinulescu e dirigida por Alexandru Tocilescu, é um espetáculo provocador, com imagens chocantes da mais negra época comunista, dominada por dois personagens grotescos: o ditador e sua esposa Elena.

O público morre de rir diante do absurdo das situações e cenas que são ilustradas com música e poemas usados pela propaganda comunista, que elogiava de maneira primária o casal Ceaucescu.

"O casal é ridicularizado ao máximo", declarou à imprensa o escritor, após dizer que sua intenção é também "despertar as consciências", transmitir uma mensagem política e reavivar uma memória coletiva adormecida muito cedo.

O diretor usa vários símbolos, como bandeiras, uniformes, tribunas oficiais e retratos, além de personagens emblemáticos, como o onipresente "rapaz da organização" que encarna a temida polícia Securitate.

Tocilescu recorre à comédia para narrar os espetáculos de glorificação de Ceaucescu, que na década de 80 alcançou proporções faraônicas, no apogeu do culto ao ditador comunista e à sua esposa.

O quarto de século em que Ceaucescu esteve no poder é representado em dois atos, da juventude, quando Nicolae era aprendiz de sapateiro e Elena vendia sementes, até sua execução, no Natal de 1989.

O espectador assiste à ascensão ao poder do casal Ceaucescu, ao circo de suas viagens pelo país e ao exterior, onde foram recebidos por reis e presidentes em Londres, Paris, Washington, Madri e Vaticano.

Segundo o diretor, o ator Florin Calinescu, que interpreta Ceaucescu, entende os defeitos do personagem e consegue uma sátira muito boa. Já a atriz Coca Blos, que encarna Elena, constrói com zelo e precisão a personagem agressiva e ignorante.

A parte musical do espetáculo está a cargo do cantor Nicu Alifantis e 50 figurantes participam do espetáculo.

Ceaucescu continua presente na consciência dos romenos 15 anos depois da queda do comunismo e de ter sido morto a tiros, após um processo sumário realizado às presas.

Os jornais continuam publicando reportagens sobre Ceaucescu e entrevistas com ex-agentes, que recebem substanciosas aposentadorias e falam de suas relações pessoais com o tirano e as operações por ele ordenada nos anos negros de seu governo.

Nas livrarias proliferam livros de memórias de funcionários e parentes do ditador, que apresentam aspectos da vida privada da família Ceaucescu, com detalhes sobre sua maneira de vestir, comer e passar o tempo livre.

Segundo a agência Monitoring Media, o ex-ditador foi mencionado em 2004 em 439 notícias, 135 delas no rádio e 304 na televisão, especialmente nos meses de janeiro e dezembro, o primeiro marca seu nascimento e o segundo, sua morte.





Fonte: EFE

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