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Internacional
Terça - 22 de Fevereiro de 2005 às 21:30
Por: Teresa Bouza

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Além de muitas homenagens, os quase 1.500 soldados dos Estados Unidos mortos no Iraque motivaram um inusitado movimento anti-guerra, no qual cada vez mais famílias de militares se alistam "em favor da paz".

As associações "Gold Star Families for Peace" e "Military Families Speak Out" lideram uma corrente que luta pela volta das tropas e o fim da ocupação.

O que o presidente americano, George W. Bush, considera "um grande momento para os que acreditam na liberdade" é, segundo muitas dessas famílias, "um momento sem razão, repleto de mentiras".

Essa foi a descrição dada à EFE por Cindi Sheehan, uma ativista da Califórnia que perdeu seu filho de 24 anos no Iraque em abril e que faz parte da "Gold Star Families for Peace", organização que reúne 50 famílias e que conta com aproximadamente 1.000 membros.

"Fico decepcionada em ver que o povo americano permite que seus dirigentes façam sua própria vontade apesar de todas as mentiras que nos contaram ", ressaltou Sheehan, que lamentou ter perdido seu filho Casey em uma "guerra inútil".

Sheehan acredita que organizações como a "Gold Star", que surgiu em dezembro, poderão mudar a percepção da opinião pública sobre a guerra e propiciar a volta das tropas.

A ativista cita o ocorrido no Vietnã como um exemplo de que seu objetivo é possível.

A história que Sheehan conta mostra que as situações não são impossíveis de serem mudadas, mas as pesquisas, a pouca cobertura dos pacifistas na imprensa e a própria reeleição de Bush apontam que as mudanças que as entidades buscam não serão fáceis.

Uma pesquisa nacional feita recentemente pelo jornal The New York Times aponta que 51% dos americanos continuam favoráveis à permanência das tropas no Iraque, apesar do crescente número de vítimas e feridos.

A isso se soma o fato de que até pacifistas como Naomi Klein, uma das vozes mais críticas da guerra no Iraque, acham que o movimento antibélico carece da força necessária.

Celeste Zappala, uma funcionária pública da Filadélfia de 57 anos que também perdeu seu filho na guerra, lamentou a "passividade" de seus compatriotas, mas assegurou que são muitos os que, como ela, apostam por um EUA mais pacífico.

"Resisto a acreditar que os conflitos só podem ser solucionados com bombardeios", assegurou à EFE Zappala, acrescentando que "não podemos matar todas as pessoas que não gostamos neste mundo".

Segundo a funcionária pública, muitos americanos não querem pronunciar-se abertamente contra a guerra por temerem ser qualificados de pouco patriotas.

Trata-se, segundo ela, de um medo "ridículo" em um país democrático.

"Eu não tenho medo de nada, o que vão fazer comigo?", apontou Zappala, que denunciou os esforços do governo Bush para silenciar os esforços da "Gold Star Families for Peace", associação à qual pertence.

O grupo pacifista solicitou no mês passado uma reunião com o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld. Segundo Zappala, ele nunca respondeu à solicitação do grupo.

O movimento pacifista esteve em crescente queda depois da reeleição de Bush, mas sua mensagem voltará a ser escutada com força em 20 de março, data que marca o segundo aniversário da guerra no Iraque.

Com esse motivo, pacifistas de todos os EUA se reuniram no fim de semana passado em St. Louis (Missouri) para organizar os protestos do próximo mês e redefinir sua estratégia com vistas ao futuro.

A reunião foi convocada a pedido da "United for Peace and Justice", uma organização que reúne mais de 1.000 associações antibélicas de todo o país.

Entre seus membros, está a "Military Families Speak Out", que possui 2.000 familiares de militares e assegura defender os soldados "solicitando o imediato fim da guerra e a volta das tropas para casa".





Fonte: EFE

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