Bolívia quer vender carne de lhama a MT

Oruro, Bolívia - A Província de Oruro, na Bolívia, está interessada em vender carne de Ilhama para Mato Grosso. É uma carne saborosa, nutritiva, de colesterol zero, mas que é desconhecida dos brasileiros. Prestes a ver aprovada a lei que regulamenta o funcionamento da Zona Franca, Oruro, capital do Departamento, foi a última cidade visitada pela Expedição Internacional – Estradeiro 4 no final da tarde deste domingo (20.02), depois de a comitiva ter realizado uma viagem de nove horas, procedente de Iquique (num trajeto de 490 km), no Chile. Recebido pelo prefeito (governador) do Departamento, o engenheiro Walter Lague Saravia e pelo alcalde Edgar Bazan, o governador Blairo Maggi assinou na presença de políticos e empresários um protocolo de intenções de Colaboração, Integração e Desenvolvimento.

No departamento, que conta com 16 províncias e cerca de 350 mil habitantes (Oruro tem 170 mil), existe hoje um rebanho de 500 mil cabeças de Ilhama, que a exemplo da alpaca, outro animal típico da região andina, fornece, além da carne, também a lã. A produção mensal fica entre 80 mil e 100 mil toneladas (abate entre 5 e oito anos), das quais a maior parte é destinada ao consumo interno nos grandes centros e apenas 4,5% vai para a exportação, principalmente para a Europa, para países como a Suíça. E os empresários estão de olho no mercado brasileiro.

Como o governador Blairo Maggi vem destacando, o grande mérito dessa expedição tem sido o fortalecimento do mercado intra-regional entre os países vizinhos. Produtos mato-grossenses podem ser exportados para a Bolívia, via Oruro e, em contrapartida, os caminhões podem voltar carregados com produtos tais charque, sal e cebola, da espécie Dulce, orgânica e que não usa pesticidas. Esta cebola já tem mercado certo no Brasil, a pedido de importadores, de acordo com o prefeito Saravia. O sal é outro produto que existe no Departamento de Oruro que pode interessar muito a Mato Grosso. Com um rebanho estimado em 28 milhões de cabeças de gado, o maior do Pais, Mato Grosso traz sal do litoral nordestino, a quatro mil quilômetros de distancia, e Oruro fica a apenas 1.250 quilômetros.

“È um mercado que deve ser explorado. Os empresários e cooperativas que produzem a carne aqui podem aos poucos introduzi-la em churrascarias e restaurantes brasileiros. É uma carne muito gostosa que eu também não conhecia”, disse o governador Blairo Maggi. Ele recomendou um contato com os empresários brasileiros. O Seminário Internacional de Infra-estrutura intermodal, que será realizado nos dias 2, 3 e 4 de marco no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, será um momento apropriado para isso.

Maggi, a exemplo do que aconteceu em outras cidades, foi homenageado com um título de “Hospede Ilustre”. Ele disse que a expedição serviu para derrubar mitos, como o da dificuldade de se transpor a Cordilheira dos Andes. “Quem não conhecia a passagem pelos Andes achava que era uma montanha difícil de escalar, que teria que subir e subir. Mas não é assim.Tem subidas suaves, depois descidas e o altiplano, cuja trafegabilidade é boa sendo possível chegar ao Pacifico”, afirmou. Ele também disse que a Bolívia vem realizando alguns trabalhos de pavimentação em algumas estradas importantes, como a que liga Oruro ao Chile, via Iquique. “Com boas estradas, poderemos intensificar os negócios intra-regionais. Haverá maior transito de mercadorias e de pessoas fazendo turismo”, disse o governador.

“Esse protocolo assinado significa uma porta aberta ao progresso”, disse o prefeito Walter Saravia, ao falar sobre o protocolo de intenções assinado com o Departamento de Oruro. Ele está confiante que o Porto Seco, que já está pronto e deve funcionar assim que o governo promulgar a lei, irá servir de importante entreposto para a troca de mercadorias.

De Oruro a expedição rodou mais 230 quilômetros até Cochabamba, onde pernoitou. Nesta segunda-feira (21), décimo dia da expedição, a comitiva partiu às 7h44 de Cochabamba rumo a Santa Cruz de la Sierra. Antes de Santa Cruz, a 54 km, o governador foi homenageado na pequena Montero, localidade de 10 mil habitantes. O distrito é caminho para Santa Cruz e pertence a Província de Obispo Santistevan. Das mãos do sub-prefeito, Raul Cuellar Languidey, Maggi recebeu numa rápida cerimônia um titulo honorífico pelo trabalho que vem realizando em Mato Grosso e pelos esforços que tem feito pela integração. A comitiva deve sair de Santa Cruz nesta terça-feira por volta das 4h, devendo chegar a Cuiabá no início da noite.