Riqueza Animal : Falta de controle facilita o tráfico

Mato Grosso é um dos estados brasileiros de onde mais saem ilegalmente animais silvestres, segundo a ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas). Além de riqueza de fauna, o Estado tem extensa fronteira com o exterior o que facilita o tráfico à margem da fiscalização. Apesar do tamanho do problema, não há repressão efetiva a esse tipo de crime. O Instituto Nacional de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) faz autuação em postos fiscais e acionado por denúncias e, a delegacia da Polícia Federal (PF) responsável por coagir esse tipo de crime ainda não está estruturada o suficiente para atender a demanda.

Em 2004, o Ibama emitiu 33 autos de infração em Mato Grosso, impedindo que anfíbios (sapos e pererecas), mamíferos e outros animais fossem traficados. "Os anfíbios são muito procurados pela indústria farmacêutica para fabricação de remédio", explica o responsável pelo Núcleo de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama, César Soares. Mas, a maior parte das multas aplicadas em 2004 tiveram como alvo habitantes locais que insistem em manter pássaros e aves silvestres em cativeiro. "Trata-se de um hábito cultural. Araras, papagaios e pássaros servem para adornar ambientes", complementa Soares. A estatística se refere aos escritórios de Cuiabá - que atende a Rondonópolis, Cáceres, Poconé e Pontes e Lacerda - e o de Barra do Garças.

O fato é que a repressão a esses crimes esbarra na falta de efetivo e de estruturação dos órgãos competentes. O titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Ambientais e ao Patrimônio Histórico (Delemaph) da PF, Emerson Silva Barbosa, explica que a delegacia está em fase de reestruturação por conta de diversas mudanças de titulares. Além disso, a atual estrutura da Delemaph (um delegado, um escrivão e dois agentes) não é suficiente para coibir a prática em todo o território do Estado e em suas áreas de fronteira.