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Politica Brasil
Sábado - 19 de Fevereiro de 2005 às 20:20
Por: Elias Mattar Assad

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Comum nas pessoas de nossa geração ouvir isto das mais velhas referindo-se a alguém doente para o qual a medicina já não tinha quaisquer soluções. A partir daí entregava-se o paciente a própria sorte.

Com o avanço tecnológico projetando constantemente luzes nesse campo científico, supúnhamos estarmos no paraíso de Asclépio (Esculápio, na mitologia romana) “deus da medicina” ou próximo dele. Hospitais, mormente particulares, templos sagrados onde se efetuam curas com ciência aplicada...

Espécie de “tiro de misericórdia” nessa certeza sonambúlica, vimos, ano passado em programa televisivo nacional, que alguém daria um milhão para quem quer que provasse cientificamente que a homeopatia funciona... (isto ficou em aberto). Agora, identicamente, uma respeitável revista desnuda ao público os bastidores dos laboratórios, colocando em dúvida critérios dos órgãos oficiais de controle da eficiência e qualidade de tais drogas (mesmo o estadunidense), alarmando a sociedade com afirmações generalizadas de que estes ou aqueles produtos teriam sido retirados do mercado e outros enquanto benfazejos para uma coisa, nefastos para outras e colocações do gênero...

Para completar o quadro, fez cálculo mercantilista envolvendo cifras bilionárias deste ou daquele medicamento (direcionando que consumidores são espécies de cobaias e otários ao mesmo tempo). Isto deve ter causado uma corrida aos consultórios: “doutor, o senhor me receitou esta porcaria?” E o médico: “seu médico sou eu ou a televisão e a revista...” como se ele já não tivesse feito avaliações técnicas em seu sagrado ofício. Afinal quem responde por eventual erro é ele!

A gravidade disto é tamanha que não posso imaginar os conselhos de medicina e farmácia, governo, ministério público, órgãos de defesa do consumidor, meios de comunicação silenciarem não esclarecendo exaurientemente a questão (por menos se instaurou CPI). Caso isto não ocorra, para quem acreditava que medicina e farmácia curam, agora resta o medo que essa paranóia ou verdade deflagrada originou. Isto interfere com aspecto psicológico da cura e com a credibilidade dessas instituições.

Os “antídotos” seriam debates e campanhas para esclarecimento da nação – resgatando a verdade. Afinal, se a homeopatia realmente não funcionasse, como explicar a existência de médicos e farmácias homeopáticas? O mesmo com os remédios elencados pela revista e comentários feitos, ou seja, se assim ocorre onde está o controle e a fiscalização nesses vitais temas de saúde pública... Estamos expostos?

Nenhum esclarecimento fará com que “desenganado pelos médicos” passe a significar: a vida inteira enganados...

Elias Mattar Assad é advogado, presidente da Associação Paranaense dos Advogados Criminalistas e vice-presidente da Brasileira (e-mail: eliasmattarassad.com.br).




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