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Politica Brasil
Quinta - 17 de Fevereiro de 2005 às 17:59
Por: Adriana Vandoni Curvo

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Ao completar 25 anos o Partido dos Trabalhadores entra em sua fase de maturidade enfrentando uma profunda crise de identidade. Tal qual vivido pelo Príncipe Charles, o partido vê-se totalmente perdido entre dois amores, o conveniente e o real. A Diana e a Camila.

No discurso, o PT ainda ama Diana, representada pelo espírito revolucionário, justiça social através da luta contra o neoliberalismo, desprezo ao capitalismo burguês, política voltada para os menos favorecidos. Na prática, para se fixar no poder (e é só no que pensa), usando como subterfúgio a famigerada “governabilidade”, escolhe a amante.

Assim que chegou ao poder o partido viu que não ia conseguir governar apenas com a ilusão de que o seu lado Diana bastaria, começou uma frenética campanha de alianças, puladas de cerca para ir ao encontro da sua outra.

Formou-se, então, a sua base aliada, composta de partidos antes desprezados como o PTB, PMDB, PFL e outros. No início do governo, o PT tentou tratá-la (base aliada) como mera amante. Só a procurava na calada da noite para fazer acordos. Considerava feia essa relação. Queria manter as aparências. Porém, a base concubina começou a cobrar espaço, começou a exigir o seu verdadeiro lugar na história, na manutenção da aura de equilíbrio, como partícipe das vitórias do partido príncipe. Nada mais justo.

Nessa época a presença de Diana ainda era forte, vez ou outra ela exigia que o príncipe declarasse que era ela que tinha subido ao trono com ele. Quando isso acontecia, o PT, agindo sob pressão de Diana, expulsava companheiros, colocava boné de movimentos sociais clandestinos. Mas, não adiantava, não era Diana que realmente ditava as regras, era a amante. Percebendo isso, recentemente, 111 petistas romperam com o partido.

Até quando o PT vai teimar em não enxergar que Diana é um fantasma do passado, por mais glamourosa que seja sua lembrança, ela não existe mais. A realidade, nem tão bonita, nem tão magnífica e nem tão popular, porém verdadeira é a Camila.

O príncipe Charles demorou trinta anos para assumir a sua amante, por quê? Para o mundo, ela representa o menos bonito, menos correto e fora das convenções da realeza. E o PT? Quanto tempo vai levar? Aos que ainda amam e cultuam Diana, resta-lhes, talvez, o PSTU ou o PSOL.

Desejo ao Partido dos Trabalhadores nesta data querida, vida longa, mas resumo os meus votos, como diria Lula, “em uma única palavra”: livre-se da Síndrome de Charles, não espere trinta anos, apague as lembranças de Diana e assuma definitivamente a sua Camila.

Adriana Vandoni Curvo é professora de economia, consultora, especialista em Administração Pública pela FGV/RJ. E-mail: avandoni@uol.com.br




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