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Cultura
Quarta - 16 de Fevereiro de 2005 às 16:00

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O projeto Cinema Circulante Arne Sucksdorff desde outubro de 2004 tem realizado nas cidades de Poconé, Livramento, Chapada, Várzea Grande e Cuiabá, a projeção de filmes nacionais em comunidades que dificilmente teriam acesso a bens culturais. Essa é só uma das ações de uma importante iniciativa de intervenção cultural que vai além do simples caráter exibicionista.

Não só populariza o cinema, como também, objetiva o surgimento de multiplicadores sociais. Numa nova fase, que tem início em abril, vai promover oficinas e workshops para subsidiar a atuação de seus personagens sociais e estimulá-los a desenvolverem atividades independentes após a passagem do projeto pelo município. Nascem aí não só amantes, como até mesmo futuros profissionais do cinema, dependendo do empenho e das possibilidades de cada um dos aprendizes.

Uma idealização da Associação dos Profissionais de Cinema e Outras Tecnologias Audiovisuais de Mato Grosso (AMAV-ABD/MT), é patrocinada pelo Ministério da Cultura, Secretaria de Estado de Cultura e Rede Cemat.

Neste final de semana, Livramento será mais uma vez alvo de projeções do cinema nacional, com sessões nos dias 19 e 20, às 17 horas, no Salão Paroquial. Os dois filmes retratam de forma otimista a rotina de pessoas humildes e suas ocupações.

No sábado (19), será exibido o documentário Um Dia Qualquer, de Zuenir Ventura e Izabel Jaguaribe. Ele registra espirituosamente, a jornada de cinco pessoas que usam o corpo como instrumento de trabalho: uma empregada doméstica, um motorista de ônibus, um office-boy, um vendedor ambulante e uma dançarina. Em comum, eles têm a vida dura e uma certa alegria de viver – o trabalho árduo, às vezes penoso, pode conter a disposição para o riso e para a celebração. As marcas que a cultura e a história de um país imprimem no corpo traduzem-se na sua maneira de andar, de escolher as roupas, de estabelecer vínculos amorosos, de se exibir.

Já Domésticas, de Fernando Meirelles, diverte o espectador ao revelar um Brasil formado por pessoas que, apesar de morar dentro de sua casa e fazer parte de seu dia-a-dia, passam despercebidas. Cinco das integrantes deste Brasil são mostradas em "Domésticas - O Filme": Cida, Roxane, Quitéria, Raimunda e Créo. Uma quer se casar, a outra é casada mas sonha com um marido melhor. Uma sonha em ser artista de novela e outra acredita que tem por missão na Terra servir a Deus e à sua patroa. Todas têm sonhos distintos mas vivem a mesma realidade: trabalhar como empregada doméstica.

A trilha sonora, composta de clássicos da música brega brasileira e por canções nacionais de rap.é um dos grandes atrativos do filme. A original, composta por André Abujamra, foi criada somente com sons de boca e objetos de limpeza como vassouras e aspiradores.

CIDADANIA

As exibições do Cinema Circulante são pano de fundo para discussões acerca de temas diversos como a saúde, meio ambiente e cidadania, entre os integrantes das comunidades alcançadas pelo projeto. Esses momentos contribuem até mesmo com a renovação da auto-estima destas.

Em Livramento percebe-se um expressivo gosto pelo cinema. As sessões chegam a reunir quase 500 pessoas. Como há poucas possibilidades de freqüentarem salas de cinema – as mais próximas estão em Cuiabá – a população se deleita. A possibilidade de assistirem a filmes nacionais torna-se ainda mais remota já que produções do gênero têm pouco espaço na capital.

Como ao final da fase das oficinas cada comunidade vai produzir seu próprio filme – com aparato técnico e metodológico oferecido pela Amav – elas vão revelar suas características peculiares. Irão mais além. A de João Carro, na Chapada, formada por integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (Mab) já tem a idéia formulada. Vão produzir um documentário com a versão deles sobre o processo de remoção que sofreram. Mais informações: 623-9091 ou 8114-5058.





Fonte: Da Assessoria

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