PE: apesar do surto de cólera, há pouca orientação

Mesmo depois da confirmação do quarto caso de cólera no município e da intensificação do trabalho dos agentes comunitários de saúde, a população de São Bento do Una ainda não está agindo adequadamente para evitar a proliferação do vibrião colérico. Ontem, 35 militares do Exército foram ao município para orientar os moradores do bairro de Odete Costa, além de distribuir hipoclorito de sódio. Nesse bairro, no ano passado, foi registrado o primeiro caso da doença, quando o município enfrentou o surto de cólera que deixou 21 pessoas doentes.

A falta de conscientização e de mudanças de hábitos podem ser observadas nas casas onde já houve a confirmação do contágio pela cólera. "Depois que ele ficou doente ainda esqueço de colocar hipoclorito na água", confessou a agricultora Maria Bezerra da Silva, 36 anos, mãe de Rafael, de quatro anos, que contraiu o vibrião, no bairro do Iraque.

Até a água em que são lavados os pratos fica acumulada, sendo reaproveitada, até mesmo para a limpeza dos objetos a serem utilizados pelos próprios filhos. Visitando a residência dessas pessoas é possível constatar que, até agora, a única preocupação que elas têm é de colocar o hipoclorito de sódio na água consumida. "Estou colocando o produto na água que consumimos. Já o meu filho, como ainda está com diarréia, só está bebendo soro fisiológico", contou a dona de casa Maria José da Silva, 30 anos, mãe de Elisson, última vítima confirmada da doença, um menino de dois anos, que contraiu o vibrião colérico no bairro de Santo Afonso.

Para o secretário de Saúde de São Bento do Una, Antônio Carlos Manoel de Almeida, uma das maiores dificuldades para conter a doença é o fato de que não houve uma continuidade na orientação educacional da comunidade.

Os gestores do município consideram a falta de saneamento básico um dos maiores indicadores para que o vibrião continue circulando, uma vez que só neste ano as quatro pessoas que tiveram cólera moram em localidades distintas. Ontem, uma equipe da Secretaria Estadual de Saúde (SES) esteve na cidade para analisar as reais condições do saneamento básico do município.