Derrota do governo pode ser mais simbólica que prática

Brasília - A eleição do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência da Câmara pode ter um efeito mais simbólico de derrota para o PT do que de dificuldades políticas para o governo. Lideranças ligadas à articulação dos projetos da agenda legislativa do governo acham que Severino Cavalcante não deverá causar problemas políticos na relação com o governo na Câmara, no Senado ou no Planalto.

Mesmo no caso do medida provisória 232, sobre a qual ele já declarou que não vai aceitar a pressão "dos tecnocratas", sua atitude não surpreendeu. "Qualquer um dos candidatos, se eleito, diria a mesma coisa", avalia um dos articuladores do governo.

Em relação à reforma política, exemplifica, é possível construir um acordo na Câmara. "Severino pode até ter este perfil fisiológico que deverá ser muito explorado pela imprensa, mas com certeza ele é simplório, mas não é homem de fazer besteiras, podem apostar", disse um parlamentar próximo ao Planalto, que aposta numa administração séria por parte do deputado pernambucano.

Culpados pela derrota

A derrota é atribuída à articulação do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e ao presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). Um influente parlamentar acredita inclusive que o ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, sai do caso fortalecido.

Entre aqueles que estão mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há os que atribuem à insistência da proposta para a reeleição de João Paulo, na Câmara, e José Sarney, no Senado, à falta de tempo para articular a escolha de nomes na Câmara dentro do PT e junto à base aliada.

Ninguém podia falar em nomes enquanto a emenda da reeleição pairava na pauta do Congresso. Os nomes foram escolhidos sem tempo para discutir as indicações junto a todos os setores que apóiam o governo.