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Agronegócios
Sábado - 08 de Janeiro de 2005 às 07:04
Por: Renata Veríssimo

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Brasília, 7 - A Confederação Nacional da Indústria (CNA) engrossou hoje o coro contrário à Medida Provisória 232, que, entre outras coisas, corrigiu a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física. O chefe do Departamento Econômico da CNA, Getúlio Pernambuco, afirmou à Agência Estado que a MP vai deprimir ainda mais a renda do produtor rural, num ano em que os preços agrícolas devem cair.

O artigo 6º do texto estabelece o recolhimento, quinzenalmente, do Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) sobre os pagamentos feitos por pessoas jurídicas a produtores, pessoa física ou jurídica, que forneçam insumos que gerem crédito presumido. A nova regra entra em vigor dia 1 de fevereiro. Atualmente, o recolhimento é feito apenas na declaração anual do imposto de renda. A isenção será apenas para pagamentos de até R$ 5 mil para pessoas jurídicas e R$ 1.164,00 para pessoas físicas. "Atinge todo mundo", disse Pernambuco.

"Achamos que a medida provisória é equivocada porque confunde o conceito de renda e receita, que para a Agricultura não é a mesma coisa", afirmou Pernambuco. "Essa conduta não pode ser tomada porque o preço na Agricultura é feito pelo mercado e não por uma estrutura de produção mais margem de lucro, como no segmento industrial", completou.

O economista da CNA disse que mesmo em operações de venda com prejuízo o produtor terá que recolher os tributos e só poderá resgatá-los na declaração de ajuste anual de imposto de renda. "Essa medida é ruim ainda mais porque vem num momento em que há uma perspectiva de preço cadente em 2005", disse Pernambuco. Segundo ele, a perspectiva é que o crescimento do PIB da Agropecuária este ano seja menor que em 2004, que ficou em torno de 3%.

"A medida sacrifica ainda mais a renda do setor rural. Os mais prejudicados serão justamente aqueles setores onde os preços já estão deprimidos porque aumenta o prejuízo do produtor", concluiu. A CNA vai esperar o retorno dos trabalhos legislativos para tentar, junto à Frente Parlamentar da Agricultura, suprimir o artigo quando da votação da medida provisória.

Representantes da CNA estiveram hoje com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, para pedir a revogação do artigo que trata do setor agrícola. Pernambuco contou que o ministro reconheceu a necessidade de discutir o assunto com a área econômica do governo e teria dito que não foi consultado.

"Achamos estranho quando lemos a exposição de motivos da MP porque ela explica todos os artigos e pula o artigo 6º, o que nos deu a impressão de não haver um parecer técnico sobre o assunto", disse Pernambuco. A exposição de motivos encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva é assinada pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy.

Segundo a CNA, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso editou uma medida provisória em 2002 no mesmo sentido mas a revogou depois. "Esse assunto é recorrente na Receita Federal", disse Pernambuco.




Fonte: Agência Estado

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