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Politica Brasil
Sexta - 31 de Dezembro de 2004 às 14:58
Por: Eduardo Ramos

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Adilton Sachetti, 48, deve ser um dos primeiros prefeitos empossados no País. A sua posse, marcada para a zero hora do dia 1º de janeiro, e o início de sua gestão é aguardado com expectativa. Casado, empresário no setor do agronegócio e líder inconteste entre os produtores de soja e algodão do Cerrado Brasileiro, ele estréia na política com a missão de dar seqüência ao acelerado ritmo de desenvolvimento, melhorar a infra-estrutura e, principalmente, reduzir as desigualdades sociais num dos municípios mais importantes de Mato Grosso.

Para cumprir a missão, ele se afastou das atividades empresariais e nos últimos três meses se entregou a uma rotina árdua de reuniões, levantamentos e adequação dos planos para administrar Rondonópolis. Esta semana Adilton Sachetti quebrou um pouco a rotina para atender a nossa reportagem e falar sobre esse novo momento em sua vida. Numa conversa longa em sua casa, ele falou sobre a relação com o governador Blairo Maggi, com a oposição, com os servidores públicos e sobre o que considera os principais desafios.

Diário de Cuiabá – Como foi o período de transição? O senhor conseguiu ter acesso a todas as informações que considerava necessárias?

Adilton Sachetti – Conseguimos, é claro que certas coisas só são percebidas no dia-a-dia, na realidade dos fatos. Mas, como nós tivemos ampla e total liberdade de entrar na prefeitura, conversar com as pessoas e obter os dados solicitados. Posso assegurar que nosso secretariado já tem condições de, no início do ano, começar a administração tranqüila e sem problema nenhum.

Diário de Cuiabá - Pelo o que o senhor observou nesse período de transição, quais são os desafios que o senhor considera emergenciais?

Sachetti – Eu diria que esses primeiros 120 dias serão voltados mais para uma reestruturação administrativa. Vamos conservar muitas pessoas no quadro. Teremos algumas mudanças, em função inclusive de ajustes políticos, mas nesses primeiros quatro meses, que aliás coincide com o período de chuvas em que é difícil tocar obras, o trabalho será mais de assentamento de inter-relação entre as secretarias. Queremos mexer no Organograma interno da prefeitura, readequando alguns cargos, nominando e definindo as atribuições de outros. Nesse primeiro momento também vamos contingenciar o Orçamento, até para ver direito esse novo rumo que toma a economia regional em função da derrocada dos preços das commodites agrícolas, em função da queda do dólar e da valorização do Real – situação que pode comprometer e muito a nossa arrecadação. Então teremos um início de gestão mais ‘freado’ e lá na frente, a partir de março ou abril, começar a atacar mais efetivamente os problemas que consideramos mais urgentes.

Diário de Cuiabá – O senhor então acha que não dá para confiar nesse orçamento prevendo receitas em torno de R$ 188 milhões em 2005?

Sachetti – Não, nesse momento não dá. Esse Orçamento foi feito à cerca de quatro meses, dentro de uma outra realidade. Hoje a situação é diferente, projeta uma quadro futuro preocupante e precisamos ser responsáveis. É melhor segurar um pouco agora e depois, com dinheiro em caixa, fazer as obras necessárias. O que não pode é iniciar agora e depois não ter como terminar. Isso custaria muito mais caro à população e não resolveria o problema.

Diário de Cuiabá – Imaginando um cenário positivo para a arrecadação e, apesar de não ter participado de todo o processo de elaboração do orçamento, o senhor pretende cumprir rigorosamente as dotações previstas para cada setor da administração municipal?

Sachetti – Não há como fazer isso na atual conjuntura administrativa. A peça orçamentária, da forma como ela vem sido colocada ano a ano, não tem como ser fechada. O que pretendemos fazer em 2005 é um estudo profundo feito em cada Secretaria que nos permita produzir para 2006 um Orçamento mais próximo da realidade e adequado as necessidades de cada setor. Para isso é preciso ter uma reestruturação administrativa e uma nova maneira de conduzir a Prefeitura. Não quero com isso, e em momento algum questionar, o Percival, que é meu antecessor imediato, ou qualquer outro ex-prefeito de Rondonópolis. Mas quero dizer que vamos procurar implementar o nosso estilo de administração.

Diário de Cuiabá – O senhor falou sobre a Câmara. Qual é a expectativa quanto a relação com os vereadores.

Sachetti- Acho que os vereadores estão conduzindo tudo com maturidade e não tive até agora nenhuma interferência nisso. E isso já é uma forma de agir, pois até então a tradição era a interferência do Executivo na escolha da Mesa da Câmara e, por outro lado, dos vereadores na definição do secretariado e dos principais cargos. Isso não está acontecendo agora e, o que é melhor, essa situação tem se desenrolado de forma clara e sem discussão. É claro que terei adversários na Câmara, mas isso é natural e faz parte do jogo político. Estamos passando por um momento político novo e o que pesa hoje não é a ideologia de esquerda, centro ou direita. Tem gente boa e gente ruim em todas as áreas, e o que se cobra hoje é a boa conduta e a competência do político em responder as demandas da população.

Diário de Cuiabá – Qual a postura que o senhor espera dos candidatos que foram derrotados na eleição, em especial os deputados Zé Carlos do Pátio e Welinton Fagundes, com seus respectivos partidos em relação a sua gestão?

Sachetti – Uma coisa é a nossa disputa e as diferenças que tivemos dentro da campanha política. Algumas continuarão, até devido aos processos que correm na Justiça, mas eu acredito que não teremos problemas de relacionamento. Tanto o deputado Welinton Fagundes, quanto o José Carlos do Pátio, conseguem enxergar a cidade em primeiro plano. Prova disso é que semana passada o deputado Welinton Fagundes trouxe um recursos para o Parque da Águas, aqui em Rondonópolis. A população não pode ser penalizada por uma disputa política, aliás tem é que ganhar com a diversidade de opiniões e projetos políticos.

Diário de Cuiabá – Um dos principais apoiadores da campanha do senhor foi o governador Blairo Maggi, que é seu amigo pessoal. Como essa relação de vocês vai influenciar a sua gestão na prefeitura?

Sachetti – A amizade que eu tenho com o Blairo é uma coisa, a administração que eu pretendo realizar é outra. Essa não será uma ‘Gestão de Compadres’, será uma administração baseada no respeito e na competência. Ele conhece meu trabalho e eu o dele, temos uma relação pessoal e profissional muito forte, e um respeito mútuo grande. É claro que ele terá tranqüilidade para desenvolver ações conjuntas comigo, mas não pela amizade e sim porque conhece a minha forma de agir. Tenho a certeza de que ele vai nos apoiar de forma objetiva e rápida e isso será muito benéfico para Rondonópolis.




Fonte: Diário de Cuiabá

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