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Prefeito de Sorriso conclui 3º mandato hoje e faz balanço
Depois de 12 anos à frente da administração de Sorriso, o prefeito José Domingos Fraga Filho estará transmitindo o cargo amanhã a prefeito eleito e que é seu adversário político. Zé Domingos concedeu entrevista ao Só Notícias e explicou que pretende voltar a trabalhar na iniciativa privada, montando uma empresa de assessoria dentro de sua área de formação acadêmica, a agronomia.
Ele destacou que foram mais de 300 obras realizadas em seus 3 mandatos, mas afirma que gostaria de ter avançado mais na parte de cidadania, construído mais casas para a população carente. Disse que muitas vezes demonstrou fragilidade e não conseguiu manter a coerência em suas decisões, mas estará caminhando com a cabeça erguida a partir do ano que vem, com a certeza do dever cumprido.
Só Notícias: O senhor está concluindo doze anos de administração com qual sentimento, com qual impressão pessoal?
José Domingos - A partir do dia primeiro eu carrego um sentimento de dever cumprido. É lógico que nós não conseguimos implantar tudo aquilo que nós imaginávamos, até porque a Sorriso é um município muito dinâmico, as coisas aqui acontecem numa velocidade muito grande. É humanamente impossível acompanhar esse crescimento com a estrutura que temos. O crescimento é considerado acima de um crescimento normal de qualquer cidade brasileira. Mas mesmo assim, posso dizer que nós conseguimos fazer Sorriso chegar nesse patamar que hoje se encontra. Hoje posso dizer que esta cidade foi construída com as minhas ações, em parceria com os meus colegas de trabalho e também com o apoio da sociedade e demais poderes.
SN: O seu governo primou principalmente pelo social?
JD: Foi estabelecido uma rede social, onde hoje há dezenas de obras construídas, bastante significativa, tanto na ação social, como na educação e saúde, com dezenas de programas e projetos voltados para a rede social. Além disso nós investimos muito também na questão patrimonial do município, onde tudo que nós temos aqui é de ponta, de primeiro mundo, e fizemos questão também de investir naquilo que nós temos de mais valioso que é a nossa população e os nossos colegas de trabalho. Hoje eu posso garantir que o quadro atual da administração é um dos melhores quadros de servidores em todas as áreas. Praticamente não existem professores leigos. De acordo com o “PENUD”, órgão ligado a ONU, tem o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado.
SN: O crescimento se deu também na área econômica?
JD: Fizemos também um trabalho muito sério junto a classe empresarial do município e do Estado, visando transformar Sorriso num pólo da agroindústria. Isto está acontecendo, algumas empresas já estão agregando valores, verticalizando a nossa produção, gerando divisas e oportunidades, dezenas de empregos para o nosso município. Podemos dizer ainda que criamos alguns projetos alternativos envolvendo o micro e pequeno empreendedor, que foi através da incubadora de empresa que é uma das seis existentes do Estado de Mato Grosso. E também os projetos de parcelamento do solo rural, através projeto “Casulo, chão do amanhã” e do Assentamento Senador Jonas Pinheiro e Santa Rosa II, que para mim é uma das grandes conquistas daquelas famílias excluídas, que tinham renda abaixo de R$ 100 mensais, e hoje estão não só gerando divisas, como produzindo produtos hortifrutigranjeiros que estão suprindo a merenda escolar do nosso município e criando trabalho e melhores condições de vida para a sua família.
SN: Há coisas importantes que gostaria de ter feito e não conseguiu realizar? JD: – Existe porque, como já disse, a administração é muito dinâmica, e dentro disso existe algumas obras estruturas que eu considero de extrema importância que infelizmente não foi possível fazer. Tanto áreas voltadas para a melhoria do trânsito ao longo da BR 163, tem algumas questões de pavimentação asfáltica, galeria de águas pluviais, que não foi possível fazer nos bairros mais carentes. Tem um projeto que eu acho muito importante que é criar um Centro de Capacitação de jovens e adultos no município de Sorriso, mas infelizmente, por mais que eu tenha trabalhado junto ao governo federal para que pudéssemos implantar, não foi possível. Gostaria de ter avançado mais na parte de cidadania, proporcionar a dezenas de brasileiros que aqui estão há mais de 3 anos, um teto, através de programas como o “Meu Lar”. Apesar de eu ter realizado muito nessa área, ainda foi pouco devido a grande demanda do município.
SN: Há algum projeto que não conseguiu materializar?
JD: – Eu tinha um projeto de ter uma escola municipal de excelência, que poderia ser na escola José Domingos Fraga, que funcionaria em período integral. Isso com certeza faria com que a educação do município, que já é boa, fosse melhor ainda através de projetos dessa natureza. Hoje também não foi possível fazer a inclusão digital em 100% das escolas, faltam duas escolas, esse era uma SN: Deixar a administração para um político da oposição não cria uma preocupação quanto a continuidade dos projetos deixados?
JD: Não. Eu tenho certeza que por mais que a administração esteja sendo deixada para um político da oposição, eu tenho a convicção e a certeza que tudo aquilo que nós fizemos ao longo na nossa estada frente à Prefeitura, que foi bom para a população, que veio como melhoria para o povo, com certeza a nova administração irá manter, podendo até mudar a roupagem, mas no fundo os projetos e programas continuarão os mesmos e isso será bom, não para mim, mas para a população e para a futura administração. E o Rossato é uma pessoa inteligente, sensata, com certeza dará continuidade a esses trabalhos.
SN: Quais considera serem os pontos altos da sua administração?
JD: Acho que a minha administração teve vários pontos altos e em vários sentidos. Tivemos avanços da área da educação, prova que não tem nenhum aluno fora da sala de aula, 99% dos nosso professores são capacitados. Todas as escolas possuem sala de informática, secretaria própria, quadra coberta e transporte escolar. Hoje, nenhum aluno anda mais de 2 mil metros para chegar até a escola, e chegando lá tem uma merenda escolar com um cardápio diferenciado elaborado por nutricionistas.
SN; Quando fala em educação, também está se referindo ao esporte e à cultura? JD: Sim. Em Sorriso são desenvolvido dezenas de projetos culturais importantes, dentre eles o concurso de escultura, que foi um projeto de nível nacional. Na parte de esporte fomos campeões amadores em praticamente todas as modalidades, no regional fomos bicampeões.
SN. Houveram avanços no setor da Saúde?
JD: Na saúde avançamos muito através da criação do centro de imagens, que foi inaugurado recentemente. Avançamos bastante nos PSFs, onde inclusive seguimos a orientação do secretário Marcos Henrique Machado, que em um ofício emitido em agosto, dizia que caso nós implantássemos mais três PSFs, que foram implantados nos bairros Carolina, Benjamim Raiser e do Europa, nós teríamos 100% do atendimento exigido e necessário. Tivemos ainda um avanço enorme na parte de odontologia, onde o número de jovens com problemas de cáries não é superior a 4%, um nível extremante aceitável pela Organização Mundial de Saúde. Tivemos sucesso nas campanhas de vacinação que conseguimos atender 100% da população. Na ação Social tivemos programas e projetos como o Cesta Base da Construção, Vale Remédio, Vale Leite que atendeu toda a população. Houve uma contrapartida da população que contribui para que diminuísse a evasão escolar, e repetência, problemas de dengue, que não tivemos muitos casos, durante todo o ano foram apenas quatro casos de dengue, e esse mérito não é apenas dos agentes da dengue, mas de todo um trabalho de prevenção e conscientização, através desses projetos. Não posso esquecer de citar o trabalho desenvolvido pela primeira-dama com os idosos, capacitação das mães gestantes, de jovens e adultos, desenvolvidos em parceria com o Governo do Estado.
Sorriso hoje não tem criança de rua, e isso é graças a projetos como Guri, Piá, Moleque, que se tornaram referência para todo o Estado, e que foram custeados 100% com recursos públicos. Isso tudo sem contar os avanços na infra-estrutura, como os asfaltos comunitários não só rural como os feitos em parceria com os produtores e o governo do Estado, que hoje somam quatro consórcios, onde dois consórcios fizeram um giro financeiro de quase dois milhões de reais, mas também os asfaltos urbanos.
SN: Seu governo construi quanto de asfalto?
JD: Sorriso hoje possui cerca de 400 mil metros quadrados de ruas não pavimentadas, número irrisório, perto do contingente de ruas pavimentadas, que é quase 100%. Patrimonial e gerencialmente, temos excelentes trabalhos desenvolvidos pelas Secretaria de Administração e Fazenda capacitando todos os nossos servidores, gastando no máximo 30 a 38% com folha de pagamento, investindo cada vez mais na reforma e manutenção dos nossos patrimônios, que podemos dizer que hoje temos o melhor em bens moveis e imóveis, nada sucateado, tudo está em perfeita condição. E na parte fiscal, Sorriso é a quinta arrecadação do Estado graças, não só a potencialidade da nossa economia, mas também da eficiência da gestão fiscal que foi implementada pela secretaria de fazenda. E a secretaria de fazenda nunca mediu esforços para maximizar cada vez mais a nossa receita e diminuir as nossas despesas, e esse é um ponto alto na nossa gestão. Enfim, tivemos erros, mas erramos sempre por ter ousado fazer, e eu prefiro assim, pagar pelo que fiz e nunca por não ter sequer ousado tentar ou ter sido omisso. É com isso que eu acho que iremos ficar realmente marcados na história de Sorriso e que me fará andar, a partir do dia primeiro na nossa cidade de cabeça erguida por ter o nosso dever cumprido.
SN: Seu governo teve alguma fragilidade?
JD: A coerência foi o ponto mais frágil do meu governo. Para ter uma administração tranqüila, muitas vezes eu usei da coerência e fiz vistas grossas diante de determinadas situações que eu me deparei ao longo dessa minha experiência como prefeito municipal. Mas eu não me arrependo de ter sido frágil em alguns momentos até porque essa fragilidade me ajudou lá na frente para que eu pudesse continuar o meu governo e sair sem inimizades, de forma tranqüila e com a aceitação perante a sociedade acima de 70%. Isso é muito bom para um governo que teve uma administração seqüencial, como eu, com dois mandatos consecutivos. SN: A tarefa de administrar uma cidade exige muito, são várias secretarias, é fácil ter todo mundo sob controle? JD: – Não é fácil, porque na gestão pública tem pessoas que se sobressaem mais que as outras e muitas vezes atenta na competência de outra, e você tem que ter equilíbrio. Você tem que ter liderança para que esses problemas internos não venham a acontecer. Graças a Deus, através da unidade da nossa equipe nós conseguimos manter uma união muito forte, prova disso, é que ao longo dos oito últimos anos eu não tive muita mudança de secretários. Iniciei com os secretários e realizei rodízios dentro da própria estrutura, onde os secretários, de acordo com cada perfil, iam participando desse rodízio, passando a ter um conhecimento mais amplo da administração como um todo, tendo uma visão mais global da estrutura da administração pública. Isso foi fundamental e eu estou satisfeito com os secretários, com os colaboradores que tive, independente do grau de responsabilidade ou da função hierárquica que ocuparam durante e administração, e isso para mim foi extremamente salutar.
SN: Como era feito o controle interno para decidir quais as prioridades e para onde deveriam ir as verbas da prefeitura?
JD: – Nós discutíamos primeiramente com a sociedade através dos famosos PPAs, e essas informações eram catalogadas dentro da nossa equipe e transformamos em um projeto de lei que é mandado todo final de ano para que o poder legislativo possa apreciar a Lei Orçamentária Anual (LOA). A partir daí, nós detalhamos essa LOA através de reuniões semanais com todos os secretários, muitas vezes até com os chefes de departamentos, mas sempre ouvindo aquele que faz a diferença em qualquer gestão que é a sociedade. Então a sociedade foi fundamental nas nossas decisões. Agora, nós não podemos negar que essa discussão era cravada dentro de um colegiado de secretários que tem nos dado um norte verdadeiro para que nós pudéssemos avançar da forma como avançamos. Sem esse colegiado nós não teríamos chegado onde chegamos. Há também um conselho formado pela sociedade chamado Conselho Social de Desenvolvimento Econômico, o Condes, que apesar de ter um caráter consultivo, muitas vezes agiu de forma deliberativa através da autonomia que dávamos para esse conselho.
SN: Ao todo, quantas obras foram realizadas nesses 12 anos à frente da Prefeitura de Sorriso?
JD: –Se eu fosse levar em consideração as obras pequenas e as pavimentações asfálticas, como eu vejo muitos prefeitos fazendo, posso dizer que nós superamos a casa das 300 obras durantes os doze anos a frente da prefeitura municipal. Já o asfalto é visto por mim como uma obra só, medida por metros quadrados, então nós fizemos mais de dois milhões e quinhentos mil metros quadrados.
JN: Enquanto muitos prefeitos deixam dívidas para o os sucessores, o senhor declara que entregará a prefeitura com todas as contas em dia, como conseguiu isso? JD: – Através de uma administração não só transparente, mas uma administração onde a economia sobrepõe os nossos interesses pessoais e políticos, procurando zelar pela questão patrimonial e a saúde financeira da prefeitura. Nós não só vamos honrar todos os compromissos com nossos fornecedores, encargos sociais, com pessoal e empreiteiros, como iremos deixar um superávit para que o futuro prefeito possa pagar os gastos com os términos das obras inacabadas, que são poucas, e possa fazer despesas de acordo com seus interesses a partir do dia primeiro. Talvez para quem esteja entrando não pareça muita coisa esse recurso, mas são oriundos ainda da minha gestão. Com os recursos que estão propostos na sua proposta orçamentária que nós encaminhamos para o legislativo, e que foi aprovada recentemente, que é de aproximadamente R$ 63 milhões, sem contar o resto a pagar que estamos garantindo com o superávit, e sim a partir da arrecadação do ano de 2005. E isso é o que eu chamo de administrar com austeridade e zelar pela coisa pública, é o que tem norteado os nossos princípios como gestor público. SN: Qual tem sido a prioridade nestes últimos dias de mandato? JD: – A prioridade tem sido acertar as contas do poder público municipal, é deixar a casa arrumada. É fazer com que nós tivéssemos uma transmissão da melhor forma possível, com entendimento perfeito entre a administração que sai e a que assumirá. É fazer com que a próxima administração não tenha nenhum transtorno a partir de janeiro próximo em função de problemas criados pela nossa administração. É claro que alguns problemas surgirão, como todos sabem, existem profissionais da área da saúde que são contratados temporários, mas isso a futura administração já está se reunindo para ver a possibilidade da renovação desses contratos. Tem problemas das casas que foram entregues recentemente que sofreram invasões. Não tivemos tempo hábil para resolver a questão que deve ficar para eles gerenciarem. Quando a gente se propões a administrar, a gente não herda apenas coisas positivas, tem também os problemas que faz parte de qualquer administração. Da mesma forma que eu peguei problemas, e eu estava preparado para poder resolver. Eu fui eleito prefeito para resolver, e não apenas para pegar coisas boas. Mas as heranças que deixarei não são comprometedoras. São questões administrativas, como essa das invasões. Mas, eu tenho certeza de o Dilceu Rossato terá competência para deliberar todas essa questões. A minha preocupação é essa, entregar a máquina pública sem estar inchada e com as contas em dia. Sou uma pessoa que ama esse município e torço para que a próxima administração possa fazer uma gestão ainda melhor que a que eu realizei nesses últimos doze anos.
SN: Quais os seus planos para o próximo ano?
JD– Meu plano emergencial é voltar para a minha atividade profissional. Sou formado em Agronomia e para voltar ao mercado terei que me capacitar, fazer uns cursos. Estou estruturando uma empresa de consultoria e pretendo continuar no município de Sorriso. Iniciar uma nova vida na iniciativa privada. Com relação ao futuro político eu tenho dito que eu consegui um grande patrimônio em Sorriso que se chama confiança e carinho da população. Por mais que alguns digam que eu tenho uma independência financeira para delinear a curto, médio ou longo prazo, um projeto político, confesso que não consegui ter essa independência.
SN: Nenhum plano político para o futuro?
JD: Eu digo que meu futuro político a Deus pertence. Vamos aguardar a oportunidade e se for a vontade do meu grupo, da população e de Deus, que eu deva mais uma vez prestar serviço a população do meu município ou do meu Estado, eu estarei pronto. Mas, no momento a minha preocupação é voltar a ter a minha vida normal na iniciativa privada que foi onde eu iniciei tudo, foi ela que me abriu as portas da política.
Ele destacou que foram mais de 300 obras realizadas em seus 3 mandatos, mas afirma que gostaria de ter avançado mais na parte de cidadania, construído mais casas para a população carente. Disse que muitas vezes demonstrou fragilidade e não conseguiu manter a coerência em suas decisões, mas estará caminhando com a cabeça erguida a partir do ano que vem, com a certeza do dever cumprido.
Só Notícias: O senhor está concluindo doze anos de administração com qual sentimento, com qual impressão pessoal?
José Domingos - A partir do dia primeiro eu carrego um sentimento de dever cumprido. É lógico que nós não conseguimos implantar tudo aquilo que nós imaginávamos, até porque a Sorriso é um município muito dinâmico, as coisas aqui acontecem numa velocidade muito grande. É humanamente impossível acompanhar esse crescimento com a estrutura que temos. O crescimento é considerado acima de um crescimento normal de qualquer cidade brasileira. Mas mesmo assim, posso dizer que nós conseguimos fazer Sorriso chegar nesse patamar que hoje se encontra. Hoje posso dizer que esta cidade foi construída com as minhas ações, em parceria com os meus colegas de trabalho e também com o apoio da sociedade e demais poderes.
SN: O seu governo primou principalmente pelo social?
JD: Foi estabelecido uma rede social, onde hoje há dezenas de obras construídas, bastante significativa, tanto na ação social, como na educação e saúde, com dezenas de programas e projetos voltados para a rede social. Além disso nós investimos muito também na questão patrimonial do município, onde tudo que nós temos aqui é de ponta, de primeiro mundo, e fizemos questão também de investir naquilo que nós temos de mais valioso que é a nossa população e os nossos colegas de trabalho. Hoje eu posso garantir que o quadro atual da administração é um dos melhores quadros de servidores em todas as áreas. Praticamente não existem professores leigos. De acordo com o “PENUD”, órgão ligado a ONU, tem o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado.
SN: O crescimento se deu também na área econômica?
JD: Fizemos também um trabalho muito sério junto a classe empresarial do município e do Estado, visando transformar Sorriso num pólo da agroindústria. Isto está acontecendo, algumas empresas já estão agregando valores, verticalizando a nossa produção, gerando divisas e oportunidades, dezenas de empregos para o nosso município. Podemos dizer ainda que criamos alguns projetos alternativos envolvendo o micro e pequeno empreendedor, que foi através da incubadora de empresa que é uma das seis existentes do Estado de Mato Grosso. E também os projetos de parcelamento do solo rural, através projeto “Casulo, chão do amanhã” e do Assentamento Senador Jonas Pinheiro e Santa Rosa II, que para mim é uma das grandes conquistas daquelas famílias excluídas, que tinham renda abaixo de R$ 100 mensais, e hoje estão não só gerando divisas, como produzindo produtos hortifrutigranjeiros que estão suprindo a merenda escolar do nosso município e criando trabalho e melhores condições de vida para a sua família.
SN: Há coisas importantes que gostaria de ter feito e não conseguiu realizar? JD: – Existe porque, como já disse, a administração é muito dinâmica, e dentro disso existe algumas obras estruturas que eu considero de extrema importância que infelizmente não foi possível fazer. Tanto áreas voltadas para a melhoria do trânsito ao longo da BR 163, tem algumas questões de pavimentação asfáltica, galeria de águas pluviais, que não foi possível fazer nos bairros mais carentes. Tem um projeto que eu acho muito importante que é criar um Centro de Capacitação de jovens e adultos no município de Sorriso, mas infelizmente, por mais que eu tenha trabalhado junto ao governo federal para que pudéssemos implantar, não foi possível. Gostaria de ter avançado mais na parte de cidadania, proporcionar a dezenas de brasileiros que aqui estão há mais de 3 anos, um teto, através de programas como o “Meu Lar”. Apesar de eu ter realizado muito nessa área, ainda foi pouco devido a grande demanda do município.
SN: Há algum projeto que não conseguiu materializar?
JD: – Eu tinha um projeto de ter uma escola municipal de excelência, que poderia ser na escola José Domingos Fraga, que funcionaria em período integral. Isso com certeza faria com que a educação do município, que já é boa, fosse melhor ainda através de projetos dessa natureza. Hoje também não foi possível fazer a inclusão digital em 100% das escolas, faltam duas escolas, esse era uma SN: Deixar a administração para um político da oposição não cria uma preocupação quanto a continuidade dos projetos deixados?
JD: Não. Eu tenho certeza que por mais que a administração esteja sendo deixada para um político da oposição, eu tenho a convicção e a certeza que tudo aquilo que nós fizemos ao longo na nossa estada frente à Prefeitura, que foi bom para a população, que veio como melhoria para o povo, com certeza a nova administração irá manter, podendo até mudar a roupagem, mas no fundo os projetos e programas continuarão os mesmos e isso será bom, não para mim, mas para a população e para a futura administração. E o Rossato é uma pessoa inteligente, sensata, com certeza dará continuidade a esses trabalhos.
SN: Quais considera serem os pontos altos da sua administração?
JD: Acho que a minha administração teve vários pontos altos e em vários sentidos. Tivemos avanços da área da educação, prova que não tem nenhum aluno fora da sala de aula, 99% dos nosso professores são capacitados. Todas as escolas possuem sala de informática, secretaria própria, quadra coberta e transporte escolar. Hoje, nenhum aluno anda mais de 2 mil metros para chegar até a escola, e chegando lá tem uma merenda escolar com um cardápio diferenciado elaborado por nutricionistas.
SN; Quando fala em educação, também está se referindo ao esporte e à cultura? JD: Sim. Em Sorriso são desenvolvido dezenas de projetos culturais importantes, dentre eles o concurso de escultura, que foi um projeto de nível nacional. Na parte de esporte fomos campeões amadores em praticamente todas as modalidades, no regional fomos bicampeões.
SN. Houveram avanços no setor da Saúde?
JD: Na saúde avançamos muito através da criação do centro de imagens, que foi inaugurado recentemente. Avançamos bastante nos PSFs, onde inclusive seguimos a orientação do secretário Marcos Henrique Machado, que em um ofício emitido em agosto, dizia que caso nós implantássemos mais três PSFs, que foram implantados nos bairros Carolina, Benjamim Raiser e do Europa, nós teríamos 100% do atendimento exigido e necessário. Tivemos ainda um avanço enorme na parte de odontologia, onde o número de jovens com problemas de cáries não é superior a 4%, um nível extremante aceitável pela Organização Mundial de Saúde. Tivemos sucesso nas campanhas de vacinação que conseguimos atender 100% da população. Na ação Social tivemos programas e projetos como o Cesta Base da Construção, Vale Remédio, Vale Leite que atendeu toda a população. Houve uma contrapartida da população que contribui para que diminuísse a evasão escolar, e repetência, problemas de dengue, que não tivemos muitos casos, durante todo o ano foram apenas quatro casos de dengue, e esse mérito não é apenas dos agentes da dengue, mas de todo um trabalho de prevenção e conscientização, através desses projetos. Não posso esquecer de citar o trabalho desenvolvido pela primeira-dama com os idosos, capacitação das mães gestantes, de jovens e adultos, desenvolvidos em parceria com o Governo do Estado.
Sorriso hoje não tem criança de rua, e isso é graças a projetos como Guri, Piá, Moleque, que se tornaram referência para todo o Estado, e que foram custeados 100% com recursos públicos. Isso tudo sem contar os avanços na infra-estrutura, como os asfaltos comunitários não só rural como os feitos em parceria com os produtores e o governo do Estado, que hoje somam quatro consórcios, onde dois consórcios fizeram um giro financeiro de quase dois milhões de reais, mas também os asfaltos urbanos.
SN: Seu governo construi quanto de asfalto?
JD: Sorriso hoje possui cerca de 400 mil metros quadrados de ruas não pavimentadas, número irrisório, perto do contingente de ruas pavimentadas, que é quase 100%. Patrimonial e gerencialmente, temos excelentes trabalhos desenvolvidos pelas Secretaria de Administração e Fazenda capacitando todos os nossos servidores, gastando no máximo 30 a 38% com folha de pagamento, investindo cada vez mais na reforma e manutenção dos nossos patrimônios, que podemos dizer que hoje temos o melhor em bens moveis e imóveis, nada sucateado, tudo está em perfeita condição. E na parte fiscal, Sorriso é a quinta arrecadação do Estado graças, não só a potencialidade da nossa economia, mas também da eficiência da gestão fiscal que foi implementada pela secretaria de fazenda. E a secretaria de fazenda nunca mediu esforços para maximizar cada vez mais a nossa receita e diminuir as nossas despesas, e esse é um ponto alto na nossa gestão. Enfim, tivemos erros, mas erramos sempre por ter ousado fazer, e eu prefiro assim, pagar pelo que fiz e nunca por não ter sequer ousado tentar ou ter sido omisso. É com isso que eu acho que iremos ficar realmente marcados na história de Sorriso e que me fará andar, a partir do dia primeiro na nossa cidade de cabeça erguida por ter o nosso dever cumprido.
SN: Seu governo teve alguma fragilidade?
JD: A coerência foi o ponto mais frágil do meu governo. Para ter uma administração tranqüila, muitas vezes eu usei da coerência e fiz vistas grossas diante de determinadas situações que eu me deparei ao longo dessa minha experiência como prefeito municipal. Mas eu não me arrependo de ter sido frágil em alguns momentos até porque essa fragilidade me ajudou lá na frente para que eu pudesse continuar o meu governo e sair sem inimizades, de forma tranqüila e com a aceitação perante a sociedade acima de 70%. Isso é muito bom para um governo que teve uma administração seqüencial, como eu, com dois mandatos consecutivos. SN: A tarefa de administrar uma cidade exige muito, são várias secretarias, é fácil ter todo mundo sob controle? JD: – Não é fácil, porque na gestão pública tem pessoas que se sobressaem mais que as outras e muitas vezes atenta na competência de outra, e você tem que ter equilíbrio. Você tem que ter liderança para que esses problemas internos não venham a acontecer. Graças a Deus, através da unidade da nossa equipe nós conseguimos manter uma união muito forte, prova disso, é que ao longo dos oito últimos anos eu não tive muita mudança de secretários. Iniciei com os secretários e realizei rodízios dentro da própria estrutura, onde os secretários, de acordo com cada perfil, iam participando desse rodízio, passando a ter um conhecimento mais amplo da administração como um todo, tendo uma visão mais global da estrutura da administração pública. Isso foi fundamental e eu estou satisfeito com os secretários, com os colaboradores que tive, independente do grau de responsabilidade ou da função hierárquica que ocuparam durante e administração, e isso para mim foi extremamente salutar.
SN: Como era feito o controle interno para decidir quais as prioridades e para onde deveriam ir as verbas da prefeitura?
JD: – Nós discutíamos primeiramente com a sociedade através dos famosos PPAs, e essas informações eram catalogadas dentro da nossa equipe e transformamos em um projeto de lei que é mandado todo final de ano para que o poder legislativo possa apreciar a Lei Orçamentária Anual (LOA). A partir daí, nós detalhamos essa LOA através de reuniões semanais com todos os secretários, muitas vezes até com os chefes de departamentos, mas sempre ouvindo aquele que faz a diferença em qualquer gestão que é a sociedade. Então a sociedade foi fundamental nas nossas decisões. Agora, nós não podemos negar que essa discussão era cravada dentro de um colegiado de secretários que tem nos dado um norte verdadeiro para que nós pudéssemos avançar da forma como avançamos. Sem esse colegiado nós não teríamos chegado onde chegamos. Há também um conselho formado pela sociedade chamado Conselho Social de Desenvolvimento Econômico, o Condes, que apesar de ter um caráter consultivo, muitas vezes agiu de forma deliberativa através da autonomia que dávamos para esse conselho.
SN: Ao todo, quantas obras foram realizadas nesses 12 anos à frente da Prefeitura de Sorriso?
JD: –Se eu fosse levar em consideração as obras pequenas e as pavimentações asfálticas, como eu vejo muitos prefeitos fazendo, posso dizer que nós superamos a casa das 300 obras durantes os doze anos a frente da prefeitura municipal. Já o asfalto é visto por mim como uma obra só, medida por metros quadrados, então nós fizemos mais de dois milhões e quinhentos mil metros quadrados.
JN: Enquanto muitos prefeitos deixam dívidas para o os sucessores, o senhor declara que entregará a prefeitura com todas as contas em dia, como conseguiu isso? JD: – Através de uma administração não só transparente, mas uma administração onde a economia sobrepõe os nossos interesses pessoais e políticos, procurando zelar pela questão patrimonial e a saúde financeira da prefeitura. Nós não só vamos honrar todos os compromissos com nossos fornecedores, encargos sociais, com pessoal e empreiteiros, como iremos deixar um superávit para que o futuro prefeito possa pagar os gastos com os términos das obras inacabadas, que são poucas, e possa fazer despesas de acordo com seus interesses a partir do dia primeiro. Talvez para quem esteja entrando não pareça muita coisa esse recurso, mas são oriundos ainda da minha gestão. Com os recursos que estão propostos na sua proposta orçamentária que nós encaminhamos para o legislativo, e que foi aprovada recentemente, que é de aproximadamente R$ 63 milhões, sem contar o resto a pagar que estamos garantindo com o superávit, e sim a partir da arrecadação do ano de 2005. E isso é o que eu chamo de administrar com austeridade e zelar pela coisa pública, é o que tem norteado os nossos princípios como gestor público. SN: Qual tem sido a prioridade nestes últimos dias de mandato? JD: – A prioridade tem sido acertar as contas do poder público municipal, é deixar a casa arrumada. É fazer com que nós tivéssemos uma transmissão da melhor forma possível, com entendimento perfeito entre a administração que sai e a que assumirá. É fazer com que a próxima administração não tenha nenhum transtorno a partir de janeiro próximo em função de problemas criados pela nossa administração. É claro que alguns problemas surgirão, como todos sabem, existem profissionais da área da saúde que são contratados temporários, mas isso a futura administração já está se reunindo para ver a possibilidade da renovação desses contratos. Tem problemas das casas que foram entregues recentemente que sofreram invasões. Não tivemos tempo hábil para resolver a questão que deve ficar para eles gerenciarem. Quando a gente se propões a administrar, a gente não herda apenas coisas positivas, tem também os problemas que faz parte de qualquer administração. Da mesma forma que eu peguei problemas, e eu estava preparado para poder resolver. Eu fui eleito prefeito para resolver, e não apenas para pegar coisas boas. Mas as heranças que deixarei não são comprometedoras. São questões administrativas, como essa das invasões. Mas, eu tenho certeza de o Dilceu Rossato terá competência para deliberar todas essa questões. A minha preocupação é essa, entregar a máquina pública sem estar inchada e com as contas em dia. Sou uma pessoa que ama esse município e torço para que a próxima administração possa fazer uma gestão ainda melhor que a que eu realizei nesses últimos doze anos.
SN: Quais os seus planos para o próximo ano?
JD– Meu plano emergencial é voltar para a minha atividade profissional. Sou formado em Agronomia e para voltar ao mercado terei que me capacitar, fazer uns cursos. Estou estruturando uma empresa de consultoria e pretendo continuar no município de Sorriso. Iniciar uma nova vida na iniciativa privada. Com relação ao futuro político eu tenho dito que eu consegui um grande patrimônio em Sorriso que se chama confiança e carinho da população. Por mais que alguns digam que eu tenho uma independência financeira para delinear a curto, médio ou longo prazo, um projeto político, confesso que não consegui ter essa independência.
SN: Nenhum plano político para o futuro?
JD: Eu digo que meu futuro político a Deus pertence. Vamos aguardar a oportunidade e se for a vontade do meu grupo, da população e de Deus, que eu deva mais uma vez prestar serviço a população do meu município ou do meu Estado, eu estarei pronto. Mas, no momento a minha preocupação é voltar a ter a minha vida normal na iniciativa privada que foi onde eu iniciei tudo, foi ela que me abriu as portas da política.
Fonte:
Só Noticias
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