Caos em Aceh, onde "Deus lançou sua ira"

Ao longo da costa da província de Aceh, no norte da ilha indonésia de Sumatra, atingida por ondas gigantes (tsunamis) que surgiram após um terremoto, sobreviventes do desastre natural falavam nesta segunda-feira da "ira divina". Toda a costa ficou marcada por imagens de desolação: pontes destruídas, estradas cortadas, casas simples destruídas, veículos jogados em rios e barrancos. "É como se Deus tivesse desencadeado sua ira contra seu povo", declarou Haji Ali, um morador de Patong Labu, um povoado próximo a Bireuen.

Animais domésticos vagavam aterrorizados por entre os escombros de vilas, enquanto os barcos pesqueiros navegavam em torno dos restos flutuantes, tentando localizar eventuais sobreviventes. As emissoras de televisão da Indonésia exibiram terríveis imagens de corpos de crianças enfileirados com suas cabeças enroladas com um lenço para manter suas bocas fechadas.

A gravidade dos danos era maior nas proximidades da capital da província, Banda Aceh, no extremo norte da ilha, onde foi registrado o maior número de vítimas, cerca de 3 mil. Pelo menos 4.448 pessoas faleceram no norte de Sumatra, segundo o ministério da Saúde indonésio.

Wawan Setiawan, um representante do ministério das Relações Sociais, advertiu sobre um possível aumento do balanço de vítimas. Alguns relatórios não confirmados citavam 5 mil mortos só na região de Banda Aceh.

O terremoto registrado no sudeste da Ásia atingiu 9 graus na escala Richter, informou no domingo o Serviço Geológico americano (USGS), o que o converte no quinto tremor mais forte desde 1900.

O abalo sísmico gerou uma série de ondas gigantes que chegaram a 10 metros de altura e deixou sob as águas milhares de quilômetros das costas da Índia, Sri Lanka, Indonésia, Tailândia, Malásia, Maldivas e Bangladesh. Temendo novas cenas de destruição provocadas por ondas gigantes no Oceano Índico, várias nações africanas - Quênia, Ilhas Maurício, Seicheles e Somália - evacuaram suas áreas costeiras.