Compra não visa meta para taxa de câmbio

A retomada da compra de dólares feita pelo Banco Central no início de dezembro não deve ser entendida como uma tentativa de estabelecer uma meta para a taxa de câmbio. Segundo o Copom (Comitê de Política Monetária do BC), a compra da moeda norte-americana é destinada para a recomposição das reservas internacionais.

"[O esforço para recomposição das reservas] não deve ser confundido com o estabelecimento de outras metas para o Banco Central, como a fixação de tetos ou pisos para a taxa de câmbio", diz a ata da reunião do comitê, divulgada ontem.

Desde o dia 6 de dezembro, o BC já promoveu dez leilões para compra de dólares. No entanto, essa decisão não impediu que a moeda fosse negociada abaixo de R$ 2,70. Integrantes do primeiro escalão do governo Lula, como o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), consideram baixa essa cotação e prejudicial para as exportações brasileiras.

"Tal como ressaltado em comunicado divulgado em janeiro último, o Banco Central não se compromete a alcançar nenhuma meta quantitativa nesse processo, embora tenha por objetivo aumentar as reservas do país no médio prazo. A política de compra de divisas continuará sendo pautada primordialmente pelas condições de liquidez existentes e terá como objetivo não adicionar volatilidade ao mercado cambial nem interferir na tendência de flutuação da taxa de câmbio", afirma o comitê.

No documento divulgado ontem, o BC revela ainda uma certa preocupação com as taxas de câmbio internacional. Nos últimos meses, o dólar tem sofrido uma desvalorização na comparação com outras moedas como o euro e o iene.

"Os recentes movimentos na taxa de câmbio entre as principais moedas representam uma fonte adicional de preocupação tendo em vista que um processo de ajuste desordenado, ao qual hoje se atribui consensualmente baixa probabilidade de ocorrência, traria importante instabilidade para os mercados financeiros internacionais", revela a ata.