MT lidera ranking de cassados

Mato Grosso lidera o ranking de prefeitos cassados em todo o país. Dos 141 eleitos, 12 já foram cassados e pelo menos mais 30 correm risco de perder o mandato. "Em 2000 foram só dois prefeitos. Em toda história política do Estado foram só três. Não existia a tradição de cassação", destaca o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT), desembargador Flávio Bertin. Segundo ele, o eleitorado está ficando cada vez mais politizado e com coragem de denunciar irregularidades. "O eleitor percebe que as denúncias estão tendo resposta da Justiça Eleitoral". Para Bertin, essa nova fase teve início em 2003, quando o deputado federal Rogério Silva (PPS) teve o registro cassado.

O desembargador assegura que durante todo o período eleitoral o TRE visitou todas as zonas eleitorais e fez reuniões com candidatos informando sobre legislação. "A gente falava "não comprem votos, não usem das condutas vedadas, não façam propaganda irregular". Ninguém pode alegar desconhecimento. O Tribunal fez a sua parte, os candidatos que não fizeram a deles", garante. Bertin observa que muitos desconsideraram as recomendações do TRE pois acreditaram que nada poderia acontecer com eles, como ocorreu em eleições anteriores. "E pelo número de processos transitando nas zonas eleitorais, mais cassações devem aparecer".

Dos 12 prefeitos cassados, todos recorreram da decisão da justiça eleitoral. "O cidadão investe muito dinheiro na campanha e é vitorioso. Então, é claro que não se conforma com a cassação", assinala Bertin. O desembargador revela que os recursos dos prefeitos cassados em Primavera do Leste, São José dos Quatro Marcos e Poxoréo encontram-se em Brasília, aguardando decisão final do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Entre os cassados pelo juiz da zona eleitoral, alguns já estão no TRE. Os que ainda não estão aqui é porque estão em fase de processamento nas comarcas", adianta. De acordo com pesquisa não oficial do TRE, há possibilidade de pelo menos mais 30 prefeitos serem cassados.

Em momento de desabafo, Bertin declarou que os candidatos eleitos não devem frustrar as expectativas do eleitorado. "Falo como cidadão e eleitor. Na campanha o político faz promessas e você se enche de esperança. Quando ele é eleito, só colher as beneficies do poder", declara. O desembargador salienta a necessidade de conscientização dos eleitores, que tem no voto a única arma para evitar a corrupção. Para os eleitos, o desembargador dá um recado. "Cumpram as promessas para que no final do mandato você possa pedir novamente voto".