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Politica Brasil
Sexta - 17 de Dezembro de 2004 às 10:10
Por: José Marcondes (Muvuca)

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A diferença entre a possível reeleição do Governador Blairo Maggi, uma aventura duvidosa do PFL em concorrer com o levante de um dos seus velhos caciques, o entusiasmo pálido dos tucanos em retornar ao poder do Estado, ou mesmo a já declarada candidatura petista, colocada sob a ótica de uma variante alternativa, é assombrosamente la. Isto, se não se juntarem todos, num mesmo arco de aliança.

Não. Há. Diferença. Alguma! As forças políticas postas acima são as mesmas que há muito se põe e contrapõe ao sabor das ventanias eleitorais, se moldam ou emolduram-se através de novos personagens, às vezes se enrolam - como minhocas, ou se lambuzam - como porcos, desde tempos idos. E, sob uma ótica mais apurada do ponto de vista dialético, representam, entre quatro paredes, a mesmíssima coisa, exalam o mesmo cheiro, respiram o mesmo bafo.

Tanto os que estão aí, os que tentaram entrar ou os que querem retornar, reproduzem o “modus-perandi” repreendido pela opinião pública: o fisiologismo, que infla partidos que estão no poder; o aparelhamento, através do manuseio político da coisa pública; o caciquismo tradicionalista, que impõe; o toma-lá-da-cá, que beneficia os grupos financeiros e agregados; o discurso talhado no marketing profissional, que é reinventado a cada eleição para enquadrar as nuances e agradar, cada qual, a sua parcela de eleitores, enfim.

Nessas considerações, torna-se saudável apresentar uma candidatura alternativa ao Governo do Estado em 2006. Esta, inserida numa doutrina partidária séria e que tenha a grandeza de se reconhecer pequena, mas que não se apequene, bancando seus propósitos em feiras ou balcões de negócio; que não se alaranje, no sentido de servir a terceiros; e que não se furte ao compromisso de oferecer uma proposta com elementos diversos, opostos.

Que se apresente com a segurança da responsabilidade que há numa candidatura majoritária, e que tenha, acima do compromisso com a vitória nas urnas, o reiterado compromisso com a luta. Estes são elementos que contribuem com o exercício democrático, e neste aspecto coloca em prática um debate autêntico e saudável, à frente de opiniões pessoais, personalizadas, estigmatizadas, atrasadas, continuístas ou carcomidas pela desilusão ou falta de opções.

É preciso oferecer uma alternativa ao rumo atual, e continuar repudiando o que de amargo o passado traz de lembrança. Àqueles que se limitam a julgar quem é mais eficiente ou menos honesto, popular ou empreendedor, rico ou pobre, ou como se diz – tem estrutura, ou não – encontrarão as alternativas que aí estão colocadas. Que escolha um candidato daquele lado, e siga seu voto.

Quem pensa que é preciso ter outras vozes falando ao povo, quem pensa que é possível traduzir o sentido original da política que é dignificante e edificante, quando feita para o bem e para a maioria, estes, talvez não encontre meios de transmitir suas idéias, opiniões, questionamentos, e claro, são reféns dos manipuladores de massa, que reproduz desde a ditadura a intimidação dos nossos anseios, vontades e desejos validando a idéia predominante de que a política é mesmo nojenta, feita por gente idem.

Mas não existem verdades absolutas, não há impérios que não possam ruir, não há sistema que não contenha germes de mudança, por mais que se criem anticorpos, ou antivírus, nada é inabalável, nada.

Com esta convicção é preciso apresentar à sociedade um projeto alternativo. Um projeto que se insurja contra a política concentradora dos latifundiários, e que se insubordine contra os entreguistas locais e internacionais do capital, mesmo que isso incomode os poderosos de toda cor. E se pode chamar de loucura, utopia ou sonho? Claro que sim. Mas um sonho que não tem o direito de se sonhar sozinho ou existir apenas na cabeça de alguns. Para que esta idéia ganhe força, não bastam fé, coragem ou determinação, embora estes elementos sejam essenciais para suportar as dores da luta, mas é preciso ter em mente, que é durante a jornada que se ganha força e que se cresce a fé.

Ser dialético, nesse sentido, não é se colocar como inquisidor de atitudes, confundidor de idéias, reprodutor de chavões. Não é a crítica pela crítica, para satisfazer uma parcela da população que adora políticos bravos que batem no peito e gritam. Destes estamos cheios também. Não é marcar posição no cenário político, não é contar um conto de fadas e ilusões destemperadas da realidade, não é usar as palavras sem conteúdo para comover. Isto seria irresponssabilidade. Não é se apresentar como um grupo dissidente e revanchista, que também seria cômodo. A busca deste horizonte que surge à nossa frente é a origem de tudo isso: o que éramos, onde estamos, e para onde vamos, pois alguém precisa fazer esta pergunta.

Não basta, portanto, abrir a cartilha política ou os disquetes sobre a economia de nosso Estado, pois essas ferramentas também são de domínio da casta enferrujada e tradicionalista que perambula nos gabinetes refrigerados. É preciso ir além, tentar sublimar incisivamente a etapa eleitoral, apontar os arranjos, explorar as contradições, esquecer a falta de estrutura e enfrentar os dragões com a unha. Ou isso, ou nos rendemos para sempre aos velhos métodos, manias e personagens acatando o que vem sendo colocado sob a ordem suprema do atual sistema.

E por fim, aproveitar o entusiasmo desta candidatura e mostrar que Mato Grosso é belo, rico e de um povo maravilhoso. Que temos uma história bonita para contar, temos tradições e a maior riqueza que uma nação pode ter: a saudabilidade. Somos um povo saudável e temos uma terra saudável, até então.

Sendo assim, a missão deste projeto político é o exercício dialético para o rompimento fatal com as atuais estruturas de poder. Não importa se agora ou depois, importa abrir o caminho e importa lutar. Saibam todos, que atrás da coroa, há uma cara. Alguém tem que perguntar ao nosso povo, com qual delas? Sem medo de ouvir a resposta!

José Marcondes (Muvuca) é mato-grossense de Alto Paraguai, jornalista em Cuiabá e ativista político.




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