Filiados do PPS não devem deixar cargos do governo

Orientados pelo governo, os filiados do PPS ocupantes de cargos públicos continuarão nos cargos e não deixarão o partido, ao contrário do que determinou o diretório nacional, em decisão tomada no sábado (11). De acordo com um deputado, a "insubordinação" visa a esvaziar o presidente nacional da legenda, deputado Roberto Freire (PE), e, com isso, impedir que ele tenha o controle das bancadas no Congresso.

Freire disse que não polemizará com esses descontentes, mas fez um alerta: "Quem não se enquadrar, será, automaticamente, desfiliado". Quer dizer que não poderão falar em nome da sigla e nem representá-la nas comissões ou grupos de trabalho. A temporada de desobediência civil na agremiação deve ser formalizada hoje, na reunião convocada pelo líder do PPS na Câmara, Júlio Delgado (MG), com o apoio do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes. A assessoria de Ciro negou que ele trocará de partido ou pedirá demissão.

De acordo com a assessoria, ele fica onde está, uma vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não aceitou o cargo que o ministro pôs à disposição. Ciro não quer mais falar sobre o assunto e amanhã acompanhará Lula a Manaus. Delgado disse que o encontro de amanhã, no início da tarde, deve formalizar o que a bancada fazia, de "deliberar com o compromisso de estarmos apoiando ao governo".

"A decisão do diretório acabou não trazendo efeito prático porque não disse, como, quando e onde vai se dar esta independência, até porque já a praticamos". "Foi uma vitória de Pirro", comparou, referindo-se ao resultado da batalha em que as perdas do vencedor, rei Pirro, foram tão grandes como a do adversário.

A tendência dos dois senadores, Patrícia Sabóia (CE), ex-mulher de Ciro Gomes, e Mozarildo Cavalcanti (RR), é a de seguir a ala governista do PPS. Na Câmara, Delgado já fez uma analise e contabiliza ter o apoio de 18 dos 23 deputados.