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Internacional
Quarta - 01 de Dezembro de 2004 às 23:29

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Vários líderes ocidentais prometeram nesta quarta-feira destinar mais recursos à luta contra a aids, doença que, desde seu surgimento, já matou mais de 23 milhões de pessoas no mundo e que continua castigando especialmente a população dos países mais pobres do planeta.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, declarou que a luta contra a aids na África será uma das prioridades da presidência do G-8 que Londres exercerá em 2005, e destacou que serão necessários "dinheiro e uma boa liderança" para enfrentar a doença nas áreas mais afetadas.

Este ano foram registrados no mundo 4,3 milhões de novos contágios de jovens e adultos, a metade deles de entre 15 e 24 anos. A Ásia e a Europa oriental são as regiões que experimentaram os maiores aumentos de casos de aids, de 50 e 40%, respectivamente.

Mesmo assim, a África subsaariana continua sendo, de longe, a região que mais sofre com a aids.

Nela, foram infectados pelo HIV 25,4 milhões de pessoas, mais da metade das 39,4 milhões que o programa da ONU para enfrentar a doença, o Unaids, considera que vivem com o vírus no mundo. Na Europa ocidental há cerca de 610.000 infectados.

Isso sem contar que, como advertiu hoje o presidente da Sociedade Internacional da Aids, o argentino Pedro Cahn, por cada doente que figura nas estatísticas em países como o seu pode haver "mais quatro ou cinco" que não fazem testes para detectar o vírus.

Cahn reconheceu que, em alguns casos, a doença é menos mortal atualmente, mas afirmou que isso é privilégio daqueles que vivem em países desenvolvidos ou têm acesso à medicação necessária.

Este são "menos dos 5% dos que vivem na África, menos de 10% dos que vivem na Ásia e pouco mais da metade dos que vivem na América Latina", disse o especialista argentino.

O fundador da associação italiana "Papa João XXIII", Don Oreste Benzi, classificou como "terrorismo" a atitude de algumas empresas multinacionais farmacêuticas de não diminuírem o preço dos remédios contra a aids, e ressaltou que a doença demonstra "os perversos mecanismos do comércio humano".

Benzi, sacerdote muito conhecido na Itália e em outros países, destacou que "pelo tratado de Doha, os remédios essenciais para o bem da humanidade devem estar isentos dos patentes e ser acessíveis a todos", e denunciou que milhões de pessoas falecidas no ano passado por causa da aids poderiam estar vivas "se os preços dos anti-retrovirais fossem acessíveis".

O presidente da França, Jacques Chirac, estabeleceu três objetivos na luta contra a aids: a busca de uma vacina, a prevenção e a ajuda aos países pobres.

O governo francês, que declarou a luta contra a aids como grande prioridade em 2005, decidiu "acelerar a implementação da parte internacional de sua estratégia de luta contra a epidemia", disse o ministro da Saúde, Philippe Douste-Blazy.

O ministro criticou os países ocidentais por não fazerem "quase nada pelos países do Sul" na luta contra a aids, uma atitude que classificou de "vergonha planetária".

"Se nada for feito, haverá 68 milhões de mortos por aids nos próximos 20 anos", afirmou Douste-Blazy.

O Parlamento europeu também pediu hoje que o planejamento orçamentário da União Européia para o período 2006-2013 leve em conta o financiamento para a luta contra a aids.

Por sua parte, os governos africanos reiteraram hoje as promessas de promover a prevenção, lutar contra o estigma da doença e acelerar a distribuição de anti-retrovirais.

A aids reduziu a expectativa de vida para menos de 40 anos em nove países africanos: Botsuana, República Central Africana, Lesoto, Malauí, Moçambique, Ruanda, Suazilândia, Zâmbia e Zimbábue, segundo os últimos dados da Unaids.

Na África do Sul, maior economia do continente e onde 20% dos adultos estão infectados pelo HIV e 360.000 pessoas morrem por ano, o governo fez uma chamada a lutar contra o "caráter secreto e o sentimento de vergonha que cercam a aids".

O vice-presidente da África do Sul, Jacob Zuma, afirmou que o estigma criado pela doença faz com que muitos homens e mulheres não reconheçam que estão infectados, o que impede que busquem tratamento médico. Isso, por sua parte, acelera o ritmo dos contágios.




Fonte: EFE

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