Cuiabanos já comemoram a reinauguração

A reinauguração do Palácio da Instrução está enchendo de alegria os antigos cuiabanos que têm uma parte da sua história marcada pelo local. Muitos deles passaram lá sua infância e juventude na época em que faziam o educandário, se formaram ou até mesmo lecionaram nas Escolas Modelo Barão de Melgaço, Normal Pedro Celestino, Técnica de Comércio e Liceu Cuiabano. Estas instituições famosas, principalmente pela qualidade do ensino e de seus professores e mestres, funcionaram entre os anos de 1914 a 1971 no Palácio da Instrução.

Hoje, os antigos estudantes se dizem muito contentes em ver preservadas suas lembranças, com o resgate que está sendo feito à cultura de Mato Grosso, com as obras de recuperação do Palácio da Instrução, numa parceria do governo do Estado com a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa). "A recuperação do Palácio da Instrução é uma homenagem a todos os mato-grossenses", disse uns dos importantes membros do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, o professor Aecim Tocantins, 81 anos.

Ele estudou no Palácio da Instrução pela Escola Primária, Escola Modelo, Liceu Cuiabano e depois foi professor da Escola Técnica de Comércio, que também funcionou no local. "A importância do Palácio da Instrução para nossa História passa principalmente pelo espírito que presidiu sua construção. O estadista Pedro Celestino, pensando na reforma do ensino, trouxe para Mato Grosso Leovolgino de Melo, Gustavo Kurman e Valdomiro Campos - nomes de colocaram o Estado no mais alto nível da educação do País.

A obra começou em 1911 e foi concluída em 1914, sendo até hoje padrão de uma pela arquitetura, mas principalmente de uma excelente intenção", argumentou. Aecim Tocantins foi vereador, vice-prefeito, prefeito de Cuiabá e secretário Geral do Estado.

Iracema Borges foi uma das normalistas do Palácio. Ela fez as primeiras séries e fez o segundo grau no Liceu Cuiabano na década de 1950; depois, fez o magistério pela Escola Normal. "Os professores eram ótimos e competentes. Todos os filhos da classe média cuiabana estudaram lá, pois o ensino era de primeira qualidade", disse ela.

"O anfiteatro era lindo, tinha ginásio para fazer educação física, onde também eram feitas as colações de grau. As salas eram amplas e tínhamos aluas de francês e latim. Por isso, é muito importante conservar o local onde eu estudei, onde passei minha juventude. Era uma época muito feliz, estudava num colégio famoso, que tinha muita gente importante. Até alguns dias não me conformava em ver o Palácio se acabando daquele jeito, agora estou feliz com sua recuperação", destacou Iracema Borges.

O professor Benedito Campos, que estudou e foi mestre-substituto da Escola Modelo, confirmou a qualidade do ensino quando o prédio serviu de educandário. "Estudei lá de 1945 a 1948 e lecionei em 1957. Era uma escola tradicional, a gente entrava em fila, cantando hinos diversos, meninos e meninas eram separados e ainda existia a palmatória", lembrou.

Na opinião do professor, a recuperação do local representa uma extensão do ensino do Estado. "Não é mais um educandário como antes, mas sempre trará esta memória, isto é, a revitalização da cultura cuiabana", frisou.

"Este patrimônio tem vários significados para os mato-grossenses e para a Capital. Como patrimônio histórico é um mais bonitos pertences do conjunto arquitetônico que constituiu a concepção urbana de Cuiabá no século 19. Seu significado educacional também é um marco, sobretudo porque ali foi palco de formação intelectual de muitos cuiabanos. Já sua abertura como um espaço cultural é fundamental, não só pela memória histórica, como para a valorização da cultura em nosso Estado", opina Marina Müller Abreu Lima, 53 anos, acadêmica de Psicologia, professora aposentada da UFMT, ex-secretária de Educação e ex-Coordenadora de Cultura da UFMT.

O Palácio da Instrução será reinaugurado na próxima segunda-feira (06.11). O espaço que foi construído para ser educacional, já abrigou a Fundação Cultural e atualmente é a sede da Biblioteca Pública Estadual Estevão de Mendonça.