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Politica Brasil
Quinta - 25 de Novembro de 2004 às 07:35
Por: João Carlos Caldeira

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Nesta semana, li um anúncio num jornal de Mato Grosso que estimulava os empresários a anunciarem seus produtos e serviços para venderem mais. O anúncio dizia mais ou menos o seguinte: ¨ Três vezes sem juros! Compre já! – Ninguém resiste a isso. Anuncie! ¨.

Infelizmente a propaganda está certa, a grande população deste país não resiste a uma ¨oferta¨, ¨promoção¨ou ¨trocentas vezes sem juros¨ como fazem as lojas e os grandes magazines. Mesmo que não esteja precisando do produto naquele momento, mesmo que possa compra-lo mais adiante a vista, por um preço melhor, mesmo sabendo que o ¨sem juros ¨não existe, mesmo assim o consumidor não resiste a compra.

Quando vamos comprar, existe uma cultura que nos impede de enxergar o valor total do que estamos pagando. Pouco importa se o que se compra custa três ou quatro vezes o que eu ganho, o que importa é que dividido em ¨trocentas¨ vezes cabe em meu orçamento, isso é o que importa!

No dia 30 deste mês, estará inaugurando em Cuiabá, mais um templo do consumo moderno, o Pantanal Shopping, e junto com ele, uma grande loja de departamentos que será âncora do empreendimento (na linguagem comercial, âncora são as atividades que conseguem atrair o maior número de pessoas possíveis ao local, como os supermercados, cinemas, etc.), as Lojas Americanas.

Para quem tem o hábito de comprar pela internet ou já teve a oportunidade, sabe que as Lojas Americanas é uma das maiores usuárias da promoção ¨tudo em três vezes¨, só que no caso em questão, vende centenas de produtos, às vezes até todos os produtos do seu site, em 12 vezes sem juros (no cartão de crédito).

Com os recentes aumentos na taxa básica Selic (taxa de juros do Banco Central que regulam todos as outras do país), o consumidor que comprar a prazo neste Natal, irá pagar muito mais. Os cartões de crédito estão cobrando 8% em média, os bancos ente 7 e 8% no cheque especial e nos crediários de lojas e financeiras, o céu é o limite.

Aliás, acho que o nome ¨cheque especial¨ (taxa de 141% ao ano) deveria ser substituído por ¨cheque vermelho¨ ou ¨cheque de desequilíbrio orçamentário¨. Especial somente para o sistema financeiro, pois para o cliente é uma das maiores armadilhas de crédito deste país.

Se conselho fosse bom ninguém daria, cobraria! De qualquer maneira eu sugiro para todos que almejam o tão sonhado equilíbrio financeiro, ou superávit (como gostam os economistas), que: 1- faça um planejamento de compras e evite começar um novo ano endividado. 2 – Quite primeiro todas as dívidas vencidas. 3 – Pesquise o preço em diversos lugares. 4 – Antecipe suas compras. 5 – Compre a vista e fuja dos juros, sempre.

Apesar de todas as campanhas publicitárias que incentivam o consumo, apesar de tantas facilidades de crédito ao cliente, apesar da péssima distribuição de renda e da cultura do parcelamento a perder de vista, comprar a vista e poupar parte dos rendimentos é a melhor, se não a única, forma de prosperidade financeira. Acredite!

João Carlos Caldeira Empresário, jornalista, professor universitário. E-mail: joaocmc@terra.com.br




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