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Contando Mortos
Não sei o porquê de tanto espanto por parte do governo federal com a matança em Felisburgo (MG), no Vale do Jequitinhonha. No último sábado cinco sem-terra foram assassinados. Na verdade, acho que o governo federal estava esperando que isso acontecesse. Mais que isso, acho que o ministro Rossetto ajudou a disparar cada uma das balas.
O ministro classificou o crime de bárbaro, e tem razão. Mas a situação só chegou aonde chegou por negligência desse governo que administra como se estivesse na porta de uma fábrica fazendo piquetes. Um governo que usa as causas sociais para camuflar a sua ganância por poder e dinheiro. Governantes que chegaram ao poder se utilizando de formas belicistas de fazer política por mais de 20 anos, não podem de uma hora para outra, serem apaziguadores ou mediadores de um problema de difícil solução.
“É uma violência inaceitável. Estamos falando de brasileiros, cidadãos e cidadãs, que estavam na área com autorização judicial e foram vítimas de um ato absolutamente inaceitável”, disse o confuso ministro. Eu pergunto: e os produtores que tiveram suas fazendas invadidas, depredadas, saqueadas? E a dona Márcia do município de Rio Branco, que passou uma noite inteira presa dentro de sua casa escutando os invasores do lado de fora passando facões nas janelas e discutindo se ateavam ou não fogo na casa? Essas pessoas também estavam em suas propriedades de acordo com a Lei, são brasileiros, cidadãos e foram vítimas de um ato absolutamente inaceitável.
Crimes como esse são inadmissíveis, bárbaros, como disse o ministro. Mas ele sabia que isso ia acontecer. Aliás, o governo e o movimento dos sem-terra sempre utilizaram essas mortes como trunfo para convencimento da opinião pública. Não é à toa que o MST ensina em sua cartillha, que a maior arma é o próprio corpo. Desde o começo do governo o MST vem promovendo bandalheira no campo, fazendo marqueting de mês vermelho, ano vermelho. Não me venha agora o tal ministro falar sobre cidadania, sobre direitos. Isso é indecente! Vá mentir nos seus pampas!
O PT insuflou esse movimento enquanto queria o retorno político, enquanto lhe era conveniente. Usou mulheres grávidas, carregando crianças ranhentas na beira das estradas, como bandeira. Agora vemos o ministro José Dirceu dizer que a reforma agrária não poderá ser feita como planejaram. Isso era lógico. Será que eles eram diabólicos ou inconseqüentes a ponto de não perceberem que estavam insuflando discórdia?
Em fevereiro deste ano, portanto, dois meses antes do “abril vermelho” e nove antes do “novembro vermelho”, escrevi neste mesmo espaço: “quando o povo é obrigado a se armar para se defender do próprio povo é declarada a baderna geral. Significa um retrocesso na civilização. Se é baderna que o governo federal quer, então tá, vamos todos passar a saquear, depredar, invadir, vamos todos barbarizar. O governo federal que faça a escolha”.
Ao que tudo indica, ele escolheu. Resta-nos esperar para contar os mortos.
Adriana Vandoni Curvo é professora de economia, consultora, especialista em Administração Pública pela FGV/RJ. http://argumento.bigblogger.com.br
O ministro classificou o crime de bárbaro, e tem razão. Mas a situação só chegou aonde chegou por negligência desse governo que administra como se estivesse na porta de uma fábrica fazendo piquetes. Um governo que usa as causas sociais para camuflar a sua ganância por poder e dinheiro. Governantes que chegaram ao poder se utilizando de formas belicistas de fazer política por mais de 20 anos, não podem de uma hora para outra, serem apaziguadores ou mediadores de um problema de difícil solução.
“É uma violência inaceitável. Estamos falando de brasileiros, cidadãos e cidadãs, que estavam na área com autorização judicial e foram vítimas de um ato absolutamente inaceitável”, disse o confuso ministro. Eu pergunto: e os produtores que tiveram suas fazendas invadidas, depredadas, saqueadas? E a dona Márcia do município de Rio Branco, que passou uma noite inteira presa dentro de sua casa escutando os invasores do lado de fora passando facões nas janelas e discutindo se ateavam ou não fogo na casa? Essas pessoas também estavam em suas propriedades de acordo com a Lei, são brasileiros, cidadãos e foram vítimas de um ato absolutamente inaceitável.
Crimes como esse são inadmissíveis, bárbaros, como disse o ministro. Mas ele sabia que isso ia acontecer. Aliás, o governo e o movimento dos sem-terra sempre utilizaram essas mortes como trunfo para convencimento da opinião pública. Não é à toa que o MST ensina em sua cartillha, que a maior arma é o próprio corpo. Desde o começo do governo o MST vem promovendo bandalheira no campo, fazendo marqueting de mês vermelho, ano vermelho. Não me venha agora o tal ministro falar sobre cidadania, sobre direitos. Isso é indecente! Vá mentir nos seus pampas!
O PT insuflou esse movimento enquanto queria o retorno político, enquanto lhe era conveniente. Usou mulheres grávidas, carregando crianças ranhentas na beira das estradas, como bandeira. Agora vemos o ministro José Dirceu dizer que a reforma agrária não poderá ser feita como planejaram. Isso era lógico. Será que eles eram diabólicos ou inconseqüentes a ponto de não perceberem que estavam insuflando discórdia?
Em fevereiro deste ano, portanto, dois meses antes do “abril vermelho” e nove antes do “novembro vermelho”, escrevi neste mesmo espaço: “quando o povo é obrigado a se armar para se defender do próprio povo é declarada a baderna geral. Significa um retrocesso na civilização. Se é baderna que o governo federal quer, então tá, vamos todos passar a saquear, depredar, invadir, vamos todos barbarizar. O governo federal que faça a escolha”.
Ao que tudo indica, ele escolheu. Resta-nos esperar para contar os mortos.
Adriana Vandoni Curvo é professora de economia, consultora, especialista em Administração Pública pela FGV/RJ. http://argumento.bigblogger.com.br
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/367275/visualizar/
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