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Meio Ambiente
Quinta - 25 de Novembro de 2004 às 07:24
Por: Maria Angélica Oliveira

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Dessa vez a preocupação não é o fato consumado mas sim o potencial catastrófico trazido pela ocupação desordenada na Amazônia. O alerta veio do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) que divulgou um estudo nesta semana. Pesquisadores calcularam que 47% do bioma estão ocupados ou ao menos possuem sinais de atividade humana. Em Mato Grosso, 87,6% da floresta estão nesta situação.

Não se trata de demonizar governos e iniciativa privada. Os ambientalistas temem que essa influência no ecossistema se traduza em estatísticas de desmatamento. Onze por cento do bioma no país já foram derrubados. No Estado, o número aumenta para 23,3%.

"O desmatamento mostra o que já aconteceu. Para quem está preocupado com o desenvolvimento sustentável, os dados ajudam a ver a necessidade de criação de unidades de conservação", afirma o engenheiro florestal Paulo Barreto, um dos pesquisadores.

Sediada em Belém (PA), a ong atua há 14 anos no estudo do meio ambiente e na elaboração de projetos de manejo. O que mais causou espanto no engenheiro foi a voracidade das mudanças. "Para que a gente atinja os objetivos de proteger essas áreas tem que agir muito mais rápido", disse.

O foco do relatório é o norte mato-grossense e o sul do Pará, áreas cobiçadas por causa do mogno - "a madeira mais valiosa da Amazônia". Conforme explicou, as estradas abertas pelas empresas facilitam a entrada de posseiros e grileiros. "Começam a desmatar e terminam com o estabelecimento da pecuária".

Segundo ele, essa é uma tendência em Mato Grosso. "Há potencial agrícola nas regiões de cerrado. E a pecuária dessas áreas está indo mais para o norte", explica.

O estudo utilizou diversos indicadores. Além das imagens de satélite de áreas desmatadas (fornecidas pelo Instituto de Pesquisas Espaciais - Inpe), também entraram na conta os focos de calor, número de estradas abertas, assentamentos e autorizações para pesquisa mineral. O total ocupado no país foi reunido em dois blocos.

O primeiro, com 19% da Amazônia, classificou regiões de "ocupação consolidada": desmatamentos, áreas no entorno de cidades e assentamentos. O segundo, com 28%, relacionou áreas com sinais de pressão humana dentro da floresta: focos de calor e licenças para pesquisa mineral.

Para os pesquisadores, fogo significa gente. "O foco de calor não surge do nada", explica. "As pessoas desmatam e colocam fogo para limpar o solo. Ou esses focos são acidentais. Por exemplo, a pessoa tem uma roça pequena, põe fogo e as chamas acabam indo para a floresta", explicou. Os pesquisadores continuaram rastreando a origem dos focos de calor e conseguiram associar 72% deles a regiões onde há estradas informais, que não constam nos mapas.

O impacto é ainda maior quando a queimada se associa à derrubada. Vale lembrar que os satélites não detectam áreas desmatadas com menos de 6,25 hectares. "A floresta se torna inflamável quando já houve extração", disse. Segundo Barreto, a extração de madeira abre estradas e promove derrubadas. O sol entra mais facilmente pela copa das árvores e seca os restos do desmate, como galhos e folhas caídos no chão. Tudo isso se torna combustível ante a menor faísca.




Fonte: Diário de Cuiabá

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