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Politica Brasil
Quarta - 17 de Novembro de 2004 às 13:29
Por: Adriana Vandoni Curvo

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O Ministério da Educação acaba de importar de Cuba um método de alfabetização, ao mesmo tempo atesta, perante o mundo, que os educadores tupiniquins são incompetentes.

Nada contra o êxito obtido por Fidel Castro em sua ilha/cárcere de 11 milhões de habitantes. Pelo contrário, louvo o feito de possuir uma taxa de analfabetismo menor que 3%.

Nada contra o modelo “Yo, sí puedo”, importado pelo Brasil, que foi criado por uma professora cubana, Leonela Relys. É um método fundamentado na experiência, na vivência de cada aluno. Utiliza o que já é conhecido - os números - e os associa ao desconhecido - as letras, através de mecanismos audiovisuais em sintonia com as cartilhas.

O grande questionamento que devemos fazer é: “será que não existem idéias e métodos desenvolvidos pelos educadores brasileiros?”. O povo brasileiro é um dos mais criativos do mundo e o programa “Yo, sí puedo”, nasceu através da simplicidade de uma educadora cubana. No sertão do nordeste, como em vários outros lugares do país, onde falta tudo, o que mais se pode encontrar é a prática da criatividade simplista, que só não tem a chance de se tornar um método reconhecido por pura falta de oportunidade. As professoras brasileiras tiram dos seus próprios bolsos compendiados, muitos e muitos materiais que faltam aos seus alunos, até comida, pois os recursos vêm enroscando em cada instância por qual passam. O Brasil está, mais uma vez, desperdiçando e subestimando seus talentos.

Existem, entre várias outras, duas conclusões nesse caso. A primeira é que o problema no Brasil é administrativo. O segundo diz respeito especificamente à educação. O problema não é falta de uma metodologia eficaz de combate ao analfabetismo, é falta de condições de trabalho, que recai na má qualidade das administrações.

Mas tudo bem, essa de importar uma metodologia cubana foi menos ruim do que se resolvessem construir no sertão do Piauí os CIEP’s de Brizola, depois chamados de CIAC’s do Collor e agora chamados de CEU’s de Marta em São Paulo.

Tomei conhecimento do trabalho realizado pelo secretário de Educação do governo de São Paulo, Gabriel Chalita e fiquei encantada pela simplicidade e eficiência. São Paulo tem um universo de 6 milhões de alunos na rede estadual de ensino, quase 60% da população total da ilha de Fidel, 37.563.398 de habitantes com um índice de analfabetismo de 5,9% (BGE-PNAD: Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios/2002). Em 1991 esse índice era de 9,9% (dados obtidos através da central de atendimentos/CIE), portanto, uma queda de 4 pontos percentuais. Sugiro aos atuais responsáveis pela educação no país, os importadores de idéias, um bate-papo com o educador Chalita, talvez isso possa clarear idéias, ultimamente de tão restrita imaginação. Afinal, a necessidade de educar nosso povo deve transpor os orgulhos partidários.

Cuba não é a maravilha que vocês imaginam, companheiros. O Brasil é muito mais interessante, dinâmico e criativo, provavelmente pelo espírito livre do nosso povo, que jamais aceitaria viver em uma ilha/cárcere. No se olvide nunca de eso!

Adriana Vandoni Curvo

http://argumento.bigblogger.com.br




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