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Cultura
Segunda - 01 de Novembro de 2004 às 12:04

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Adão e Eva, depois de expulsos do paraíso, estão muito bem, obrigado. Alugaram um agradável quarto e sala na Cidade do México, mantendo firme o relacionamento mais antigo da história.

Explica-se: além de experimentarem o fruto proibido, que motivou a cólera divina, eles, não satisfeitos, comeram também o fruto da Árvore da Vida, tornando-se imortais. Assim, atravessaram todo o Antigo e o Novo Testamento como recém-saídos do barro ou da costela.

Esse é o argumento de Ivan Ávila Dueñas para seu primeiro longa-metragem, Adão e Eva (Ainda), em cartaz na 28a Mostra BR de Cinema. O filme participa do festival nesta segunda-feira, no Cinesesc, às 21h50; e na quarta, às 22h30, na Sala Uol.

Como era de se esperar, a imortalidade é sempre uma maldição para aqueles que a possuem. Dueñas explora isso ao mostrar o casal cansado, entediado e sem qualquer entusiasmo pelos séculos que ainda virão. Passam seus dias confinados no apartamento, num silêncio mordaz.

O clima depressivo só é quebrado pela intensa vida sexual da dupla, que participa de muitas orgias. Adão, por exemplo, chega até a ser estuprado por um grupo de rapazes. E Eva, nada recatada, investe em sua carreira de prostituta.

Tudo, claro, é uma grande provocação do diretor, que também assina o roteiro, com personagens bíblicos. Há também uma certa ironia: foi o primeiro casal a "deitar-se junto," para usar um jargão mais ecumênico, então, nada mais natural que os dois estejam sempre na vanguarda.

Seja lá qual for a leitura ao final da sessão, Dueñas não leva o espectador a qualquer conclusão mais séria sobre sua primeira obra. Não há polêmica, humor ou drama. É, na verdade, mais experimental do que propriamente questionador de dogmas ou coisa que o valha.

O maior destaque do filme é o figurino de Adão e Eva. Inventivo e bem-humorado, parece ter saído diretamente de uma galeria clubber ou de uma festa rave. Adão, ao que parece, foi o primeiro metrossexual da história.




Fonte: Reuters

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