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Extração de areia modificou o rio
Nas últimas quatro décadas, o Cuiabá teve seu leito aprofundado em 1,20 metro, além de perder ilhas e praias.
O curso do rio Cuiabá sofreu mudanças importantes nas últimas quatro décadas por causa da extração de areia e cascalho para a construção de moradias e vias públicas em Cuiabá e Várzea Grande. Mudanças que entre outras implicações provocaram o apronfudamento do leito em 1,20 metro e levaram a alterações físicas, químicas e bactereológicas na qualidade da água. E ao remover sedimentos, fizeram desaparecer ilhas, praias, portos e desativaram ou comprometeram as atividades de estações de captação de água.
Essas conclusões são de um estudo recente, realizado no trecho do rio Cuiabá entre as pontes Nova e Sérgio Motta, por uma equipe de professores, alunos e técnicos do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), sob a coordenação do professor Rubem Mauro Palma de Moura.
Chefe do Departamento de Engenharia Sanitária da universidade, Moura, que também é especialista em Hidráulica e Saneamento, diz que ao contrário do se ouviu por décadas em Cuiabá, o estudo mostra que o rio nunca esteve ameaçado de secar ou se tornar intermitente. Além de mais profundo, a vazão média de 100 metros cúbicos por segundo se manteve nas últimas quatro décadas.
O aumento da profundidade no perímetro estudado estaria mais evidente, conforme Moura, na comparação da extensão das enchentes de 1974 e 1995. Embora maior que a primeira, a cheia ocorrida em fevereiro de 95 trouxe menos transtornos à população porque a área inundada foi menor nos dois municípios.
E ainda porque a construção da avenida Beira Rio funcionou como um dique, elevando a margem esquerda e forçando o rio para a outra margem. Na enchente de 74, em três de março a vazão foi de 2.827 metros cúbicos por segundo, enquanto na 1995 o rio atingiu 3.996 metros por segundo no dia 7 de fevereiro, ou seja 1.169 m3/s a mais.
O estudo foi apresentado durante a última reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada no campus da UFMT Cuiabá no mês de agosto. Rubem Mauro Moura diz que ambientalmente as dragas têm sido ruins, mas poderiam ser benéficas se obedecessem técnicas e tivessem acompanhamento permanente.
O correto seria que as atividades das dragas fossem direcionadas aos bancos de areia com embarcações móveis. E que os equipamentos explorassem pontos previamente definidos com base em estudos ambientais e não ficassem em portos fixos ou movessem para onde seus donos querem levá-los, como acontece na maioria dos casos.
Aprofundar o leito e amenizar os danos de enchentes, como comprovadamente aconteceu, seriam os únicos benefícios da extração de areia do rio, segundo o professor. “Precisamos de areia e podemos continuar a extraí-la, mas há necessidade de critérios técnicos”. Desse modo até a Usina Hidrelétrica de Manso, que teria como função principal o controle de cheias no rio Cuiabá, poderia ser desnecessária.
O curso do rio Cuiabá sofreu mudanças importantes nas últimas quatro décadas por causa da extração de areia e cascalho para a construção de moradias e vias públicas em Cuiabá e Várzea Grande. Mudanças que entre outras implicações provocaram o apronfudamento do leito em 1,20 metro e levaram a alterações físicas, químicas e bactereológicas na qualidade da água. E ao remover sedimentos, fizeram desaparecer ilhas, praias, portos e desativaram ou comprometeram as atividades de estações de captação de água.
Essas conclusões são de um estudo recente, realizado no trecho do rio Cuiabá entre as pontes Nova e Sérgio Motta, por uma equipe de professores, alunos e técnicos do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), sob a coordenação do professor Rubem Mauro Palma de Moura.
Chefe do Departamento de Engenharia Sanitária da universidade, Moura, que também é especialista em Hidráulica e Saneamento, diz que ao contrário do se ouviu por décadas em Cuiabá, o estudo mostra que o rio nunca esteve ameaçado de secar ou se tornar intermitente. Além de mais profundo, a vazão média de 100 metros cúbicos por segundo se manteve nas últimas quatro décadas.
O aumento da profundidade no perímetro estudado estaria mais evidente, conforme Moura, na comparação da extensão das enchentes de 1974 e 1995. Embora maior que a primeira, a cheia ocorrida em fevereiro de 95 trouxe menos transtornos à população porque a área inundada foi menor nos dois municípios.
E ainda porque a construção da avenida Beira Rio funcionou como um dique, elevando a margem esquerda e forçando o rio para a outra margem. Na enchente de 74, em três de março a vazão foi de 2.827 metros cúbicos por segundo, enquanto na 1995 o rio atingiu 3.996 metros por segundo no dia 7 de fevereiro, ou seja 1.169 m3/s a mais.
O estudo foi apresentado durante a última reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada no campus da UFMT Cuiabá no mês de agosto. Rubem Mauro Moura diz que ambientalmente as dragas têm sido ruins, mas poderiam ser benéficas se obedecessem técnicas e tivessem acompanhamento permanente.
O correto seria que as atividades das dragas fossem direcionadas aos bancos de areia com embarcações móveis. E que os equipamentos explorassem pontos previamente definidos com base em estudos ambientais e não ficassem em portos fixos ou movessem para onde seus donos querem levá-los, como acontece na maioria dos casos.
Aprofundar o leito e amenizar os danos de enchentes, como comprovadamente aconteceu, seriam os únicos benefícios da extração de areia do rio, segundo o professor. “Precisamos de areia e podemos continuar a extraí-la, mas há necessidade de critérios técnicos”. Desse modo até a Usina Hidrelétrica de Manso, que teria como função principal o controle de cheias no rio Cuiabá, poderia ser desnecessária.
Fonte:
Diário de Cuiabá
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/370159/visualizar/
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