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Meio Ambiente
Domingo - 24 de Outubro de 2004 às 23:50
Por: Neusa Baptista

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Um grupo de discussão será formado na Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia para discutir a implantação do centro ou museu de ciência de Mato Grosso. Após essa discussão, serão convidados parceiros para o encaminhamento do projeto.

A idéia foi discutida ontem durante o seminário "Museus e exposições de Ciências", ministrado pelos professores Ivo Leite, coordenador da área de Educação da Estação Ciência, da Universidade de São Paulo (USP), Ronaldo Mancuso, coordenador educativo do Museu de Ciência e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e pelo professor visitante da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Carlos Alfredo Argüello, durante a realização do projeto "Ciência no Parque", coordenado pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Secitec).

De acordo com Mancuso, os museus de Ciência, ao contrário do que ocorria antigamente, não podem ser estáticos e sim interativos. "Os museus não são um amontoado de coisas mortas. O museu perdeu essa característica de estático; os museus de hoje em dia são interativos: é proibido não tocar nos experimentos, há uma troca de informações entre o expositor e o visitante, há discussão e não apenas apresentação de trabalhos", disse ele. "A exposição de ciência tem que buscar o diálogo com os diferentes tipos de público."

Mas para um bom aproveitamento dos experimentos oferecidos por um museu, feira ou exposição de ciência é necessária uma preparação prévia, isto é, um bom aproveitamento das aulas. "Se não houver um bom ensino de Ciências em sala de aula, o museu se transforma em um circo, onde o visitante vai apenas para ver curiosidades", alertou ele.

Crescimento pessoal, desenvolvimento de hábitos, atitudes e habilidades e do senso crítico são algumas dos efeitos das feiras de ciências sobre os professores e alunos que delas participam. "A criança e o professor aprendem a ouvir, a fazer com que sua opinião seja respeitada, a tomar decisões, a se desinibir diante do público. Além disso, a criatividade também é muito estimulada, o que raramente se consegue em sala de aula", diz Mancuso, acrescentando que, segundo uma pesquisa conduzida por ele, apenas no ano de 1997, as feiras de ciência do Rio Grande do Sul receberam quase 500 mil visitantes. "Não há evento que divulgue mais a ciência do que as feiras, disse ele durante a palestra "Feira de Ciências: produção estudantil, avaliação e conseqüências".

O Museu de Ciência da Unemat também foi discutido durante o seminário. Com início das atividades previsto para 2005, o museu está em fase de implantação, já recebeu apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e será no campus de Cáceres. De acordo com o professor Arguëllo, o museu será mais um local de troca de saberes entre a universidade e a sociedade. Falando sobre a ‘ciência indígena’, o professor chamou a atenção para a importância de se ensinar a ciência do ‘branco’ para o índio, para que este possa defender melhor suas raízes culturais.

"Não existe índio isolado no Brasil. Para saber lidar com o conhecimento do branco, o índio precisa conhecer a sua cultura, não para se tornar branco, mas para ser mais índio ainda. Não há como não interferir na cultura indígena, mas essa interferência não precisa ser de dominaçao", disse ele, destacando que o museu científico, que se pretende que seja itinerante, será um receptor de saberes locais. "Na Educação há sempre duas vias." Ele cita como exemplo os alunos do Terceiro Grau Indígena, que estão construindo um dicionário que traduz termos das 38 línguas nativas para o português. Criado há três anos, o Terceiro Grau Indígena reúne 300 alunos de 38 etnias, destacando-se como o primeiro curso do tipo a ser implantado no Brasil.

Atenção às especificidades locais na montagem do museu ou centro de ciência. Esse foi o teor da fala do professor Ivo Leite, que chamou a atenção também para a importância de se conhecer o público que o museu vai atingir. "A exposição itinerante da Estação Ciência que trouxemos aqui não é um modelo a ser copiado. Para ser digno de ser visitado, o museu ou centro de ciência precisa mostrar as características de Mato Grosso", alertou ele.

"A idéia de rede é de inclusão e não de exclusão", opinou o superintendente de Desenvolvimento Científico, Tecnológico e de Inovação da secretaria, Adnauer Daltro, destacando que a intenção é que se reúna o maior número possível de parceiros. "Ter uma rede é uma forma de fortalecer, somar forças para buscar financiamento, por exemplo", observou Argüello.

As propostas apresentadas pelos presentes foram reunidas em um documento que eserá repassado à secretária de Estado de Ciência e Tecnologia, Flávia Nogueira.




Fonte: Secom - MT

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