Praias e peixes desapareceram

O desaparecimento de praias - que antes eram pontos de lazer de jovens da periferia - e a escassez de peixes estão entre as reclamações dos moradores de bairros ribeirinhos.

Dono de uma pequena área à margem do rio Cuiabá no bairro Santa Isabel, Dioclécio Arcanjo Barbosa, de 54 anos, recorda da “praia linda”, como ele define, que despertava a atenção de banhistas do bairro e de outras comunidades vizinhas.

Barbosa faz referência à extinta “Praia do Pacheco”, no Santa Isabel, que desapareceu há poucos anos. No bairro não apenas Dioclécio Barbosa, que mora lá há 27 anos, mas jovens e adolescentes guardam lembranças da praia. As amigas Walkíria Alvarenga da Silva, 17, e Keite Silva, 15, contam que chegaram a tomar banho na área da praia, onde agora seria um poço profundo e perigoso.

Da margem do rio, na última sexta-feira Walkíria e Keite assistiram a uma turma de amigos - rapazes com idade entre 14 e 20 anos - que se arriscavam nadando no rio. Elas até foram pensando no banho, vestiam biquíni, mas não tiveram coragem de entrar.

Barbosa e as duas adolescentes acreditam que a praia desapareceu por causa da extração de areia. “Bem ali onde os meninos tomam banho havia uma draga, a mesma que agora está um pouco mais abaixo”, conta Walkíria. Dioclécio Barbosa disse que já pensou em denunciar por acreditar que opera ilegalmente.

Na antiga praia do “Varandão”, no bairro Santa Amália, pescadores amadores reclamam do desaparecimento de grande parte de ilha onde antes era um importante ponto de lazer, e de peixes. Rogério Marques, de 16 anos, que freqüenta o local desde os 10, acredita que o rio está mais profundo em alguns pontos e raso em outros. O vendedor autônomo Ely de Deus, 32 anos, diz que costumava reunir os amigos e fazer churrasco na ponta da ilha que desapareceu, talvez sugada pelas dragas.