Repórter News - reporternews.com.br
Meio Ambiente
Quinta - 21 de Outubro de 2004 às 16:20

    Imprimir


A América Latina é a região do mundo com mais recursos biológicos disponíveis e renováveis por habitante e até consegue compensar o déficit registrado em outras regiões, segundo disseram hoje, quinta-feira, os especialistas do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, em inglês).

A região latino-americana é "uma das poucas que dispõem de um superávit de recursos renováveis", disse à EFE o especialista do WWF Jonathan Loh, um dos principais autores do relatório divulgado hoje sobre a situação ambiental do planeta.

Ele afirmou que a América Latina ainda tem capacidade para exportar alimentos como soja e carne, ou matérias-primas como madeira e petróleo, para abastecer tanto a América do Norte e Europa como a China e outros países asiáticos, assim como manter a capacidade de regeneração destas matérias-primas.

"Sem dúvida a América Latina está na frente da África em capacidade de renovação de seus recursos naturais", disse Loh, ao indicar que a tendência é inversa no resto do mundo, onde o consumo está acima da capacidade de regeneração.

O relatório divulgado pelo WWF ressalta que o consumo mundial excede em 20% a capacidade de renovação dos recursos naturais do planeta.

Por regiões, a América Latina está atrás da América do Norte e da Europa com relação ao consumo de recursos por habitante, segundo o estudo.

O relatório afirma que, enquanto os 6,1 bilhões de habitantes do planeta precisam de uma média de 2,2 hectares de recursos naturais para satisfazer suas necessidades, os da América do Norte utilizam 9,2 hectares, os da Europa de 5,1, os da Europa central e oriental 3,8 e os da América Latina, 3,1.

O relatório do WWF aponta que atualmente o mundo tem apenas 1,8 hectare por habitante de terreno disponível para proporcionar recursos, o que significa que a herança natural do planeta está sendo consumida.

Loh assinalou que se a tendência atual de consumo for mantida acima da capacidade de regeneração, a América Latina se confrontará com "um crescimento da pressão e da demanda".

Ele apontou que essa pressão não partirá apenas da América do Norte e da Europa, os principais focos de suas exportações, mas também de outras economias emergentes como China e Índia.

"Na Ásia, há pouco campo para se produzir alimentos e carne", disse Loh e apontou que, por outro lado, "na América Latina há espaço suficiente para se cultivar cereais e ter fazendas".

O relatório do WWF destaca também que houve um aumento de 700% no consumo de energia nos últimos quarenta anos e que isso repercute negativamente no meio ambiente, devido à incapacidade para regenerar as energias fósseis e à contaminação atmosférica gerada por sua combustão.

Loh disse, no entanto, que o elevado preço do petróleo nos mercados poderia contribuir para o desenvolvimento de energias alternativas renováveis.

"Se o preço do petróleo permanecer alto, fará com que o preço das energias renováveis seja mais competitivo", disse à EFE o especialista da organização não-governamental.

Ele acrescentou que o elevado preço do petróleo "poderia ser um incentivo para as companhias petrolíferas desenvolverem e investirem em tecnologias alternativas".

Loh lembrou que as "crises" do petróleo, registradas em 1973-74 e 1979-80, "contribuíram para o desenvolvimento de novas tecnologias, especialmente a solar e a eólica", e influíram na redução temporária de emissões de dióxido de carbono à atmosfera.

O especialista afirmou que o problema não se limita ao consumo, mas também à capacidade de o planeta absorver gases como o dióxido de carbono, que se desprendem da combustão de energias fósseis.




Fonte: EFE

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/370696/visualizar/