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Internacional
Quarta - 20 de Outubro de 2004 às 08:04

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As últimas pesquisas dos grandes institutos sobre a corrida presidencial norte-americana permitem que se fale em um empate técnico. No entanto, com uma disputa tão acirrada, a decisão do voto popular pode não decidir o próximo presidente dos EUA no próximo dia 2 de novembro, a exemplo do que aconteceu em 2000, quando George W. Bush foi eleito, mesmo tendo recebido cerca de cem mil votos a menos que o candidato democrata Al Gore.

A última pesquisa diária do instituto Zogby, publicada ontem pela agência Reuters, aponta um empate entre os dois candidatos, tanto no voto popular, com 45%, como no Colégio Eleitoral, com 269 votos para cada lado. Neste caso, a eleição seria decidida pelo voto do Congresso norte-americano, onde o presidente Bush seria reeleito. A pesquisa tem uma margem de erro de mais ou menos 2,9 pontos percentuais.

Outros levantamentos semelhantes, no entanto, apontam Kerry como vencedor. A revista eletrônica Slate, associada da rede Microsoft, que faz uma previsão a partir de pesquisas regionais de mais de 30 fontes diferentes, como Gallup e American Research Group, mostra Kerry vencendo com 284 votos, contra 254 para Bush.

O grupo Electoral Vote dá 284 votos para Kerry e 247 para Bush, com 7 votos próximos demais para serem previstos. A maior parte dos outros institutos e pesquisadores autônomos, como o do professor Sam Wang, da Universidade de Princeton, apontam Kerry como vencedor no Colégio Eleitoral.

Enquanto isso, pesquisas sobre o voto popular consistentemente colocam o presidente Bush como vencedor. A rede ABC dá 51% para Bush, contra 46% de Kerry. O instituto Pew dá 49% para Bush, contra 44% para Kerry. O instituto Gallup, junto com a rede CNN, apontam Bush como vencedor, com 52% frente 44% do senador John Kerry.

A eleição nos Estados Unidos é decidida através do voto indireto do Colégio Eleitoral. De maneira simples, cada um dos 51 estados do país tem direito a um número pré-determinado de votos no Colégio Eleitoral, proporcionalmente à sua população. No dia da eleição, o candidato escolhido pelo voto popular daquele estado recebe todos os votos no Colégio Eleitoral, independente da vantagem que teve sobre o segundo colocado.

Por exemplo, se a maioria da população da Califórnia, estado mais populoso dos EUA e que historicamente elege candidatos democratas, votar no senador John Kerry, este terá garantido 55 votos no Colégio Eleitoral. Se, por outro lado, o presidente Bush for o escolhido da maioria da população de seu estado natal do Texas, o maior do país, receberá 34 votos.

Assim, é possível que se tenha a maioria dos votos no Colégio Eleitoral mesmo não sendo o escolhido do voto popular, bastando para isso sair-se vitorioso em estados onde a disputa é acirrada, e perdendo por uma diferença muito grande em estados a favor de seu oponente. Segundo alguns institutos de pesquisa, se a eleição nos EUA fosse hoje, seria isso que aconteceria mais uma vez.

Isso explica porque a maioria das pesquisas feitas por grandes institutos e publicadas por agências de notícia e grandes jornais só aponta a intenção no voto popular. Com uma república federativa constituída por 51 estados, e sendo o terceiro maior e mais populoso país do mundo, os institutos não têm infra-estrutura para fazer o levantamento em cada um dos estados.

Por isso, para se ter uma idéia de como estão os votos no colégio eleitoral, é necessário recorrer a publicações que façam o penoso trabalho de agregar as informações de variados institutos e grupos de mídia.

Mas esta não é a única dor de cabeça para os institutos, que acabam preferindo publicar pesquisas apenas sobre a intenção do voto popular por não terem a infra-estrutura necessária para fazer o levantamento em cada um dos estados do país. Outro problema, ao se avaliar as eleições norte-americanas, é o fato de que lá o voto não é obrigatório.

Com isso, as pesquisas acabam sendo feitas com dois tipos de dados. Em um, leva-se em conta apenas os eleitores registrados, que estão aptos a votar. Em outro, considera-se, também, os eleitores prováveis, aqueles que além de aptos a votar, efetivamente o fizeram nas últimas eleições.

É por isso, também, que na reta final da campanha, os dois principais candidatos à presidência dos Estados Unidos não estão preocupados em arrecadar votos indecisos. Bush e Kerry têm concentrado seus esforços de campanha no que chamam de "swing states", estados que não têm preferência histórica por nenhum partido, com a missão de incentivar aqueles norte-americanos que já estão decididos sobre qual o melhor candidato, mas que não decidiram se irão se dar ao trabalho de, em um dia normal de trabalho, tirar uma hora para ir votar.




Fonte: Terra

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