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Politica Brasil
Terça - 19 de Outubro de 2004 às 10:26
Por: João Carlos Caldeira

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Desde o último dia 13 deste mês, as mulheres que procuram a Polícia Federal de Mato Grosso em busca de um passaporte, recebem junto com o documento, um material publicitário, que tem como objetivo prevenir e conscientizar sobre o tráfico internacional de seres humanos.

O objetivo do governo não é apenas conscientizar as mulheres que vêem da prostituição uma alternativa de vida, mas também as famílias delas, para que o número de denúncias aumente.

As mulheres são as grandes vítimas dos traficantes, de acordo com a Polícia Federal de Mato Grosso, pois quando chegam ao destino, rendem lucro como prostitutas ou garotas de programa em vários países europeus, como a Espanha, Portugal, Alemanha, Itália e Holanda.

De acordo com o Delegado Marcos Antônio Farias, cerca de 10% das mulheres que solicitam passaporte, possuem um perfil característico para o exercício da prostituição: de boa aparência, baixo nível de escolaridade, sem profissão definida e desempregada, idade entre 18 e 35 anos, de origem humilde.

A atividade criminosa é hoje a terceira que mais movimenta dinheiro no mundo, perdendo apenas para o contrabando de armas e de drogas. Na maioria das vezes, segue o padrão típico do tráfico sob encomenda: de acordo com o ¨consumidor¨, determina-se a cor, idade e raça da mulher que será enviada.

O problema em Mato Grosso (pelo menos aparentemente) não é tão grave como em outros estados como Ceará e Pernambuco. Recife e Fortaleza são as mecas do turismo sexual brasileiro. Alguns grupos de turistas chegam ao absurdo de fretarem vôos com o objetivo exclusivo da prática sexual.

Recentemente, li uma reportagem onde meninas de 15 a 18 anos reclamavam que a vida fácil não existe mais. ¨Antigamente era uma moleza. Quanto mais velho o turista, melhor era. Vap-vupt, dólar na mão, ligeirinho, vamos nessa¨, afirma uma adolescente de 16 anos, na praia de Iracema, em Fortaleza. ¨Hoje em dia com o Viagra, o bicho pega. O coroa pega a gente e explora até dizer basta. O f.d.p. não cansa¨.

As pílulas para dificuldade de ereção, como citada pela garota de Fortaleza, mudaram para pior o cotidiano das prostitutas, especialmente as mais jovens (preferidas pelos estrangeiros, que vêm ao Brasil atraídos pela fama de paraíso sexual).

Há dois anos, uma CPI da Câmara Municipal de Fortaleza, descobriu durante uma investigação, que um empresário italiano, chamado Ricardo Barberis, veio ao Brasil como turista, conseguiu visto de permanência e comprou 19 apartamentos (flats), estimados em cinqüenta mil dólares cada um, que são locados para turistas que se fazem acompanhar por garotas de programa.

Na verdade, depois do Viagra, quem tem vida fácil são os cafetões e agenciadores de prostitutas, e não mais as profissionais do sexo.

João Carlos Caldeira
Empresário, jornalista, professor universitário.
E-mail : joaocmc@terra.com.br




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